sábado, 27 de março de 2021

 QUARESMA PASSO A PASSO


Tema da Semana Santa:

“ONDE QUERES QUE PREPAREMOS A REFEIÇÃO DA PÁSCOA?”.

40º Dia – Domingo de Ramos – 28/03/2021

EVANGELHO Mc 14, 1-15,47

«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?»

O relato da paixão de Jesus, que a liturgia nos propõe neste domingo, ao lado do da entrada festiva de Jesus em Jerusalém (Mc 11,1-10), ocupa um quinto de todo o Evangelho segundo Marcos. É o relato mais antigo contido nos Evangelhos, uma longa narração em que encontramos o eco das testemunhas, acima de tudo de Pedro, cujo nome retorna frequentemente, e depois dos outros discípulos. Todos, porém, no momento da prisão, fogem...

O relato é composto por duas partes: a primeira, que narra os eventos vividos por Jesus junto dos seus discípulos, com a sua comunidade, até à captura (cf. Mc 14,1-42), e a segunda que apresenta o processo da Paixão nas suas fases: a execução da condenação, a crucifixão e o sepultamento do corpo de Jesus num túmulo (cf. Mc 14,43-15,47).

Dada a amplitude desse trecho, não podemos fazer um comentário pontual; portanto, nos limitar-nos-emos a um olhar de conjunto que evidencia a boa notícia, o Evangelho contido no relato da Paixão.

Essa narrativa põe à prova o nosso olhar de fé sobre Jesus: somos quase forçados a sofrer o escândalo e a loucura da cruz (cf. 1Co 1,23), somos colocados diante do resultado de um aparente falhanço total da vida de Jesus. Aquele que: passou no meio do seu povo fazendo o bem (cf. At 10,38), cuidando dos doentes e às vezes curando-os, e forçando o diabo a obedecê-lo (cf. Mc 1,27) e a recuar; como profeta poderoso em obras e palavras, “todos procuravam” (cf. Mc 1,37); atraiu a si as multidões, que o aclamaram como bem-aventurado e como Aquele que vem no nome do Senhor (cf. Mc 11,9); conseguiu reunir ao seu redor uma comunidade itinerante de homens e mulheres que O reconhecia como Profeta e Messias, esse homem, Jesus de Nazaré, conhece um fim impensável e chega a uma morte infame cruel e escandalosa.

Cada leitor atento do Evangelho, cada discípulo que seguiu Jesus desde seu batismo até o fim, não pode deixar de ficar profundamente abalado, perturbado com tal resultado... 

Onde foi parar – alguém pode perguntar-se – a força de Jesus, o poder com que ele libertava da doença e da morte aqueles que por elas estavam marcados? “A outros salvou, a Si mesmo não pode salvar” (Mc 15,31) – os seus adversários zombam dele...

Onde foi parar aquele carisma profético com o qual Ele anunciava como muito próximo ou, melhor, presente o Reino de Deus (cf. Mc 1,15)? Por que é que, na Paixão, Jesus está reduzido ao silêncio e Se deixa humilhar sem abrir a boca (cf. Is 53,7)?

Onde está aquela autoridade que lhe foi reconhecida tantas vezes por aqueles que o chamavam de Mestre, o aclamavam como Profeta, o invocavam como Messias e Salvador?

Todos aqueles que pareciam ser seus seguidores e simpatizantes desapareceram, e Jesus está sozinho, abandonado por todos, inerme e sem qualquer defesa.

Mas o enigma é ainda mais radical: onde está Deus durante a Paixão de Jesus? Aquele Deus que parecia ser tão próximo d’Ele e a quem chamava confidencialmente de “Abba”, isto é, “Paizinho”; aquele Deus que O havia declarado “Filho amado” no batismo (cf. Mc 1,11) e na transfiguração (cf. Mc 9,7); aquele Deus por quem Jesus havia colocado em jogo e consumido toda a Sua vida, onde está agora?

Não nos esqueçamos: a morte de cruz – como o apóstolo Paulo compreendeu - é a morte de um amaldiçoado (cf. Dt 21,23; Gl 3,13), julgado como tal pela legítima autoridade religiosa de Israel, e ao mesmo tempo, é o suplício extremo infligido a quem é considerado como nocivo à sociedade humana. Jesus verdadeiramente morreu como um impostor, na ignomínia, pendurado entre céu e terra, por ter sido rejeitado pelos homens…

in https://www.jesuitasbrasil.org.br/ 

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre. Ámen.

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