domingo, 21 de março de 2021

 QUARESMA PASSO A PASSO


Tema da quinta semana:

“ENTÃO, ELES FORAM TER COM FILIPE E FIZERAM-LHE ESTE PEDIDO: SENHOR, NÓS QUERÍAMOS VER JESUS».”  

33º Dia – Domingo V – 21/03/2021

EVANGELHO Jo 12, 20-33

"Quem ama a sua vida perdê-la-á...”

Jesus, ao aproximar-se a festa da Páscoa, entra em Jerusalém no meio de uma multidão aos gritos que o proclamam como Aquele que vem em nome do Senhor e Rei de Israel (cf. Jo 12, 12-14), mas esse Seu sucesso, junto do povo, desperta a constatação e consequente reação dos fariseus: “Todo o mundo (ho kósmos) vai atrás de Jesus, segue-O!” (Jo 12, 19). Agora, que a decisão de condenar Jesus à morte foi tomada, Ele sente que o círculo dos inimigos se estreita ao Seu redor, e que aquela Páscoa será a Sua “hora” tantas vezes anunciada. Por outro lado, a afirmação dos fariseus encontra uma clara ilustração no pedido de alguns dos presentes em Jerusalém para a festa, já que sendo gregos, isto é, pertencentes aos gentios, são não circuncidados e, portanto, pagãos: eles querem conhecer Jesus, porque ouviram falar dele como mestre de autoridade e profeta capaz de operar sinais.

Então, eles aproximam-se de um dos seus discípulos, Filipe (proveniente de Betsaida da Galileia, terra habitada por muitos gregos, de tal forma, que até deram um nome grego à cidade), e pedem-lhe: “Queremos ver Jesus”. Mas isto não era algo fácil, porque encontrar pagãos, impuros, por parte de um rabino, não estava de acordo com a Lei e não respeitava as "regras de pureza". Filipe, hesitante, vai informar André, o primeiro a receber o chamamento de Jesus (cf. Jo 1, 37-40); depois, juntos, os dois decidem apresentar o pedido a Jesus. E como é que Ele responde? O quarto Evangelho não diz, mas testemunha algumas palavras decisivas, uma verdadeira profecia que Jesus faz sobre aquela hora, a hora da Sua paixão e morte, revelada como glorificação.

Acima de tudo, Jesus diz que o pedido para O ver por parte dos pagãos é sinal e anúncio da hora que finalmente chegou, a hora em que o Filho do homem é glorificado por Deus. No início do Evangelho, em Caná, Jesus havia dito a Sua mãe: “Minha hora ainda não chegou” (Jo 2, 4), e, em seguida, inúmeras outras vezes essa hora privilegiada é evocada como hora próxima, mas que ainda não chegou (cf. Jo 4, 21-23; 5, 25; 7, 30; 8, 20). Agora, diante deste pedido, Jesus compreende e, portanto, anuncia que a Sua morte será fecunda, fonte de vida inaudita: a Sua glória será glória de Deus. Para expressar isso, Jesus recorre ao relato do grão de trigo que, para se multiplicar e dar fruto, deve cair na terra e depois apodrecer, morrer, caso contrário, permanece estéril e sozinho. Aceitando apodrecer e morrer, o grão multiplica a sua vida e, portanto, atravessa a morte e chega à ressurreição.

Sim, parece paradoxal, mas como Jesus esclarece “quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta da sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna”, porque o apego à vida é o que impede de pôr a própria vida ao serviço dos outros. Para Jesus, a verdadeira morte não é a física, aquela que os homens podem provocar, mas é precisamente a recusa a gastar e dar a vida pelos outros, o fechamento estéril sobre si mesmo; pelo contrário, a verdadeira vida é o ápice de um processo de doação de si.

A história do grão de trigo é a história de Jesus, mas também a do Seu servo, que, justamente seguindo Jesus, conhecerá a paixão e a morte assim como o seu Senhor, mas também a ressurreição e a vida para sempre. Não é só Jesus que será glorificado pelo Pai, mas também o discípulo, o servo que, seguindo o seu Senhor, se torna seu amigo. A esse respeito, com grande fé, um Padre do deserto chegava a afirmar com ousadia: “Jesus e eu vivemos juntos!”.

Então, o que é que Jesus promete aos pagãos, o que é que lhes é dado a ver? A Sua paixão, morte e ressurreição, o Seu abaixamento e a Sua glorificação, a cruz como revelação do Amor vivido até o fim, até ao extremo (cf. Jo 13, 1). A cada discípulo, proveniente de Israel ou dos gentios, no visível é dado ver o invisível; seguindo Jesus com perseverança, aonde quer que ele vá, é dado contemplar na Sua morte ignominiosa a glória de quem dá a vida por Amor.

De acordo com o quarto Evangelho, aqui é antecipada aquela convocação dos gentios, aquela reunião que acontecerá quando Jesus for elevado na cruz. Os profetas haviam anunciado a participação dos gentios na revelação feita a Israel, e esta hora está prestes a chegar, porque Jesus oferece a Sua vida “para reunir os filhos de Deus .

in https://www.jesuitasbrasil.org.br/ 

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre. Ámen.

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