quarta-feira, 13 de maio de 2020

Proposta do Santuário de Fátima - Peregrino pelo Coração - Passo 10


Passo 10 – O terço todos os dias pela Paz no mundo

Visitando a narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a conhecer. Hoje, abre-te à novidade do rosário.

Neste  maio,  Fátima  convida-te  a  seres  peregrino  pelo  coração.  Hoje, como a Lúcia, o Francisco e a Jacinta, toma a paz no mundo no teu coração.

A treze de maio, na Cova da Iria,
apareceu brilhando a Virgem Maria. Ave Maria!
Foi aos pastorinhos que a Virgem falou,
desde então nas almas nova luz brilhou. Ave Maria!
A Virgem Maria cercada de luz,
nossa mãe bendita e mãe de Jesus. Ave Maria!

13 de maio, Fátima.

Peregrino pelo coração, contempla a Senhora da luz semelhante à água cristalina atravessada pelos raios do sol. Aproxima-te da cheia de graça que reflete a luz que é Deus e bebe, pelo silêncio, a luz das suas mãos. A luz que é Deus nelas se reflete e comunica-se-te intimamente e ilumina-te a partir de dentro, permitindo-te ver-te a ti mesmo em Deus e, assim, reconheceres-te seu filho. E és filho da Mãe de Jesus, a Mulher de coração imaculado, a serva da paz, Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
É pelo silêncio que te é oferecida a experiência desta luz. Desce ao teu coração e silencia, faz silêncio. No teu silêncio de peregrino pelo coração poderás experimentar a alegria deste dia, em que, há 103 anos, Nossa Senhora apareceu na Cova da Iria à Lúcia, ao Francisco e à Jacinta, os três pastorinhos de Aljustrel, que não sabiam ler nem escrever, apenas brincavam, rezavam e guardavam os rebanhos, mas viram Nossa Senhora.
Não pudeste vir a Fátima, neste maio fechado, mas pelo silêncio abre-se o teu coração para a verdadeira alegria que Fátima oferece: a alegria do encontro com Aquele que nos ama e nos chama à conversão, pela voz de Maria.
Escuta como Lúcia conta o fim da aparição de maio:

Então, por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente:
– Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.
Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou:
– Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.
Em seguida, começou-Se a elevar serenamente, subindo em direção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância. A luz que A circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos astros, motivo por que alguma vez dissemos que vimos abrir-se o Céu.»

«25Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. 26Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho!” 27Depois, disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua.»

Temos Mãe. Temos Mãe! Assim disse e repetiu o Papa Francisco quando veio a Fátima, em 13 de maio de 2017, para assinalar o centenário das aparições e canonizar Francisco e Jacinta, «duas candeias que Deus acendeu para alumiar o mundo nas horas sombrias e inquietas», como dissera São João Paulo II, na sua beatificação. Nesta hora sombria e inquieta para a humanidade, o pedido a rezar o terço para alcançar a paz para o mundo assume um significado particular. A paz, em sentido bíblico e teológico, não é apenas a ausência de guerra. É a plenitude dos bens de Deus, a sua bênção. Quando uma pandemia, como a que neste momento o mundo conhece, traz consigo o crescer da pobreza e da miséria a nível local como global, como se anuncia, a história ensina que a convergência destes fatores potencia o crescer dos conflitos entre os homens, entre nações e dentro das nações, na sociedade como nas famílias, e dentro dos próprios corações.
É hora de rezarmos o terço, para alcançarmos a paz para o mundo. Quem o pede é Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que já contemplámos, nesta peregrinação pelo coração, quando ousámos franquear os umbrais do mistério do sofrimento e dos sofrimentos do homem e de Deus; contemplámo-la como a Mãe que bebeu as palavras do sentido da boca do Filho inocente agonizante, de pé junto à Cruz, como em Fátima compadecida pela humanidade em guerra. A prática do rosário a que Fátima nos convida é aquela que, da repetição corrida do ave-maria- santa-maria dos tempos anteriores às aparições, evolui para a oração do rosário assente na contemplação silenciosa dos mistérios de Cristo, de que é exemplo a preferência pela oração solitária, mesmo do terço, do Francisco. E também os escritos de Lúcia, ao longo dos anos, foram justificando esta opção. Ela escreve no livro “Como vejo a Mensagem através dos tempos e dos acontecimentos”:

Assim, a celeste Mensageira se eleva ao Céu mandando-nos rezar o terço todos os dias […]. Escolheu a oração do terço […], a que mais nos leva, logo no seu início, a mergulhar e a viver os principais mistérios de Deus e da Sua obra Redentora, efetuada por Jesus Cristo, nosso Salvador.»

Meu Deus, és o habitante íntimo do meu coração
e chamas-me a abrir este maio fechado, a tornar-me peregrino pelo coração
para aí me encontrar contigo.
Santíssima Trindade, adoro-te profundamente.
Meu Deus, meu Deus eu te amo no Santíssimo Sacramento. Dá-me a oração do silêncio, oração do coração silencioso. 
Dá-me a oração dos simples e pequeninos.
Ó Trindade, ó Pão do Céu, és a minha fonte e o meu caminho.
Adoro-te. Amo-te.
Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-te.
Peço-te perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não te amam.
Conduz-me todos os dias, peregrino pelo coração que sou e quero ser cada dia,
pela prática do silêncio, à adoração e ao amor; aumenta a minha fé e a minha esperança.
Sou peregrino pelo coração e faço-me contemplativo dos mistérios do Rosário para alcançar a paz para o mundo.
Peregrino pelo coração, contemplo o coração da tua mãe, minha mãe, Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
Quero honrar cada dia o nome com que se apresentou na Cova da Iria
e rezar o terço, contemplando no silêncio do coração
os mistérios da vida, morte e ressurreição de Jesus e de sua Mãe nele.
Rezarei no seu coração, porque no seu coração imaculado, cheio da graça da tua presença, é onde tu
mais profundamente te ofereces ao meu coração.
E, neste maio longe da capelinha, peregrino pelo coração para sempre:
sei que no coração imaculado da Mãe
ouvirei sempre o bater misericordioso do teu coração. Ámen.

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Ámen.

Mãe do céu, está atenta à voz das súplicas do mundo em tribulação. Atende o grito dos pobres e dos doentes, dá conforto e esperança a todos os que sofrem, dá força e compaixão a todos os que cuidam e trabalham. Dá a paz ao mundo. No teu imaculado coração, sê, para todos os teus filhos, refúgio e caminho para Deus.
Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós.
São Francisco e Santa Jacinta Marto, rogai por nós.

Neste dia 13 de maio, no termo desta peregrinação pelo coração, o Santuário de Fátima convida-te a uma breve reflexão: os limites deste maio fechado obrigaram-te, este ano, a seres peregrino pelo coração e poderá ser fácil a tentação de pensar que esta, uma opção ditada pelas circunstâncias, seja apenas uma alternativa, um remedeio para substituir a peregrinação no modo habitual tornada impossível. Esta peregrinação pelo coração não é em vez da peregrinação normal, aquela que se faz, mais distância, menos distância, mais dias, menos dias, percorrendo com os próprios pés as estradas de Portugal e atravessando as suas cidades, exposto aos perigos do caminho e às inclemências do tempo. Não. Esta peregrinação pelo coração é o lado de dentro dessa experiência peregrinante, feita em grupo ou solitariamente. Toda a peregrinação torna-se de facto peregrinação se tiver a animar o interior do itinerário percorrido a atitude do peregrino pelo coração que, este ano, foste levado a aprofundar, impedido da dimensão física e territorial.
Esta procura – ser peregrino pelo coração –, que é o essencial em qualquer peregrinação, pode perder-se, ou tornar-se difícil, quando peregrinas fisicamente pelo espaço, se não te guardas das distrações do caminho, das conversas dos companheiros, do cansaço excessivo, sem chegares a concentrar o teu coração na busca de Deus, na procura de o escutar, caminhando na sua presença pelo silêncio do coração. Pode ser que este maio estranho, em que é impossível peregrinar como habitualmente, acabe por nos fazer o grande dom de redescobrir e revalorizar o que é essencial no ato de peregrinar: que cada peregrino o seja pelo coração. Mesmo não podendo fazeres-te ao caminho, podes sempre ser peregrino pelo coração, e a peregrinação cumpre-se como tal. Em contrapartida, pode acontecer que te metas ao caminho e te estafes a caminhar, sem procurares ser peregrino pelo coração; nesse caso, não cumpriste uma peregrinação.
Os dias fechados deste maio inimaginável trouxeram-te a oportunidade de viveres, porventura, o mais extraordinário dos maios da tua vida, o mais interior, talvez o mais profundamente refletido, talvez o mais orante, quem sabe o mais autêntico! Pode ter acontecido que tenhas ido mais longe na consciência do que significa peregrinar verdadeiramente. Pode acontecer que desejes passar a peregrinar procurando ir mais longe na experiência espiritual da peregrinação. Poderá acontecer que queiras, então, ir mais longe no aperfeiçoamento da tua condição de peregrino pelo coração quando vens a Fátima a pé, ou sem ser a pé, em maio, ou quando quer que seja. Nessa altura, o Santuário, que este ano te chamou e te acompanhou ao longos de dez dias deste maio – afinal um maio de graça – nesta peregrinação interior, estará disponível para te ajudar de todos os modos possíveis para que cada tua peregrinação a Fátima seja em verdade a experiência de peregrinares como peregrino pelo coração.
Como ontem nos despedíamos, Nossa Senhora vela por ti e conduz a tua sede à fonte, a tua procura ao caminho, a adoração e o amor a Deus, na luz que se reflete nas suas mãos e te envolve e comunica intimamente. Peregrino pelo coração, reza o terço todos os dias para alcançar a paz para o mundo. Até sempre.

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