O Natal franciscano, por Alfredo Monteiro
Sentimos que o Natal está próximo. O tempo é de Paz e
de fraternidade, do encontro de Deus connosco, que não quis ficar lá distante,
e de nós com Deus. Apesar da pandemia, teimosa e agressiva, regressa a
Esperança de caminharmos e estarmos juntos. Neste intenso itinerário do
reencontro podemos construir horas de solidariedade e de partilha. Todos somos
chamados a cuidar daqueles que o mundo esconde e esquece, escutando o clamor
dos que mais sofrem. Assim, podemos ver o Menino Jesus no rosto dos pobres, dos
enfermos, de todos os que necessitam de ajuda. A nossa proximidade, os nossos
abraços solidários, as nossas ofertas ficarão gravadas na memória de todos os
homens de boa vontade.
Diz-se, e bem, que o Natal é a festa da Família e a
alegria das crianças que gostam de receber prendas e de admirar o encanto e a
ternura do presépio. O Papa Francisco fala do Presépio “…como um Evangelho
vivo. De modo particular, desde a sua origem franciscana, o Presépio é um
convite a “sentir”, a “tocar” a pobreza que escolheu, para si mesmo, o Filho de
Deus na Sua encarnação…”
Deixem, então, que vos conte, caros leitores, a linda
história do primeiro presépio. Para tal, consultei as “Fontes Franciscanas”,
Tomás de Celano, biógrafo de Francisco de Assis. Na aldeia de Grécio, na
véspera de Natal, noite de 24 de Dezembro de 1223, Francisco viveu de modo
admirável o nascimento do Menino. Quis celebrar a missa, numa gruta,
simbolizando o mais real possível o nascimento de Jesus em Belém. Descobriu
essa gruta na floresta de Grécio. Então, colocou no seu interior um jumento e
um boi e espalhou feno no chão onde reclinou a imagem do Menino Jesus. De cada
lado do berço ficaram as imagens de Maria e José. Neste ambiente de
encanto e de ternura ergueu o altar para a santa missa que tanto desejava.
Deste modo, ali se honrou e exaltou a pobreza e se elogiou a humildade. Neste
cenário natural, de alegria e simplicidade franciscana, revivendo o Natal de
Belém, participaram os pastores, os frades, chamados de muitos lugares, o povo
e os senhores da região. Com velas e tochas iluminou a noite. O bosque fez
ressoar as vozes e as rochas responderam aos que se rejubilaram. Os irmãos
cantaram, rendendo os devidos louvores ao Senhor e a noite inteira dançou de
júbilo. Francisco contemplava o presépio e suspirava cheio de piedade e de
alegria. E, assim, de Grécio se fez uma nova Belém! No fim desta maravilhosa
celebração, Francisco, sentindo e vivendo a perfeita alegria, falou a todos…
Conhecendo, agora, a graça das origens, neste Natal
construamos, também, o nosso Presépio, como lugar de encontro familiar.
Habituei-me, desde há muitos anos, a deslocar-me, com tempo, à minha aldeia, lá
distante, entre o Minho e Trás-os-Montes, e aí colher, nas fragas da tapada, o
musgo com que construímos o presépio da família. As figuras artesanais que o
animam são muito antigas, uma herança valiosa dos nossos antepassados!
Como afirmei no início desta mensagem natalícia,
no Natal celebramos, também, a festa da família com a alegria das crianças. Da
nossa cultura e tradição cristã recebemos o Presépio com o Menino Jesus e não o
Pai Natal, vindo do frio nórdico da Lapónia, puxado por renas. Assim, deixo aos
mais pequenos, como prenda simbólica, esta minha quadra:
…Dos pequeninos a Fé
É do tamanho do Céu,
Procuram na chaminé
O que o Menino Jesus lhes deu…
Alfredo Monteiro (AAAFranciscanos)
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