Ano A - 2022
Advento passo
a passo
Semana 4
27º dia – Sexta-feira - 23/12/2022
Lc 1, 57-66
«O seu nome é João» (...) «Quem virá a ser este menino?»
O nascimento de São João Batista é o evento que ilumina a vida dos seus
pais, Isabel e Zacarias, e envolve os parentes e os vizinhos na alegria e na
admiração. Estes pais idosos tinham sonhado e até preparado aquele dia, mas já
não o esperavam: sentiam-se excluídos, humilhados, desiludidos: não tinham
filhos. Diante do anúncio do nascimento de um filho (cf. Lc 1,
13), Zacarias ficara incrédulo, porque as leis naturais não o permitiam: eram
velhos, idosos; por conseguinte, o Senhor o tornou mudo durante todo o tempo da
gestação (cf. v. 20). É um sinal. Mas Deus não depende das nossas lógicas nem
das nossas limitadas capacidades humanas. É preciso aprender a confiar e a
silenciar diante do mistério de Deus e a contemplar com humildade e silêncio a
sua obra, que se revela na história e que muitas vezes supera a nossa
imaginação.
Papa Francisco
(Angelus, 24 de junho de 2018)
“Naquele tempo, chegou a altura de Isabel ser mãe e deu à luz um filho. Os
seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe tinha feito tão grande
benefício e congratularam-se com ela. Oito dias depois, vieram circuncidar o
menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias. Mas a mãe interveio e disse:
«Não, ele vai chamar-se João». Disseram-lhe: «Não há ninguém da tua família que
tenha esse nome». Perguntaram então ao pai, por meio de sinais, como queria que
o menino se chamasse. O pai pediu uma tábua e escreveu: «O seu nome é João».
Todos ficaram admirados. Imediatamente se lhe abriu a boca e se lhe soltou a
língua e começou a falar, bendizendo a Deus. Todos os vizinhos se encheram de
temor e por toda a região montanhosa da Judeia se divulgaram estes factos.
Quantos os ouviam contar guardavam-nos em seu coração e diziam: «Quem virá a
ser este menino?» Na verdade, a mão do Senhor estava com ele.”
E agora que o evento se realiza, agora que Isabel e Zacarias experimentam
que «a Deus nada é impossível» (Lc 1, 37), é grande a alegria
deles. A página evangélica de hoje (Lc 1, 57-66.80) anuncia o
nascimento e depois detém-se no momento da imposição do nome ao menino. Isabel
escolhe um nome incomum na tradição familiar e diz: «Chamar-se-á João» (v. 60),
dom gratuito e já inesperado, pois João significa «Deus concedeu uma graça». E
esta criança será arauta, testemunha da graça de Deus aos pobres que esperam
com fé humilde a sua salvação. Inesperadamente Zacarias confirma a escolha
daquele nome, escrevendo-o numa pequena tábua — pois era mudo — e «naquele
momento abriu-se-lhe a boca, a sua língua soltou-se, e ele começou a falar,
louvando a Deus» (v. 64).
Todo o acontecimento do nascimento de João Batista está circundado por
um jubiloso sentido de admiração, de surpresa e de gratidão.
Admiração, surpresa, gratidão. As pessoas são tomadas por um santo temor de
Deus «e por toda a região montanhosa da Judeia se comentavam esses factos» (v.
65). Irmãos e irmãs, o povo fiel intuiu que aconteceu algo grandioso, mesmo se
humilde e escondido, e pergunta-se: «O que virá a ser este menino?» (v. 66). O
povo fiel de Deus é capaz de viver a fé com alegria, com sentido de admiração,
de surpresa e de gratidão. Olhemos para aquela gente que falava bem acerca
deste evento maravilhoso, deste milagre do nascimento de João, e fazia-o com
alegria, estava feliz, com sentido de admiração, surpresa e gratidão. E
pensando nisto perguntemo-nos: como é a minha fé? É uma fé jubilosa, ou é uma
fé sempre igual, uma fé “tíbia”? Tenho o sentido da admiração, quando vejo as
obras do Senhor, quando ouço falar da evangelização ou da vida de um santo, ou
quando vejo tantas pessoas boas: sinto a graça, dentro, ou nada se move no meu
coração? Sei sentir as consolações do Espírito ou sou fechado? Questionemo-nos,
cada um de nós, num exame de consciência: como é a minha fé? É jubilosa? É
aberta às surpresas de Deus? Porque Deus é o Deus das surpresas. “Experimentei”
na alma aquele sentido da admiração que a presença de Deus dá, aquele sentido de
gratidão? Pensemos nestas palavras, que são estados de ânimo da fé: alegria,
sentido de admiração, surpresa e gratidão.
A Virgem Santa nos ajude a compreender que em cada pessoa humana há a marca
de Deus, nascente da vida. Ela, Mãe de Deus e nossa Mãe, nos torne cada vez
mais conscientes de que na geração de um filho os pais agem como colaboradores
de Deus. Uma missão deveras sublime que faz de cada família um santuário da
vida e desperta — o nascimento de cada filho — a alegria, a admiração, a
gratidão.
Papa Francisco
(Angelus, 24 de junho de 2018)
Glória
ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e
sempre. Ámen.
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