quinta-feira, 13 de março de 2025

QUARESMA PASSO A PASSO - 2025

Sexta-feira da semana I da Quaresma – 14/03/2025

Evangelho Mt 5, 20-26

«Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus.» 

Jesus está a  formar os primeiros discípulos para a nova comunidade  que  tem como fundamento e motivação a prática do amor. Ora, o amor pede que se dê um passo além, um passo de qualidade: “Se a vossa justiça não superar a justiça dos doutores da Lei e dos fariseus,  não entrareis no Reinos dos Céus”. Não basta não matar, é necessário evitar qualquer atitude em que se ofenda ou prejudique o próximo. Até mesmo a celebração litúrgica, por mais que satisfaça as exigências da religião se não for acompanhada de reconciliação fraterna, poder-se-á transformar num belo espetáculo; culto agradável a Deus é que não será. E quem se apresentar diante do Juiz divino, sem ter perdoado, será condenado a pagar tudo, até o “último centavo”.

  in site Ignatiana - Jesuítas Brasil

Jesus convida os discípulos a “superar”, a ir “mais além” que o comum das pessoas. A sociedade está estruturada por leis que tentam garantir e preservar o bem de cada um, mas Jesus apresenta “um mais” que está para além da lei. Trata-se do Amor. O amor ao irmão, que pode ter alguma coisa contra mim e tirar valor à oferta que apresento no altar. Jesus convida os discípulos a ir “primeiro” reconciliar-se com o irmão. “Primeiro” é o mais importante, o mais urgente, o mais necessário. “Primeiro” é aquilo diante do qual tudo é secundário, tudo fica relativo.

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"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não matarás; quem matar será submetido a julgamento’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que se irar contra o seu irmão será submetido a julgamento. Quem chamar imbecil a seu irmão será submetido ao Sinédrio, e quem lhe chamar louco será submetido à geena de fogo. Portanto, se fores apresentar a tua oferta sobre o altar e ali te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e vem depois apresentar a tua oferta. Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto vais com ele a caminho, não seja caso que te entregue ao juiz, o juiz ao guarda, e sejas metido na prisão. Em verdade te digo: Não sairás de lá, enquanto não pagares o último centavo»."

Uma vez mais, colocas diante de mim o caminho da vida e o caminho da morte. Posso escolher o bem ou o mal e posso sempre escolher o arrependimento depois de ter praticado o mal. Dá-me, Senhor, o dom do discernimento para escolher o bem e desejar o arrependimento se praticar o mal. 

Jesus diz-me que o outro é meu irmão e que este irmão tem influência em todas as coisas da minha vida, também na minha relação com Deus. Se quero amar a Deus, então, tenho que inserir nesse amor a solicitude pelo irmão, mesmo que ele tenha alguma coisa contra mim. Se assim não for, o amor a Deus é um amor estéril que nada produz na minha vida.

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Não tenhas em conta as minhas faltas e dá-me a alegria da Tua salvação.

Pai-Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Ámen.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

(...) Hoje o tema é a atitude de Jesus em relação à Lei judaica. Ele afirma: «Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim revogar, mas cumprir» (Mt 5, 17). Portanto Jesus não quer cancelar os mandamentos que o Senhor deu por meio de Moisés, mas deseja levá-los à sua plenitude. E logo a seguir acrescenta que este «cumprimento» da Lei exige uma justiça superior, uma observância mais autêntica. Com efeito, diz aos seus discípulos: «Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus» (Mt 5, 20).

Mas o que significa este «pleno cumprimento» da Lei? E em que consiste esta justiça superior? O próprio Jesus nos responde com alguns exemplos. Jesus era prático, falava sempre com exemplos para se fazer compreender, pondo em confronto a Lei antiga e o que Ele nos diz. Começa pelo quinto mandamento do decálogo: «Ouvistes que foi dito aos antigos: “Não matarás”... Eu, porém, vos digo que qualquer um que, sem motivo, se encolerizar contra o seu irmão, será réu de juízo» (vv. 21-22). Com isto, Jesus recorda-nos que também as palavras podem matar! Quando se diz que uma pessoa tem língua de serpente, o que significa? Que as suas palavras matam! Portanto, não só não se deve atentar contra a vida do próximo, mas nem sequer fazer cair sobre ele o veneno da ira e da calúnia. Nem sequer falar mal dele. Chegamos às indiscrições: também os mexericos podem matar, porque matam a reputação das pessoas! É tão feio falar mal! No início pode parecer uma coisa agradável, até divertida, como comer um rebuçado. Mas no final, enche-nos o coração de amargura, e envenena-nos também a nós. Digo-vos a verdade, estou certo de que se cada um de nós fizesse o propósito de evitar os mexericos, tornar-se-ia santo! É um bom caminho! Queremos tornar-nos santos? Sim ou não? [Praça: Sim!] Queremos viver apegados aos mexericos como costume? Sim ou não? [Praça: Não!] Então estamos de acordo: nada de indiscrições! A quem o segue, Jesus propõe a perfeição do amor: um amor cuja única medida é não ter medida, ir além de qualquer cálculo. O amor ao próximo é uma atitude tão fundamental que Jesus chega a afirmar que a nossa relação com Deus não pode ser sincera se não quisermos fazer as pazes com o próximo. E diz assim: «Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com o teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta» (vv. 23-24). Por isso somos chamados a reconciliarmo-nos com os nossos irmãos antes de manifestar a nossa devoção ao Senhor na oração.

De tudo isto compreende-se que Jesus não dá importância simplesmente à observância disciplinar e à conduta exterior. Ele vai à raiz da Lei, apostando sobretudo na intenção e por conseguinte no coração humano, onde têm origem as nossas ações boas e más. A fim de obter comportamentos bons e honestos não são suficientes as normas jurídicas, mas são necessárias motivações profundas, expressão de uma sabedoria escondida, a Sabedoria de Deus, que pode ser acolhida graças ao Espírito Santo. E nós, através da fé em Cristo, podemos abrir-nos à ação do Espírito, que nos torna capazes de viver o amor divino.

À luz deste ensinamento de Cristo, cada preceito revela o seu pleno significado como exigência de amor, e todos se reconhecem no maior mandamento: ama a Deus com todo o coração e ama o próximo como a ti mesmo.

Papa Francisco 
(Angelus16 de fevereiro de 2014)

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