sexta-feira, 27 de maio de 2022

 SEMANA VI DO TEMPO PASCAL- 2022

Sábado VI da Páscoa - 28.05.2022

EVANGELHO Jo 16, 23b-28


«Saí de Deus e vim ao mundo, agora deixo o mundo e vou para o Pai.»


A experiência da fé é um encontro com o Deus revelado por Jesus Cristo. Jesus, através de parábolas e também de forma clara, como ele mesmo diz, revela o mistério de Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo. Entrar em intimidade com Deus é chegar ao seu coração e confiar que tudo o que lhe pedirmos ele nos concede, sobretudo aquilo que é para a nossa alegria. Jesus faz esta recomendação/revelação aos discípulos no momento em que está próxima a sua saída deste mundo.


"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Em verdade, em verdade vos digo: Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará. Até agora não pedistes nada em meu nome: pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa. Tenho-vos dito tudo isto em parábolas mas vai chegar a hora em que não vos falarei mais em parábolas: falar-vos-ei claramente do Pai. Nesse dia pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei por vós ao Pai, pois o próprio Pai vos ama, porque vós Me amastes e acreditastes que Eu saí de Deus. Saí de Deus e vim ao mundo, agora deixo o mundo e vou para o Pai»."

Celebrando a missa, o Pontífice repropôs uma reflexão sobre o sentido último de cada despedida, grande ou pequena, com a palavra «adeus» que exprime sempre um ato de se confiar ao Pai. E não deixou de mencionar a dor e a apreensão de todas as mães que veem partir o próprio filho para a frente da guerra.

De resto, frisou o Papa, «nesses últimos dias do tempo pascal a atmosfera é de despedida». E «na liturgia a Igreja retoma o discurso de Jesus na última ceia, na qual se despedia antes da Paixão, e relê-o: Jesus despede-se para voltar ao Pai e para nos mandar o Espírito Santo».(...)

Por fim, resumiu o Papa: «Jesus despede-se e isto ajudar-nos-á a refletir sobre as nossas despedidas. De facto, «na nossa vida são muitas as despedidas: as pequenas — sabemos que voltaremos amanhã ou depois — e as grandes, quando não se sabe como a viagem acabará».

Francisco reconheceu que faz «bem pensar nisto», porque «a vida é cheia de despedidas» e «há também muito sofrimento, muitas lágrimas» nalgumas situações. (...) Tenhamos presente todos os que são obrigados a deixar as suas casas, seja por causa da guerra, ou por outra qualquer situação, igualmente dramática.  No momento de deixar a sua terra para fugir das perseguições, dos saques,da fome... não sabem o que lhes vai contecer,  na Ucrânia e em tantos outros lugares deste nosso mundo de hoje ...

Depois o Pontífice explicou que «há pequenas e grandes despedidas na vida: penso na despedida da mãe que saúda, dando o último abraço ao filho que parte para a guerra, e todos os dias acorda com o temor do que um oficial venha anunciar-lhe: “Agradecemos muito a generosidade de seu filho que deu a vida pela pátria”». Porque «não sabemos como acabarão estas grandes despedidas». E «há também a última despedida, que todos faremos, quando o Senhor nos chamar para a outra margem: eu penso nisto».

«Estas grandes despedidas da vida, inclusive a última, não são as que se resolvem dizendo «até logo, até mais tarde, até à vista», despedidas «nas quais sabemos que voltamos logo ou depois de uma semana». Nas grandes, ao contrário, «não sabemos quando nem como» será o retorno. E precisamente «esta última despedida é representada também pelas artes, por exemplo, nas canções». E a tal propósito Francisco recordou o canto tradicional dos alpinos «O testamento do capitão» que narra «a despedida dos seus soldados». Assim propôs esta questão: «Penso na grande despedida, na minha grande despedida» isto é «não quando devo dizer “até mais tarde”, “até logo”, “até à vista”, mas “adeus”?»

(...) Jesus confia ao Pai os seus discípulos, que permanecem no mundo». Mas precisamente «confiar ao Pai, confiar a Deus é a origem do termo “adeus”». De facto, «dizemos “adeus” só nas grandes despedidas, quer nas da vida quer na última».

Diante da imagem de «Jesus triste porque ia ao encontro da Paixão, com os seus discípulos, chorando no seu coração» o Pontífice convidou a «refletir sobre nós mesmos: far-nos-á bem». E a perguntar-nos «quem será a pessoa que fechará os meus olhos? O que deixo?». Com efeito, o Papa frisou que nestes trechos finais do tempo pascal Jesus faz uma espécie de exame de consciência: “Fiz isto e aquilo”». E faz-nos bem perguntarmo-nos a nós mesmos, como exame de consciência: “O que fiz?”». Com a consciência de que «me faz bem imaginar-me naquele momento, quando será não se sabe, naquele “até mais tarde”, “até à vista”, “até logo” que se tornará “adeus”». E perguntou também, convidando a refletir: «estou preparado para confiar a Deus todos os meus? Para me confiar a mim mesmo a Deus? Para pronunciar a palavra de entrega do filho ao Pai?».

Francisco sugeriu também um conselho «se hoje tiverdes um pouco de tempo, e se não o tiverdes, procurai-o!»: lede o capítulo 16 do Evangelho de João ou o capítulo 19 dos Actos dos Apóstolos. Ou seja, «as despedidas de Jesus e de Paulo». Precisamente à luz destes textos, é importante pensar «que um dia também eu deverei pronunciar a palavra “adeus”». Sim, acrescentou, «a Deus confio a minha alma; a Deus confio a minha história; a Deus confio os meus; a Deus confio tudo».

«Agora — concluiu o Papa — façamos memorial do adeus de Jesus, da morte de Jesus». E fez votos para «que Jesus, morto e ressuscitado, nos envie o Espírito Santo a fim de aprendermos aquela palavra, a pronunciá-la existencialmente, com toda a força: a última palavra, “adeus”».

Casa de Santa Marta, 19 de maio de 2015

Papa Francisco

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