terça-feira, 25 de março de 2025

QUARESMA PASSO A PASSO - 2025

Quarta-feira III da Quaresma – dia 19 –26/03/2025

Evangelho Mt 5, 17-19

«Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar»

Jesus apresenta-se diante dos homens como uma novidade tão absoluta que muitos dos seus ouvintes e dos seus discípulos julgam que ele vem alterar o que está na Lei e o que tinha sido anunciado pelos profetas. Perante isto, Jesus tem a preocupação de lhes dizer que não é assim. Ele é a última palavra de Deus aos homens. Ele é a Palavra do Pai que vem esclarecer toda a palavra da Lei e dos profetas, mas não vem abolir nada do que Deus tinha dito anteriormente.

www.aliturgia.com

"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar. Em verdade vos digo: Antes que passem o céu e a terra, não passará da Lei a mais pequena letra ou o mais pequeno sinal, sem que tudo se cumpra. Portanto, se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais pequenos que sejam, e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus»."

Esta é a plenitude que devemos trilhar para conseguirmos superar o legalismo e os formalismo da lei antiga, que era imposta pelos doutores da lei e pelos escribas. A expressão "Em verdade vos digo", vem interiorizar a lei que será escrita não em tábuas de pedra, mas no coração dos homens. Desse modo, a nova lei discernirá o mal pela sua raiz, no coração, e não apenas quando se manifesta.

Conforme a doutrina dos fariseus, o homem deve praticar boas obras para se tornar justo diante de Deus e, dessa forma, alcançar a salvação. Embora a lei tenha caído na casuística e na artimanha dos detalhes imprescindíveis, Jesus propõe uma vivência da lei, na sua plenitude, a partir do coração. Os ensinamentos da lei e dos profetas não devem estar contidos numa longa lista de preceitos, mas assumidos a partir do coração, como expressão da vontade de Deus.

in site Ignatiana - Jesuítas, Brasil


Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Ámen.

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

No Evangelho da liturgia de hoje Jesus diz: «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas: não vim revogá-la, mas completá-la» (Mt 5, 17). Completar: esta é uma palavra-chave para compreender Jesus e a sua mensagem. Mas o que significa “completar”? Para o explicar, o Senhor começa por dizer o que não é completar. A Escritura diz “não matarás”, mas para Jesus isto não é suficiente se depois alguém ferir os irmãos com palavras; a Escritura diz “não cometerás adultério”, mas isto não é suficiente se alguém viver um amor manchado pela duplicidade e falsidade; a Escritura diz “não darás falso testemunho”, mas não é suficiente fazer um juramento solene se alguém agir com hipocrisia (cf. Mt 5, 21-37). Assim, não é completar.

Para nos dar um exemplo concreto, Jesus concentra-se no “rito do ofertório”. Ao fazer uma oferenda a Deus, retribui-se a gratuidade dos seus dons. Era um rito muito importante - fazer uma oferta para retribuir simbolicamente, digamos, a gratuidade dos seus dons - tão importante que era proibido interrompê-lo, exceto por motivos graves. Mas Jesus afirma que é preciso interrompê-lo se um irmão tiver algo contra nós, para ir primeiro reconciliar-se com ele (cf. vv. 23-24): só então se completa o rito. A mensagem é clara: Deus ama-nos primeiro, gratuitamente, dando o primeiro passo na nossa direção sem que o mereçamos; e depois não podemos celebrar o seu amor sem, por nossa vez, dar o primeiro passo para nos reconciliarmos com aqueles que nos feriram. Assim, há o completar aos olhos de Deus, caso contrário a observância externa, puramente ritual, é inútil, torna-se uma farsa. Por outras palavras, Jesus faz-nos compreender que as normas religiosas são úteis, são boas, mas são apenas o início: para as completar, é necessário ir além da letra e viver o seu significado. Os mandamentos que Deus nos deu não devem ser encerrados nos cofres asfixiados da observância formal, caso contrário, permanecemos numa religiosidade externa e desapegada, servos de um “deus-patrão” e não filhos de Deus Pai. Jesus quer isto: não ter a ideia de servir um Deus patrão, mas o Pai; e para isso é necessário ir além da letra.

Irmãos e irmãs, este problema não existia apenas no tempo de Jesus, existe também hoje. Às vezes, por exemplo, ouvimos: “Padre, eu não matei, não roubei, não fiz mal a ninguém...”, como se dissesse: “Estou bem”. Eis a observância formal, que se contenta com o mínimo indispensável, enquanto Jesus nos convida ao máximo possível. Isto é, Deus não raciocina por cálculos nem tabelas; Ele ama-nos como um apaixonado: não ao mínimo, mas ao máximo! Não nos diz: “Amo-te até a um certo ponto”. Não, o amor verdadeiro nunca chega a um certo ponto e nunca se sente perfeito; o amor vai sempre mais além, não pode fazer de forma diferente. O Senhor mostrou-nos isto ao dar a vida na cruz e perdoando os seus assassinos (cf. Lc 23, 34). E confiou-nos o mandamento que lhe é mais querido: que nos amemos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 15, 12). Este é o amor que completa a Lei, a fé, a vida verdadeira!

Então, irmãos e irmãs, podemos perguntar-nos: como vivo a fé? É uma questão de cálculos, de formalismos, ou é uma história de amor com Deus? Contento-me apenas em não fazer mal, em manter “a fachada”, ou procuro crescer no amor a Deus e ao próximo? E, de vez em quando, verifico-me sobre o grande mandamento de Jesus, pergunto a mim mesmo se amo o meu próximo como Ele me ama? Pois talvez sejamos inflexíveis no julgamento dos outros e nos esqueçamos de ser misericordiosos, como é Deus para connosco.

Que Maria, a qual observou perfeitamente a Palavra de Deus, nos ajude a cumprir a nossa fé e a nossa caridade.

Papa Francisco 
(Angelus12 de fevereiro de 2023)

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