Ano A - 2022
Advento passo
a passo
Semana 4
23º dia – Segunda-feira
- 19/12/2022
Lc 1, 5-25
«Não temas, Zacarias, porque a tua súplica
foi atendida. Isabel, tua esposa, dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de
João. Será para ti motivo de grande alegria e muitos hão de alegrar-se com o
seu nascimento, porque será grande aos olhos do Senhor.»
O texto trata exclusivamente do nascimento
de João Batista e das circunstâncias que envolveram este acontecimento. O
nascimento de João está intimamente ligado com o de Jesus e os elementos que o
compõem são praticamente os mesmos. Isabel é estéril enquanto Maria é virgem, o
anjo aparece a Zacarias e não a Isabel, mas trata-se do mesmo anjo, Gabriel. O
anjo começa por dizer “não temas” e anuncia a mensagem do nascimento. Zacarias
coloca ao anjo uma dificuldade tal como Maria. É indicado pelo anjo o nome de
João tal como acontece com Jesus. É curioso o facto de este acontecimento ser
claramente o anúncio da chegada da salvação para o povo, porque João é o que
vai à frente do Senhor e será alegria para Zacarias e para muitos. Mas este
menino, que traz a alegria e irá à frente do Senhor, nasce numa família
marginalizada por causa da esterilidade da mãe. A salvação chega aos pobres,
aos humildes, aos marginalizados e desprezados com a colaboração dos mesmos
pobres e marginalizados. Deus age através destes, que parecem não ter condições,
para realizar a salvação. Assim se vê que a salvação acontece pelo poder de
Deus e não pelas mãos dos homens.
“Nos dias de Herodes, rei da Judeia, vivia
um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias, cuja esposa era descendente
de Aarão e se chamava Isabel. Eram ambos justos aos olhos de Deus e cumpriam
irrepreensivelmente todos os mandamentos e leis do Senhor. Não tinham filhos,
porque Isabel era estéril e os dois eram de idade avançada. Quando Zacarias exercia
as funções sacerdotais diante de Deus, no turno da sua classe, coube-lhe em
sorte, segundo o costume sacerdotal, entrar no Santuário do Senhor para
oferecer o incenso. Toda a assembleia do povo, durante a oblação do incenso,
estava cá fora em oração. Apareceu-lhe então o Anjo do Senhor, de pé, à direita
do altar do incenso. Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e encheu-se de temor.
Mas o Anjo disse-lhe: «Não temas, Zacarias, porque a tua súplica foi atendida.
Isabel, tua esposa, dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João. Será para
ti motivo de grande alegria e muitos hão de alegrar-se com o seu nascimento,
porque será grande aos olhos do Senhor. Não beberá vinho nem bebida alcoólica;
será cheio do Espírito Santo desde o seio materno e reconduzirá muitos dos
filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. Irá à frente do Senhor, com o espírito e
o poder de Elias, para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os
rebeldes à sabedoria dos justos, a fim de preparar um povo para o Senhor».
Zacarias disse ao Anjo: «Como hei de saber que é assim, se eu estou velho e a
minha esposa de idade avançada?». O Anjo respondeu-lhe: «Eu sou Gabriel, que
assisto na presença de Deus e fui enviado para te anunciar esta boa nova. Mas
tu vais guardar silêncio, sem poder falar, até ao dia em que tudo isto
aconteça, por não teres acreditado nas minhas palavras, que se cumprirão a seu
tempo. Entretanto, o povo esperava por Zacarias e admirava-se por ele se
demorar no Santuário. Quando ele saiu, não lhes podia falar e então compreenderam
que tinha tido uma visão no Santuário. Ele fazia-lhes sinais e continuava mudo.
Ao terminarem os seus dias de serviço, Zacarias voltou para casa. Algum tempo
depois, Isabel, sua esposa, concebeu e permaneceu oculta durante cinco meses,
dizendo: «Assim procedeu o Senhor para comigo nos dias em que Se dignou
livrar-me desta desonra diante dos homens».”
O nascimento de João desperta em mim a consciência de que Deus quer salvar-me e, para o fazer, recorre a todas as possibilidades da minha história. Deus não me salva de fora, à margem da minha vida, mas em mim, participando da minha história, dos meus problemas, dúvidas e anseios. Ele participa da minha pequenez e da minha pobreza e desde dentro exerce a ação salvífica de que necessito. A minha pobreza, as minhas incapacidades e os meus pecados não são impedimento para que Deus me salve. Ele ultrapassa até a minha falta de fé. Deus quer salvar-me e serve-se de tudo para criar em mim o espaço de liberdade que eu necessito para poder dizer sim. Um sim, meu, livre, espontâneo, mas o sim necessário para que possa ter efeito a ação de Deus.
Tu fazes que o silêncio aconteça em mim,
Senhor, para que se calem todas as vozes interiores e exteriores que me impedem
de perceber a tua vontade. No silêncio que despertas em mim, posso ouvir a
força da salvação que me ofereces, posso experimentar como a minha história se
torna lugar de encontro contigo e com o teu amor salvífico. No silêncio perco o
medo de estar contigo e de aceitar a tua proposta de apenas confiar em ti e
pronunciar o sim necessário para que aconteça a minha salvação que tanto
desejas. Obrigado, Senhor, por essa oferta de silêncio que me fazes nestes dias
que antecedem o Natal.
Avé-Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Ámen.
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