Ano A - 2022
Advento passo a passo
Semana 4
25º dia – Quarta-feira - 21/12/2022
Lc 1, 39-45
«Donde me é
dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?»
O anjo Gabriel tinha revelado a Maria que Isabel esperava um filho e já estava no sexto mês (cf. Lc 1, 26.36). E então a Virgem, que acabara de conceber Jesus por obra de Deus, partiu à pressa de Nazaré, na Galileia, para chegar aos montes da Judeia, e se encontrar com a sua prima. Diz o Evangelho: «Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel» (v. 40). Certamente congratulou-se com ela pela sua maternidade, assim como por sua vez Isabel se congratulou com Maria dizendo: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?» (vv. 42-43). E imediatamente louva a sua fé: «Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor» (v. 45).
Papa Francisco
(Angelus 23 de setembro de 2018)
“Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e
dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de
Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e
exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do
teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na
verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino
exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no
cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».
É evidente o contraste entre Maria, que teve fé, e Zacarias, o marido de
Isabel, o qual duvidara, e não acreditara na promessa do anjo e por isso permanece
mudo até ao nascimento de João. É um contraste.
Este episódio ajuda-nos a ler com uma luz muito particular o mistério do
encontro do homem com Deus. Um encontro que não acontece com prodígios
espetaculares, mas antes no sinal da fé e da caridade.
Com efeito, Maria é bem-aventurada porque acreditou: o encontro com Deus é
fruto da fé. Ao contrário, Zacarias, o qual duvidou e não acreditou, permaneceu
surdo e mudo. Para crescer na fé durante o longo silêncio: sem fé permanece-se
inevitavelmente surdo à voz confortadora de Deus; e também incapaz de
pronunciar palavras de consolação e de esperança para os nossos irmãos. E nós
vemos isto todos os dias: as pessoas que não têm fé ou que têm uma fé muito
tíbia, quando devem aproximar-se de uma pessoa que sofre, dirigem-lhe palavras
de circunstância, mas não conseguem chegar ao coração porque não têm força. Não
têm força porque não têm fé, e se não têm fé não lhes saem as palavras que
chegam ao coração dos outros. A fé, por sua vez, alimenta-se na caridade. O evangelista
narra que «Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa» (v. 39) para a casa de
Isabel: à pressa, não com ansiedade, não ansiosa, mas à pressa, em paz. “Pôs-se
a caminho”: um gesto cheio de solicitude. Teria podido ficar em casa para
preparar o nascimento do seu filho, mas ao contrário, preocupa-se primeiro
pelos outros e não por si, demonstrando com os factos que já é discípula
daquele Senhor que leva no seio. O evento do nascimento de Jesus começou assim,
com um simples gesto de caridade: de resto, a caridade autêntica é sempre fruto
do amor de Deus.
O Evangelho da visita de Maria a Isabel, que ouvimos hoje na Missa,
prepara-nos para viver bem o Natal, comunicando-nos o dinamismo da fé e da
caridade. Este dinamismo é obra do Espírito Santo: o Espírito de Amor que
fecundou o seio virginal de Maria e que a levou a apressar-se ao serviço da
prima idosa. Um dinamismo cheio de júbilo, como se vê no encontro entre as duas
mães, que é um hino de alegre exultação no Senhor, o qual realiza grandes
coisas com os pequeninos que confiam n’Ele.
A Virgem Maria nos obtenha a graça de viver um Natal extrovertido,
mas não dispersivo. Extrovertido: que no centro não esteja o nosso “eu”, mas o
Tu de Jesus e o tu dos irmãos, sobretudo daqueles que têm necessidade de uma
ajuda. Então daremos espaço ao Amor que, também hoje, se quer fazer carne e vir
habitar entre nós.
Papa Francisco
(Angelus 23 de setembro de 2018)
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