QUARESMA PASSO A PASSO - 2022
Introdução
Ao iniciar a
caminhada quaresmal deste ano e tendo em conta os gestos quaresmais da oração,
da esmola e do jejum, que a Igreja nos propõe para uma
vivência fecunda da Quaresma, socorro-me
da ajuda preciosa do nº2 da mensagem do papa Francisco para a Quaresma deste
ano:
«Não nos cansemos de fazer o bem»
«(…)A Quaresma
chama-nos a repor a nossa fé e esperança no Senhor (cf. 1 Ped 1,
21), pois só com o olhar fixo em Jesus Cristo ressuscitado (cf. Heb 12,
2) é que podemos acolher a exortação do Apóstolo: «Não nos cansemos de fazer o
bem» (Gal 6, 9).
Não nos
cansemos de rezar. Jesus
ensinou que é necessário «orar sempre, sem desfalecer» ( Lc 18,
1). Precisamos de rezar, porque necessitamos de Deus. A ilusão de nos bastar a
nós mesmos é perigosa. Se a pandemia nos fez sentir de perto a nossa
fragilidade pessoal e social, permita-nos esta Quaresma experimentar o conforto
da fé em Deus, sem a qual não poderemos subsistir (cf. Is 7,
9). No meio das tempestades da história, encontramo-nos todos no mesmo barco,
pelo que ninguém se salva sozinho [2];
mas sobretudo ninguém se salva sem Deus, porque só o mistério pascal de Jesus
Cristo nos dá a vitória sobre as vagas tenebrosas da morte. A fé não nos
preserva das tribulações da vida, mas permite atravessá-las unidos a Deus em
Cristo, com a grande esperança que não desilude e cujo penhor é o amor que Deus
derramou nos nossos corações por meio do Espírito Santo (cf. Rm 5,
1-5).
Não nos
cansemos de extirpar o mal da nossa vida. Possa o
jejum corporal, a que nos chama a Quaresma, fortalecer o nosso espírito para o
combate contra o pecado. Não nos cansemos de pedir perdão no sacramento
da Penitência e Reconciliação, sabendo que Deus nunca Se cansa de
perdoar [3]. Não
nos cansemos de combater a concupiscência, fragilidade esta que inclina
para o egoísmo e todo o mal, encontrando no decurso dos séculos vias diferentes
para fazer precipitar o homem no pecado (cf. Enc. Fratelli tutti, 166). Uma destas vias é a
dependência dos meios de comunicação digitais, que empobrece as relações
humanas. A Quaresma é tempo propício para contrastar estas ciladas, cultivando
ao contrário uma comunicação humana mais integral (cf. ibid., 43), feita de «encontros reais»
( ibid., 50), face a face.
Não nos
cansemos de fazer o bem, através duma operosa caridade para com o próximo. Durante esta Quaresma, exercitemo-nos na
prática da esmola, dando com alegria (cf. 2 Cor 9, 7). Deus,
«que dá a semente ao semeador e o pão em alimento» (2 Cor 9, 10),
provê a cada um de nós os recursos necessários para nos nutrirmos e ainda para
sermos generosos na prática do bem para com os outros. Se é verdade que toda a
nossa vida é tempo para semear o bem, aproveitemos de modo particular esta
Quaresma para cuidar de quem está próximo de nós, para nos aproximarmos dos
irmãos e irmãs que se encontram feridos na margem da estrada da vida (cf. Lc 10,
25-37). A Quaresma é tempo propício para procurar, e não evitar, quem passa
necessidade; para chamar, e não ignorar, quem deseja atenção e uma boa palavra;
para visitar, e não abandonar, quem sofre a solidão. Acolhamos o apelo a
praticar o bem para com todos, reservando tempo para amar os mais
pequenos e indefesos, os abandonados e desprezados, os discriminados e
marginalizados (cf. Enc. Fratelli tutti, 193).
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