QUARESMA PASSO A PASSO - 2022
Sexta-feira II da Quaresma – dia 17 –18/03/2022
EVANGELHO Mt 21, 33-43.45-46
«Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos»
Ambas as leituras são uma profecia da Paixão do Senhor. José vendido como escravo por 20 moedas de prata, entregue aos pagãos. E a parábola de Jesus, que fala clara e simbolicamente do assassinato do Filho.
Este é o povo de Deus. O Senhor escolheu aquele povo, há a eleição
daquele povo. É o povo da eleição. Também há uma promessa: “Ide avante. Vós
sois o meu povo”, uma promessa feita a Abraão. E também há uma aliança feita
com o povo no Sinai. O povo deve guardar sempre a eleição na memória, que é um
povo eleito, a promessa para olhar em frente com esperança e a aliança para
viver a fidelidade cada dia.
Papa Francisco
(Homilia Santa Marta de 13 de março de 2020)
"Naquele tempo, disse Jesus aos
príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi outra parábola: Havia um
proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar
e levantou uma torre; depois arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe.
Quando chegou a época das colheitas, mandou os seus servos aos vinhateiros para
receber os frutos. Os vinhateiros, porém, lançando mão dos servos, espancaram
um, mataram outro e a outro apedrejaram-no. Tornou ele a mandar outros servos,
em maior número que os primeiros, e eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim
mandou-lhes o seu próprio filho, pensando: ‘Irão respeitar o meu filho’. Mas os
vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; vamos
matá-lo e ficaremos com a sua herança’. Agarraram-no, levaram-no para fora da
vinha e mataram-no. Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?»
Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam-Lhe: «Mandará
matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que
lhe entreguem os frutos a seu tempo». Disse-lhes Jesus: «Nunca lestes na
Escritura: ‘A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular;
tudo isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos’? Por isso vos digo:
Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos».
Ao ouvirem as parábolas de Jesus, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus
compreenderam que falava deles e queriam prendê-l’O; mas tiveram medo do povo,
que O considerava profeta."
A parábola de hoje revela uma história de infidelidade, de infidelidade à
eleição, de infidelidade à promessa, de infidelidade à aliança, que é um dom. A
eleição, a promessa e a aliança são um dom de Deus. Infidelidade ao dom de
Deus. Não entender que era um dom e tomá-lo como propriedade. Esse povo
apropriou-se do dom, tirou esse dom para o transformar em “minha“ propriedade.
E o dom, que é riqueza, abertura, bênção, foi encerrado, aprisionado numa
doutrina de muitas leis. Foi ideologizado. E assim o dom perdeu a sua natureza
de dom, acabou numa ideologia. Sobretudo numa ideologia moralista, repleta de
preceitos, inclusive ridícula porque passa para a casuística em tudo.
Apropriaram-se do dom.
Este é o grande pecado. É o pecado de esquecer que Deus se fez Ele mesmo
dom para nós, que Deus nos ofereceu isto como dom e, esquecendo isto,
tornarmo-nos proprietários. E a promessa já não é promessa, a eleição já não é
eleição: “A aliança deve ser interpretada segundo o meu parecer, ideologizado”.
Aí, nessa atitude, talvez eu veja no Evangelho o início do clericalismo, que é uma perversão, que renega sempre a eleição gratuita de Deus, a aliança gratuita de Deus, a promessa de Deus. Esquece a gratuidade da revelação, esquece que Deus se manifestou como dom, se fez dom para nós e nós devemos dá-lo, mostrá-lo aos outros como dom, não como nossa posse.
Peçamos ao Senhor a graça de receber o dom como dom e de o transmitir como dom, não como propriedade, não de modo sectário, rígido, “clericalista”.
Papa Francisco
(Homilia Santa Marta de 13 de março de 2020)
Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação,mas livrai-nos do mal. Ámen.
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