QUARESMA PASSO A PASSO - 2025
Quinta-feira III da Quaresma – dia 20 – 27/03/2025
Evangelho Lc 11, 14-23
«Quem não está comigo está contra Mim e quem não junta comigo dispersa»
Os escribas eram homens instruídos nas Sagradas Escrituras e encarregados de as explicar ao povo. Alguns deles são enviados de Jerusalém à Galileia, onde a fama de Jesus começava a difundir-se, a fim de o desacreditar aos olhos do povo; para desempenhar a função de linguarudos, desacreditar o outro, privar da autoridade,... Que coisa feia! E eles foram enviados para fazer isto. Estes escribas chegam com a acusação clara e terrível — eles não poupam meios, vão ao centro e dizem o seguinte: «É por Belzebu, príncipe dos demónios, que Ele expulsa os demónios». Ou seja, é o chefe dos demónios que O impele; que equivale a dizer mais ou menos: “ele é um endemoninhado”. Com efeito, Jesus curava muitos doentes, e eles pretendem fazer crer que não o faz com o Espírito de Deus — como fazia Jesus — mas com o do Maligno, com a força do diabo. Jesus reage com palavras fortes e claras, não tolera isto, pois aqueles escribas, talvez sem se darem conta, estão a cair no pecado mais grave: negar e blasfemar o Amor de Deus que está presente e age em Jesus. E a blasfema, o pecado contra o Espírito Santo, é o único pecado imperdoável — assim diz Jesus — porque parte de um fechamento do coração à misericórdia de Deus que age em Jesus.
Mas este episódio contém uma admoestação que serve para todos nós. Com efeito, pode acontecer que uma grande inveja pela bondade e pelas boas obras de uma pessoa possa levar a acusá-la falsamente. Há nisto um grande veneno mortal: a maldade com que, de maneira intencional se pretende destruir a boa fama do outro. Deus nos livre desta terrível tentação! E se, examinando a nossa consciência, nos apercebemos que esta erva daninha está a germinar dentro de nós, vamos imediatamente confessá-lo no sacramento da Penitência, antes que se desenvolva e produza os seus efeitos malvados, que são incuráveis. Estai atentos, pois esta atitude destrói as famílias, as amizades, as comunidades e até a sociedade.
"Naquele
tempo, Jesus estava a expulsar um demónio que era mudo. Logo que o demónio
saiu, o mudo falou e a multidão ficou admirada. Mas alguns dos presentes
disseram: «É por Belzebu, príncipe dos demónios,
que Ele expulsa os demónios». Outros, para O experimentarem, pediam-Lhe um
sinal do céu. Mas Jesus, que conhecia os seus pensamentos, disse: «Todo o reino
dividido contra si mesmo, acaba em ruínas e cairá casa sobre casa. Se Satanás
está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Vós dizeis que é
por Belzebu que Eu expulso os demónios. Ora, se Eu expulso os demónios por
Belzebu, por quem os expulsam os vossos discípulos? Por isso eles mesmos serão
os vossos juízes. Mas se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus, então quer
dizer que o reino de Deus chegou até vós. Quando um homem forte e bem armado
guarda o seu palácio, os seus bens estão em segurança. Mas se aparece um mais
forte do que ele e o vence, tira-lhe as armas em que confiava e distribui os
seus despojos. Quem não está comigo está contra Mim e quem não junta comigo
dispersa»."
«Por favor, não façamos negócios com o diabo» e «levemos a sério os perigos que derivam da sua presença no mundo», recomendou o Papa na homilia da missa em Santa Marta. E continuou assim: «A presença do diabo está na primeira página da Bíblia, que termina com a vitória de Deus sobre o demónio, que volta sempre com as tentações. Não podemos ser ingénuos».
O Pontífice comentou o episódio
em que Lucas (11,15-26) fala de Jesus que expulsa os demónios. O evangelista menciona também
os comentários de quantos assistem perplexos e acusam Jesus de magia ou, no
máximo, reconhecem que Ele é só um curandeiro de pessoas que sofrem de
epilepsia. Também hoje, observou o Papa, «existem sacerdotes que quando leem
este e outros trechos do Evangelho, dizem: Jesus curou uma pessoa de uma doença
psíquica». Sem dúvida, «é verdade que naquela época era possível confundir a
epilepsia com a possessão do demónio, mas também a presença do demónio era
verdadeira. E nós não temos o direito de simplificar a questão», como se se
tratasse de doentes psíquicos, e não de endemoninhados.
Voltando ao Evangelho, o Papa
disse que Jesus nos oferece critérios para compreender esta presença e reagir:
«Como ir pelo nosso caminho cristão, quando há tentações? Quando nos perturba o
diabo?». O primeiro critério sugerido pelo trecho evangélico «é que se pode
obter a vitória de Jesus sobre o mal, sobre o diabo, parcialmente».
Não se pode continuar a crer que
é um exagero: «Ou estás com Jesus, ou contra Ele. E neste ponto não há
alternativas. Existe uma luta na qual está em jogo a nossa salvação eterna». E
não há alternativas, embora às vezes ouçamos «propostas pastorais» que parecem
mais tolerantes.
Eis os critérios para enfrentar
os desafios da presença do diabo no mundo: a certeza de que «Jesus luta contra
o diabo», «quem não está com Jesus está contra Ele» e «a vigilância». É preciso
ter presente que «o demónio é astuto: nunca é expulso para sempre, e só o será
no último dia», pois quando «o espírito impuro — recordou — sai do homem,
vagueia por lugares desertos à procura de alívio e, dado que não o encontra,
diz: voltarei à minha casa, de onde saí. Quando volta, encontra-a limpa e
adornada; vai então e toma consigo outros sete espíritos piores do que ele,
entram e estabelecem-se ali. E a última condição desse homem vem a ser pior do
que a primeira».
Eis por que motivo é preciso
vigiar. «A sua estratégia avisou o Papa — é esta: tornaste-te cristão, vai em
frente na tua fé e eu deixo-te tranquilo. Mas depois, quando te habituas e já
não vigias, sentindo-te seguro, eu volto. O Evangelho de hoje começa com o
demónio expulso e termina com o diabo que volta. São Pedro dizia: é como um
leão feroz que dá voltas ao nosso redor». E isto não é mentira, «é a Palavra do
Senhor».
Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Ámen.
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