Introdução 2
Esta é uma expressão de fé e de esperança, retirada do Refrão do Hino do Jubileu. E acentua a ideia do itinerário da Quaresma à Páscoa, como um caminho de esperança, em que não estamos nem vamos sozinhos, não caminhamos como lobos solitários, mas fazemos este caminho como Povo, confiante e feliz, no seguimento e na companhia de Cristo.
Nenhum de nós poderá viver uma Quaresma que seja minha ou nossa. Cristo, que uma vez e para sempre, subiu à morte para alcançar a vida, segue connosco e segue em nós e por nós o Caminho da Cruz à Ressurreição. Hoje, com uma atualidade misteriosa, mas realíssima, Ele faz-se peregrino no meio de nós, faz-Se companheiro de viagem, para realizar em nós mesmos a Sua Quaresma e a sua Páscoa, a obediência e o triunfo, a morte e a vida. É Ele - e não somos nós – o protagonista da Quaresma, como caminho e iniciação à Páscoa. O importante na Quaresma é incorporar-se nesse caminho pascal de Cristo, para que seja Cristo a viver, a morrer e a ressuscitar em cada um de nós.
“No caminho, eu confio em Ti” é um ato de fé e de esperança: em todas as circunstâncias, aconteça o que acontecer, Ele está connosco e caminha connosco. Ele mesmo é o Caminho, que com Ele percorremos. Os Salmos e muitas expressões da Liturgia da Palavra do Lecionário Dominical C, ao longo da Quaresma, apelam, interpelam e testemunham esta confiança, que anima a esperança que brota da fé, “a ponto de, em várias passagens, ser possível intercambiar os termos fé e esperança” (Bento XVI, Spe salvi, n.º 2). Recordamos apenas algumas passagens: “porque em Mim confiou hei de salvá-lo” (Salmo do 1.º Domingo); “todo aquele que nele acreditar no Senhor não será confundido” (2.ª leitura do 2.º Domingo); “Abraão acreditou no Senhor, o que lhe foi atribuído como justiça” (1.ª leitura do 2.º Domingo); “confia no Senhor e sê forte” (Salmo do 2.º Domingo); “sei que não ficarei desiludido” (1.ª leitura do Domingo de Ramos), “confiou no Senhor, Ele que o salve” (Evangelho da Paixão, no Domingo de Ramos).
A fé na Promessa de Deus e a confiança na Sua fidelidade sustentam a esperança, garantem a realidade futura que esperamos. O crente não pode, em absoluto, fiar-se de si mesmo, para alcançar o futuro. Só pode esperá-lo com confiança do Deus em que crê. “Nós não pomos a confiança em nós mesmos, mas em Deus que ressuscitou Jesus de entre os mortos” (2 Cor 2,9).
“Mesmo se no horizonte se vão adensando não poucas sombras sobre o nosso futuro, não devemos ter medo. A nossa grande esperança de crentes é a vida eterna na comunhão de Cristo e de toda a família de Deus. Esta grande esperança dá-nos a força para enfrentar e superar as dificuldades da vida neste mundo. Cheios de confiança, poderemos então dizer: «Tu, Senhor, és a nossa esperança, não seremos confundidos eternamente! Sim, Senhor, em Ti esperamos, hoje e sempre; Tu és a nossa esperança. Amém»” (Bento XVI, Homilia, 31.12.2008)!
Na sua Exortação Apostólica “C’est la confiance” (CLC), o Papa Francisco recorda-nos, a partir do testemunho de Santa Teresa do Menino Jesus, que “a confiança plena, que se torna abandono ao Amor, liberta-nos de cálculos obsessivos, da preocupação constante com o futuro, dos medos que tiram a paz” (CLC, n.º 24). E fala desta confiança no amor de Deus, como “um fogo no meio da noite” (CLC, n.º 25).
"Dinâmica Pastoral da Quaresma à Páscoa 2025" in site da Diocese do Porto
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