FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE
JESUS, MARIA E JOSÉ
Domingo - 31/12/2023
Lc 2, 22-40
«os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo».
«Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações».
A família está no centro da liturgia deste domingo da oitava do Natal. De modos diferentes cada leitura vai apresentando uma cultura, um destino, um caminho, uma proposta de Deus para a família, que se pauta pela simplicidade, pela pobreza, pela harmonia das relações, pelos sentimentos de fidelidade uns aos outros e a Deus, pela escuta da Palavra de Deus e docilidade ao Espírito Santo. Há uma relação direta entre o amor a Deus e o amor aos pais, mesmo que eles sejam de idade avançada e tenham a mente enfraquecida, porque o amor aos pais é catalisador do perdão e da misericórdia de Deus.
A 1ª leitura (Sir 3, 3-7.14-17a) faz-nos memória de que o cumprimento do quarto mandamento, honrar pai e mãe, é uma fonte de bênçãos: o perdão dos pecados; a garantia de longa vida; encontrar alegria nos filhos; ser atendido na oração.
"Deus quis honrar os pais nos filhos e firmou sobre eles a autoridade da mãe. Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados e acumula um tesouro quem honra sua mãe. Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na sua oração. Quem honra seu pai terá longa vida, e quem lhe obedece será o conforto de sua mãe. Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida, porque a tua caridade para com teu pai nunca será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus pecados."
Na 2ª leitura (Col 3, 12-21) S.Paulo apresenta
uma série de princípios importantes para viver segundo o evangelho. Revestido
de Cristo pelo Batismo, o cristão assume atitudes e sentimentos, que revelam
uma verdadeira conversão, na relação com os irmãos. Paulo indica como
principais a misericórdia, a bondade, a humildade, a mansidão e a paciência.
Recorda ainda que, em todas as situações, a Palavra de Deus deve estar no
centro, tanto para resolver conflitos, como para ensinar ou para a oração e o
louvor.
"Irmãos: Como eleitos de Deus, santos e
prediletos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade,
mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se
algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim
deveis fazer vós também. Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o
vínculo da perfeição. Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes
chamados para formar um só corpo. E vivei em ação de graças. Habite em vós com
abundância a palavra de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos
outros com toda a sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai
de todo o coração a Deus a vossa gratidão. E tudo o que fizerdes, por palavras
ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus
Pai. Esposas, sede submissas aos vossos maridos, como convém no Senhor.
Maridos, amai as vossas esposas e não as trateis com aspereza. Filhos, obedecei
em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. Pais, não exaspereis os
vossos filhos, para que não caiam em desânimo."
No evangelho (Lc 2, 22-40) Lucas apresenta-nos a Sagrada Família a ir ao templo, para circuncidar o Menino, no estrito cumprimento da Lei. É aí que se dá o encontro com Simeão e Ana, de que nos fala a leitura. Ambos viviam segundo o Espírito Santo que lhes dá a Graça de reconhecerem no Menino de Maria o Filho de Deus, o Messias prometido, em quem se realiza a esperança definitiva do homem.
"Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo, movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino, para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo». O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações». Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia, tornava-Se robusto e enchia-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele."
Obrigada Senhor pela família que me deste. Ensina-me a honrar, a amar, todos os seus membros, como parte integrante dela.
Bom dia, queridos irmãos e irmãs!
Neste primeiro domingo depois do Natal, celebramos a Sagrada Família de
Nazaré, e o Evangelho convida-nos a refletir sobre a experiência vivida por
Maria, José e Jesus, enquanto crescem juntos como família no amor recíproco e
na confiança em Deus. Desta confiança é expressão o rito cumprido por Maria e
José com a oferta do Filho Jesus a Deus. O Evangelho diz: «Levaram o Menino a
Jerusalém para o apresentar ao Senhor» (Lc 2, 22), como exigia a
lei mosaica. Os pais de Jesus vão ao templo para atestar que o Filho pertence a
Deus, e que eles são os guardiões da sua vida e não os donos. E isto leva-nos a
refletir. Todos os pais são guardiões da vida dos filhos, não donos, e devem
ajudá-los a crescer, a amadurecer.
Este gesto sublinha que somente Deus é o Senhor da história individual e
familiar; tudo nos vem dele. Cada família é chamada a reconhecer este primado,
protegendo e educando os filhos a abrir-se a Deus, que é a própria nascente da
vida. Passa por aqui o segredo da juventude interior, testemunhado
paradoxalmente no Evangelho por um casal de idosos, Simeão e Ana. O velho
Simeão, em particular, inspirado pelo Espírito Santo, a propósito do Menino
Jesus diz: «Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de
ressurreição para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará
contradições [...] a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações»
(vv. 34-35).
Estas palavras proféticas revelam que Jesus veio para fazer cair as falsas
imagens que nós criamos de Deus, e também de nós mesmos; para “contradizer” as
seguranças mundanas sobre as quais pretendemos apoiar-nos; a fim de nos fazer
“ressurgir” para um caminho humano e cristão verdadeiro, fundamentado nos
valores do Evangelho. Não existe situação familiar que esteja excluída deste
caminho novo de renascimento e de ressurreição. E cada vez que as famílias, até
aquelas feridas e marcadas por fragilidades, fracassos e dificuldades, voltam à
fonte da experiência cristã, abrem-se caminhos novos e possibilidades
impensadas.
A narração evangélica de hoje refere que Maria e José, «após terem
observado tudo segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua
cidade de Nazaré. O Menino crescia — reza o Evangelho — e fortificava-se: era
cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava sobre Ele» (vv. 39-40). Uma grande
alegria da família é o crescimento dos filhos, como todos sabemos. Eles estão
destinados a desenvolver-se e a revigorar-se, a adquirir sabedoria e a receber
a graça de Deus, exatamente como aconteceu com Jesus. Ele é verdadeiramente um
de nós: o Filho de Deus faz-se Menino, aceita crescer, fortificar-se, é cheio
de sabedoria, e a graça de Deus está sobre Ele. Maria e José têm a alegria de
ver tudo isto no seu Filho; e esta é a missão para a qual a família está
orientada: criar as condições favoráveis para o crescimento harmonioso e
completo dos filhos, a fim de que eles possam levar uma vida boa, digna de Deus
e construtiva para o mundo.
São estes os votos que dirijo a todas as famílias hoje, acompanhando-os com
a invocação a Maria, Rainha da Família.
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