segunda-feira, 7 de abril de 2025

 QUARESMA PASSO A PASSO - 2025

Terça-feira V da Quaresma – dia 30- 08/04/2025

Evangelho Jo 8, 21-30

«Eu vou partir»;

«Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que ‘Eu sou’ e que por Mim nada faço, mas falo como o Pai Me ensinou.»;

«Quem és Tu?».

Jesus, hoje, convida à fé, que eleva o olhar do homem para o alto. Mas os chefes do Judeus, mais uma vez, «não perceberam». Jesus é sinal de contradição. Sê-lo-á maximamente quando for erguido na cruz. Aí, ao realizar o projeto de salvação, revelará os pensamentos secretos dos corações e manifestará definitivamente a Sua identidade de Filho, que diz e cumpre a vontade do Pai. Enquanto se aprofunda o abismo entre Jesus e os seus adversários, o evangelista termina com uma nota de esperança.

"Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Eu vou partir. Haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado. Vós não podeis ir para onde Eu vou». Diziam então os judeus: «Irá Ele matar-Se? Será por isso que Ele afirma: ‘Vós não podeis ir para onde Eu vou’?» Mas Jesus continuou, dizendo: «Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo. Ora Eu disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditardes que ‘Eu sou’, morrereis nos vossos pecados». Então perguntaram-Lhe: «Quem és Tu?» Respondeu-lhes Jesus: «Absolutamente aquilo que vos digo. Tenho muito que dizer e julgar a respeito de vós. Mas Aquele que Me enviou é verdadeiro e Eu comunico ao mundo o que Lhe ouvi». Eles não compreenderam que lhes falava do Pai. Disse-lhes então Jesus: «Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que ‘Eu sou’ e que por Mim nada faço, mas falo como o Pai Me ensinou. Aquele que Me enviou está comigo: não Me deixou só, porque Eu faço sempre o que é do seu agrado». Enquanto Jesus dizia estas palavras, muitos acreditaram n’Ele."

Jesus alude à salvação por meio da Cruz, de que o episódio da serpente de bronze colocada sobre um poste (Leitura I - Nm 21, 4-9), é um símbolo. A serpente de bronze foi erguida sobre um poste; Jesus deve ser erguido na cruz. A expressão que vem no evangelho de S. João, referente ao erguer de Cristo na cruz, significa algo como a Sua exaltação, a Sua glorificação. Deus, querendo glorificar o Seu Filho, deixou que fosse «erguido» na Cruz. Uma tal glória pode parecer estranha a um olhar simplesmente humano. Mas o olhar da fé permite-nos entrever uma totalidade de comunhão, intimidade  e Amor entre Jesus e o Pai.

A graça que brota da cruz de Cristo, torna-nos capazes de percorrer o caminho da justiça. É verdade que, por nós mesmos, não podemos ir para onde Ele está, porque não somos autores da nossa salvação. Mas, se erguermos os nossos olhos, obscurecidos pelo pecado, para Aquele que, como diz S. Paulo, foi tornado pecado por nós, nesse cruzar de olhares - porque também Ele nos olha do alto da cruz - havemos de descobrir, não só que estamos no caminho certo, mas que a nossa felicidade eterna já começou.

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Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Ámen.

A serpente certamente não é um animal agradável: está sempre associada ao mal. Até na revelação a serpente é o animal que o diabo usa para induzir ao pecado. No Apocalipse o diabo é chamado «a antiga serpente»,  que desde o início morde, envenena, destrói, mata. É por isso que não pode vencer. Se quiseres ter sucesso como alguém que propõe coisas bonitas, estas são fantasias: nós acreditamos nelas e por isso pecamos. Foi isto que aconteceu com o povo de Israel: não suportou a viagem. Estava cansado. E o povo pôs-se contra Deus e contra Moisés. É sempre a mesma música, não é? «Porque nos fizestes sair do Egito, para morrermos no deserto onde não há pão nem água? Estamos enfastiados deste alimento miserável» (Cf. Nm 21,4-5). E a imaginação - lemos isso nos últimos dias - volta sempre ao Egito: «Mas, lá estávamos bem, comíamos bem...». E parece que o Senhor também não suportou o povo naquele momento. Enfureceu-se: às vezes vê-se a ira de Deus... Então o Senhor enviou entre o povo serpentes ardentes que morderam as pessoas e elas morreram. «Muitos morreram em Israel» (Nm 21, 6). Naquele momento, a serpente é sempre a imagem do mal: o povo vê na serpente o pecado, vê na serpente o que fez o mal. E foram ter com Moisés, dizendo: «Pecamos, murmurando contra o Senhor e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós essas serpentes» (Nm 21, 7). Arrepende-se. Esta é a história no deserto. Moisés orou pelo povo e o Senhor disse a Moisés: «Faz uma serpente ardente  e coloca-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido  olhando para ela, viverá» (Nm 21, 8).

Este facto faz-me pensar: não se trata de idolatria? Ali está a serpente, um ídolo, que me dá saúde... Não se entende. Logicamente, não se compreende, porque isto é uma profecia, é um anúncio do que acontecerá . Porque também a ouvimos como uma profecia próxima, no Evangelho: «Quando elevardes o Filho do Homem, então sabereis quem sou e que por Mim nada faço» (Jo 8, 28). Jesus elevado: na cruz. Moisés faz uma serpente e eleva-a. Jesus será elevado, como a serpente, para dar a salvação. Mas o cerne da profecia é precisamente que Jesus se fez pecado por nós. Não tem pecado: fez-se pecado. Como diz São Pedro na sua Carta: «Ele que suportou  os nossos pecados» (cf. 1 Pd 2, 24). E quando olhamos para o crucificado, pensemos no Senhor que sofre: tudo isto é verdade. Mas reflitamos antes de alcançar o centro dessa verdade: neste momento, Tu pareces o maior pecador, tornaste-Te pecador. Assumiste sobre ti todos os nossos pecados, Ele aniquilou-se até agora. A cruz, é verdade, é um tormento, há a vingança dos doutores da Lei, daqueles que não queriam Jesus: tudo isso é verdade. Mas a verdade que vem de Deus é que Ele veio ao mundo para assumir os nossos pecados em Si mesmo até ao ponto de se tornar pecado. Todo o pecado. Os nossos pecados estão ali.

Devemos acostumar-nos a olhar para o crucificado sob esta luz, que é a mais verdadeira, a luz da redenção. Em Jesus que se fez pecado, vemos a derrota total de Cristo. Ele não finge morrer, ele não finge não sofrer, sozinho, abandonado... «Meu Deus, porque Me abandonaste?» (cf. Mt 27, 46; Mc 15, 34). Uma serpente: sou erguido como uma serpente, como aquele que é todo pecado.

Não é fácil entender isto, e se pensarmos, nunca chegaremos a uma conclusão. Devemos unicamente contemplar, rezar e dar graças.

Papa Francisco 
(Homilia em Santa Marta31 de março de 2020)

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