quarta-feira, 6 de maio de 2020

Proposta do Santuário de Fátima - Peregrino pelo Coração - Passo 3


Passo 3 – Livre para o compromisso

Visitando a narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a conhecer. Hoje, dispõe-te para ouvires o pedido de uma relação de compromisso.

Neste  maio,  Fátima  convida-te  a  seres  peregrino  pelo  coração.  

Hoje, assume a tua liberdade para te comprometeres fielmente.

Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam.

Em confinamento, este maio lança-te o desafio de uma peregrinação interior. Fátima convida-te a fazeres-te peregrino pelo coração, educando nele as grandes atitudes da fé que qualquer peregrinação permite desenvolver. Começa por descer ao teu coração. Vence todos os ruídos que o enchem. Vence o medo de te encontrares no silêncio. Procura calar o teu íntimo para rezar.
Cria espaço interior para escutares, hoje, a resposta que a Senhora dá à interrogação radical com que Lúcia, ontem, abriu a sua liberdade para Deus. Para que serve a liberdade? És livre para quê?
Escuta mais uma vez a aparição de maio.

[…] vimos, sobre uma carrasqueira, uma Senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o Sol, espargindo luz, mais clara e intensa que um copo de cristal, cheio d’água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente.
Parámos surpreendidos pela aparição. Estávamos tão perto, que ficávamos dentro da luz que A cercava ou que Ela espargia, talvez a metro e meio de distância, mais ou menos.
Então Nossa Senhora disse-nos:
     – Não tenhais medo! Eu não vos faço mal!
     – De onde é Vossemecê? – lhe perguntei.
     – Sou do Céu.
     – E que é que Vossemecê me quer?
    – Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez.»

Vim para vos pedir, diz a Senhora. Pedir. O Céu pede. Poderia mandar, obrigar, mas não, apenas pede. Opção significativa, esta de Deus, a que a Senhora dá voz: vem para pedir. A liberdade do homem é sagrada para Deus. Ele respeita-a, até tratando-se de pobres crianças. O que te pede o céu a ti, que te queres fazer peregrino do coração? O que te pede nesta hora da tua vida, em que tantas coisas se tornam diferentes? A que mudanças estás disposto?
Às três crianças, a Senhora veio pedir que se fizessem peregrinos: haviam de vir ali, à Cova da Iria, ao lugar onde lhes aparecia, ao longo de seis meses no dia 13 àquela mesma hora. Naquela primeira vez, estavam ali por acaso, porque para ali tinham ido com o rebanho, o seu ofício de pequenos pastores. O Céu visita-nos nos nossos lugares habituais. A partir daquele dia, passariam a ir como peregrinos de um lugar que se tinha transformado para eles em porta do céu. É isso um santuário. Eles passariam a vir à Cova da Iria para viver um encontro. Queres viver o encontro como peregrino pelo coração, esse santuário porta do céu que tens dentro do peito?
E iriam, as três crianças, ao longo de seis meses, mais cinco vezes. Aquela que lhes aparecia não queria apenas um encontro esporádico. Queria estabelecer uma relação de continuidade; uma relação que passasse pela prova da vida, a vida como ela é, com as suas contradições, entusiasmos e medos, avanços e recuos, expectativas e sofrimentos; uma relação em que o conhecimento recíproco crescesse progressivamente de forma provada.

O Céu queria que amadurecessem até estarem prontos para conhecerem a identidade daquela que lhes aparecia e o que o Céu queria deles. É longo, o processo do discernimento vocacional. Descobrires quem é Deus verdadeiramente e o que ele quer de ti exige tempo de relação, muito silêncio e oração, muita vida partilhada a dois até chegar a um compromisso. Estás disposto para uma relação de compromisso com Deus, a viveres cada um dos teus dias como peregrino pelo coração, onde ele mora?

Escuta o Evangelho de João | 1,35-39

35No dia seguinte, João encontrava-se de novo ali com dois dos seus discípulos. 36Então, pondo o olhar em Jesus, que passava, disse: “Eis o Cordeiro de Deus!” 37Ouvindo-o falar desta maneira, os dois discípulos seguiram Jesus. 38Jesus voltou-se e, notando que eles o seguiam, perguntou-lhes: “Que procurais?” Eles disseram-lhe: “Rabi –que quer dizer Mestre – onde moras?” 39Ele respondeu- lhes: “Vinde e vereis”. Foram, pois, e viram onde morava e permaneceram com Ele nesse dia.»

Para os discípulos de João Batista que seguiram Jesus não houve, como para os pastorinhos na Cova da Iria, o pedido de seis meses de encontros. A finalidade destes, para eles, havia sido precisamente o tempo em que foram discípulos de João. Haviam amadurecido e ele apresentara-lhes Jesus, dizendo logo quem ele era: o Cordeiro de Deus. Estavam prontos para imediatamente o seguirem na sua intimidade e acompanhá-lo no cumprimento da sua missão. Mas antes, Jesus colocara-lhes a interrogação-chave para qualquer um que se quer tornar peregrino pelo coração: Que procurais?
Que procuras? De que falamos, quando falamos de procura, de procuras?
São as nossas intenções, os nossos sonhos e ideais; são as nossas ânsias, desejos e buscas interiores; são as nossas expectativas sobre o futuro, a nossa necessidade radical de chegarmos a ser verdadeiramente o que somos, a superarmo-nos, passarmos além das nossas sombras, medos e mediocridades, chegarmos a realizar aquilo para que somos e a sermos reconhecidos como seremos.
No fundo, procuramos uma experiência de comunhão que leve ao pleno cumprimento a nossa verdade mais profunda. Os discípulos encontraram o que procuravam ao seguir Jesus e permanecer com ele. E tu, para seres peregrino pelo coração, como a Lúcia, o Francisco e a Jacinta que corresponderam ao pedido da Senhora, que procuras e como pensas que poderás encontrar?

Meu Deus, és o habitante íntimo do meu coração
e chamas-me a abrir este maio fechado, 
a tornar-me peregrino pelo coração
para aí me encontrar contigo.
Ouço a Mãe de teu Filho pedir-me que me torne seu familiar para viver como peregrino pelo coração
arriscando a familiaridade com ela
que me preparará para o teu Filho e me apresentará a ele.
Escuta a minha voz e concede-me a constância fiel ao encontro com ela para amadurecer a minha pobre humanidade 
descobrir e purificar as minhas procuras interiores
até chegar a viver e permanecer na intimidade de Jesus
e o acompanhar no cumprimento da sua missão salvadora.
Sou peregrino pelo coração, procuro-te para viver contigo em compromisso.
Quero peregrinar pelo coração
até ao coração da tua mãe, minha mãe, Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
No seu coração, és tu que esperas o meu coração e, neste maio longe da capelinha,
faço-me peregrino pelo coração: pelo meu coração irei
e no coração imaculado da Mãe ouvirei o bater misericordioso do teu coração. Ámen.

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Ámen.

Mãe do céu, está atenta à voz das súplicas do mundo em tribulação. Atende o grito dos pobres e dos doentes, dá conforto e esperança a todos os que sofrem, dá força e compaixão a todos os que cuidam e trabalham. Dá a paz ao mundo. No teu imaculado coração, sê, para todos os teus filhos, refúgio e caminho para Deus.
Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós. São Francisco e Santa Jacinta Marto, rogai por nós.

Na tua janela, esta noite, coloca uma vela acesa, que seja um sinal de que em tua casa mora um peregrino de Fátima pelo coração. Nossa Senhora vela por ti ao longo do caminho. Ela vem ao teu encontro. Até amanhã.

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