QUARESMA PASSO A PASSO - 2022
Terça-feira IV da Quaresma – dia 28 – 29/03/2022
Evangelho Jo 5, 1-3a.5-16
Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda».
As leituras de hoje falam-nos ambas de água que cura. O Evangelho diz-nos que Jesus é o verdadeiro médico e o verdadeiro remédio para os nossos males. A água é apenas símbolo da Sua Graça.
Os Padres da Igreja reconheceram no templo, de que nos fala, na 1ª leitura, a visão de Ezequiel, o verdadeiro Templo que é Jesus de Lado aberto e Coração trespassado na cruz, donde jorram sangue e água, símbolos do Espírito que dá a vida.
Só o Espírito Santo
nos pode transformar. No batismo recebemos o Espírito Santo, como uma pequena
fonte, que há de ir crescendo, à medida que nos abrimos a Ele e colaboramos na
sua ação, até se tornar em nós uma torrente capaz de transformar a nossa vida e
de tornar fecundo o nosso apostolado.
"Naquele tempo, por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém.
Existe em Jerusalém, junto à porta das ovelhas, uma piscina, chamada, em
hebraico, Betsatá, que tem cinco pórticos. Ali jazia um grande número de
enfermos, cegos, coxos e paralíticos. Estava ali também um homem, enfermo havia
trinta e oito anos. Ao vê-lo deitado e sabendo que estava assim há muito tempo,
Jesus perguntou-lhe: «Queres ser curado?» O enfermo respondeu-Lhe: «Senhor, não
tenho ninguém que me introduza na piscina, quando a água é agitada; enquanto eu
vou, outro desce antes de mim». Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua
enxerga e anda». No mesmo instante o homem ficou são, tomou a sua enxerga e
começou a caminhar. Ora aquele dia era Sábado. Diziam os judeus àquele que
tinha sido curado: «Hoje é Sábado: não podes levar a tua enxerga». Mas ele
respondeu-lhes: «Aquele que me curou disse-me: ‘Toma a tua enxerga e anda’».
Perguntaram-lhe então: «Quem é que te disse: ‘Toma a tua enxerga e anda’». Mas
o homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha-Se
afastado da multidão que estava naquele local. Mais tarde, Jesus encontrou-o no
templo e disse-lhe: «Agora estás são. Não voltes a pecar, para que não te
suceda coisa pior». O homem foi então dizer aos judeus que era Jesus quem o
tinha curado. Desde então os judeus começaram a perseguir Jesus, por fazer isto
num dia de Sábado."
o Evangelho fala-nos
do paralítico que, havia 38 anos, esperava junto à piscina uma oportunidade
para entrar nela e ser curado. Como ele, muitos de nós jazemos impotentes nas margens da esperança, desiludidos de tudo, talvez até da
religião e, por isso, incapazes de mergulhar na vida. É a nós, homens e
mulheres do nosso tempo, que Cristo vem procurar, onde quer que estejamos,
paralisados pelo sofrimento, pelo pecado e pelas circunstâncias da vida. Também
a nós, Jesus pergunta: «Queres ficar são?». Parece uma pergunta desnecessária.
Mas Jesus sabe que é a resposta pessoal que renova e faz sentir a cada um a sua
dignidade humana, a sua liberdade e responsabilidade. Perante a resposta do
paralítico, Jesus diz-lhe simplesmente: «Levanta-te, toma a tua enxerga e
anda». O poder da Palavra de Deus dispensa os ritualismos ou o uso de águas
medicinais. A Palavra de Deus cura, rompe cadeias, liberta. Liberta o corpo e
liberta o espírito, porque há paralisias bem piores do que as corporais, que
tolhem o coração no pecado. A Igreja, por vontade de Cristo, dispõe da Palavra
e da Graça que brotaram do seu Lado aberto na cruz, para as distribuir aos
homens, sobretudo no Batismo, na Eucaristia e nos outros sacramentos.
E saiu sangue e água,
diz S. João. O ferro ao retirar-se deixou jorrar uma dupla fonte de sangue e de
água, na qual os Padres da Igreja viram o símbolo desta outra maravilha de
amor, os sacramentos, canais preciosos da Graça da salvação: rio de água que,
no santo batismo e no banho da penitência, lava a alma da mácula original; rio
de sangue que cai todas as manhãs nos cálices dos altares, para se expandir
pelo mundo fora, consolar a Igreja sofredora do Purgatório e reanimar a Igreja
que combate sobre a terra; rio refrescante, onde o coração, ressequido pelos
trabalhos e pelas tentações, vai saciar-se de piedade, de caridade e de santa
alegria.
Senhor, concedei-me beber desta água e deste sangue, para que não mais tenha esta sede doentia das coisas do mundo, que me tortura, e que eu seja inebriado pelo Vosso Amor.
https://www.dehonianos.org
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