Ano A - 2022
Advento passo
a passo
Semana 3
17º dia – Terça-feira - 13/12/2022
Mt 21, 28-32
«Em verdade vos digo: Os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o Reino de Deus».
Com a sua pregação sobre o Reino de Deus, Jesus
opõe-se a uma religiosidade que não envolve a vida humana, que não questiona a
consciência nem a sua responsabilidade perante o bem e o mal. Isto também é
demonstrado pela parábola dos dois filhos, proposta no Evangelho de Mateus (cf.
21, 28-32). Ao convite do pai para ir trabalhar na vinha, o primeiro filho
responde impulsivamente “não, eu não vou”, mas depois arrepende-se e vai; ao
contrario, o segundo filho, que responde imediatamente “sim, sim pai”, na
realidade não o faz, não vai. A obediência não consiste em dizer “sim” ou “não”,
mas sempre em agir, em cultivar a vinha, em realizar o Reino de Deus, em
praticar o bem. Com este simples exemplo, Jesus quer superar uma religião
entendida apenas como prática exterior e habitual, que não incide na vida e nas
atitudes das pessoas, uma religiosidade superficial, apenas “ritual”, no mau
sentido da palavra.
(Angelus 27 de setembro de 2020)
"Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes
dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Que vos parece? Um homem tinha dois
filhos. Foi ter com o primeiro e disse-lhe: ‘Filho, vai hoje trabalhar na
vinha’. Mas ele respondeu-lhe: ‘Não quero’. Depois, porém, arrependeu-se e foi.
O homem dirigiu-se ao segundo filho e falou-lhe do mesmo modo. Ele respondeu:
‘Eu vou, Senhor’. Mas de facto não foi. Qual dos dois fez a vontade ao pai?»
Eles responderam-Lhe: «O primeiro». Jesus disse-lhes: «Em verdade vos digo: Os
publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o reino de Deus.
João Batista veio até vós, ensinando-vos o caminho da justiça, e não
acreditastes nele; mas os publicanos e as mulheres de má vida acreditaram. E
vós, que bem o vistes, não vos arrependestes, acreditando nele». "
Os representantes desta religiosidade de “fachada”,
que Jesus desaprova, eram na altura «os chefes dos sacerdotes e os anciãos do
povo» (Mt 21, 23) que, segundo a admoestação do Senhor, no Reino de
Deus serão precedidos por publicanos e meretrizes (cf. v. 31). Jesus diz-lhes: «os publicanos e as meretrizes preceder-vos-ão no reino de
Deus». Esta afirmação não deve levar a pensar que fazem bem aqueles que não
seguem os mandamentos de Deus, quantos não seguem a moral, e dizem: “Aqueles
que vão à Igreja são piores do que nós!”. Não, este não é o ensinamento de
Jesus. Jesus não aponta os publicanos e as meretrizes como modelos de vida, mas
como “privilegiados da Graça”. E eu gostaria de sublinhar esta palavra “graça”,
a graça, porque a conversão é sempre uma graça. Uma graça que Deus concede a
quem se abre e se converte a Ele. De facto, aquelas pessoas, ouvindo a sua
pregação, arrependeram-se e mudaram de vida. Pensemos em Mateus, por exemplo,
São Mateus, que era um publicano, um traidor da sua pátria.
No Evangelho de hoje, aquele que causa melhor
impressão é o primeiro irmão, não por ter dito “não” ao seu pai, mas porque
depois do “não” se converteu ao “sim”, arrependeu-se. Deus é paciente com cada
um de nós: não se cansa, não desiste depois do nosso “não”; também nos deixa
livres de nos distanciarmos d'Ele e cometer erros. Pensar na paciência de Deus
é maravilhoso! Como o Senhor nos espera sempre; sempre ao nosso lado para nos
ajudar; mas Ele respeita a nossa liberdade. Ele aguarda trepidante o nosso
“sim”, para nos acolher novamente nos seus braços paternos e nos encher
com a sua misericórdia sem limites. A fé em Deus pede que renovemos todos os
dias a escolha do bem em vez do mal, a escolha da verdade em vez da mentira, a
escolha do amor ao próximo em vez do egoísmo. Aqueles que se converterem a esta
escolha, depois de terem experimentado o pecado, encontrarão os primeiros
lugares no Reino do Céu, onde há mais alegria por um só pecador que se converte
do que por noventa e nove justos (cf. Lc 15, 7).
Mas a conversão, mudar o coração, é um processo, um
processo que nos purifica das incrustações morais. E por vezes é um processo
doloroso, porque não há caminho para a santidade sem alguma renúncia e sem
combate espiritual. Lutar pelo bem, lutar para não cair em tentação,
fazer o que podemos, para chegar a viver na paz e na alegria das
Bem-aventuranças. O Evangelho de hoje põe em questão a forma de viver a vida
cristã, que não é feita de sonhos e belas aspirações, mas de compromissos
concretos, a fim de nos abrirmos cada vez mais à vontade de Deus e ao amor
pelos irmãos. Mas isto, mesmo o menor compromisso concreto, não pode ser feito
sem a graça. A conversão é uma graça que devemos pedir sempre: “Senhor,
concedei-me a graça de melhorar. Dai-me a graça de ser um bom cristão”.
Maria Santíssima nos ajude a ser dóceis à ação do
Espírito Santo. Ele desfaz a dureza dos corações e os predispõe ao
arrependimento, para obter a vida e a salvação prometidas por Jesus.
(Angelus 27 de setembro de 2020)
Pai-Nosso, que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome,
venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade assim na terra como no
céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim
como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal. Ámen.
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