QUARESMA PASSO A PASSO - 2025
Segunda-feira V da Quaresma – dia 28 - 07/04/2025
Evangelho Jo 8, 1-11
«Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra».
Diante do mundo é fácil ficar do lado dos mais fortes, dos que falam mais alto e levantam os braços com mais força. Mas defender os humildes e os humilhados deste mundo é atitude reservada a homens especiais, de elevada estatura. Jesus é "O Verdadeiro Homem". Ele não fica do lado da força pela força, mas do lado da verdade pelo amor.
Jesus vive uma situação instável. Não pode andar abertamente entre o povo. Ele aparece e desaparece. Foi para o Monte das Oliveiras, mas de manhã apareceu de novo no Templo. Estava a ensinar. O seu ensinamento nem sempre coincide com as ideias dos fariseus e dos chefes do povo. Por isso é confrontado com situações reais às quais há que aplicar a lei. Hoje é uma mulher apanhada em adultério que serve de pretexto para interrogar Jesus. A Lei deve ser aplicada? É a questão. Como entende Jesus? Como vê Ele a situação da mulher perante a Lei? “Tu que dizes?” A resposta de Jesus é decisiva “Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra”. Mas esta resposta fere o coração, a alma e o orgulho dos acusadores. Perderam, mas não ficaram vencidos e Jesus sabe disso. Vai ter que se confrontar com eles noutro momento, quando O condenarem a Ele por não ter condenado a mulher adúltera.
“Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar. Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar».”
Diante do mundo é fácil ficar do lado dos mais fortes, dos que falam mais alto e levantam os braços com mais força. Mas defender os humildes e os humilhados deste mundo é atitude reservada a homens especiais, de elevada estatura. Jesus é "O Verdadeiro Homem". Ele não fica do lado da força pela força, mas do lado da verdade pelo amor.
O texto que escutamos, mostra-nos ainda a mansidão com que Jesus se aproxima da Sua paixão.(...)Dá-nos a medida da profundidade da misericórdia divina, se tal se pode dizer de uma misericórdia infinita. Deus amou-nos até ao fim, enviando o Seu Filho para tomar sobre Si os nossos pecados, para nos perdoar e nos dar uma vida nova, de relação íntima com Ele, em Jesus Cristo.
Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Ámen.
Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje, que é o mesmo de ontem, Quinto Domingo de Quaresma (cf. Jo 8, 1-11) é tão bonito, eu gosto muito de o ler e reler. Apresenta o episódio da mulher adúltera, frisando o tema da misericórdia de Deus, que nunca deseja a morte do pecador, mas que se converta e viva. O episódio tem lugar na esplanada do templo. Imaginai-a ali, no adro [da basílica de São Pedro]. Jesus está a ensinar à multidão, e eis que chegam alguns escribas e fariseus que arrastam diante dele uma mulher surpreendida em adultério. Assim, aquela mulher encontra-se no meio, entre Jesus e a multidão (cf. v. 3), entre a misericórdia do Filho de Deus e a violência, a raiva dos seus acusadores. Na realidade, eles não vieram ter com o Mestre para lhe pedir o seu parecer — eram pessoas maldosas — mas para lhe armar uma cilada. De facto, se Jesus seguir a rigidez da lei, aprovando a lapidação da mulher, perderá a sua fama de mansidão e de bondade que tanto fascina o povo; ao contrário, se quiser ser misericordioso, terá que ir contra a lei, que Ele mesmo disse que não queria abolir mas cumprir (cf. Mt 5, 17). E Jesus é posto nesta situação.
Esta má intenção esconde-se sob a pergunta que fazem a Jesus: «Tu o que dizes?» (v. 5). Jesus não responde, fica em silêncio e faz um gesto misterioso: «Inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo» (v. 7). Talvez fizesse desenhos, alguns dizem que escrevia os pecados dos fariseus... contudo, escrevia, era como se estivesse noutra parte. Desta forma convida todos à calma, a não agir levados pela impulsividade, e a procurar a justiça de Deus. Mas eles, os maus, insistem e esperam d’Ele uma resposta. Parecia que tinham sede de sangue. Então Jesus levanta o olhar e diz: «Aquele que dentre vós estiver sem pecado atire a pedra contra ela» (v. 7). Esta resposta surpreende os acusadores, desarmando-os todos no verdadeiro sentido da palavra: todos abandonaram as «armas», ou seja, pedras prontas para serem lançadas, quer as visíveis contra a mulher, quer as escondidas contra Jesus. E enquanto o Senhor continua a escrever no chão com o dedo, a fazer desenhos, não sei..., os acusadores vão-se embora um depois do outro, de cabeça baixa, começando pelos mais idosos, mais cientes de não estarem sem pecado. Como nos faz bem estar cientes de que também nós somos pecadores! Quando falamos mal dos outros — estas são coisas que conhecemos bem — como nos fará bem ter a coragem de deixar cair no chão as pedras que temos para atirar contra os outros, e pensar um pouco nos nossos pecados!
Permaneceram ali só a mulher e Jesus: a miséria e a misericórdia, uma diante da outra. E quantas vezes isto nos acontece a nós quando nos ajoelhamos no confessionário, com vergonha, para mostrar a nossa miséria e pedir perdão! «Mulher, onde estão» (v. 10), diz-lhe Jesus. E é suficiente esta constatação, e o seu olhar cheio de misericórdia, cheio de amor, para fazer sentir àquela pessoa — talvez pela primeira vez — que tem uma dignidade, que ela não é o seu pecado, ela tem uma dignidade de pessoa; que pode mudar de vida, pode sair das suas escravidões e caminhar por uma via nova.
Queridos irmãos e irmãs, aquela mulher representa todos nós, que somos pecadores, ou seja, adúlteros diante de Deus, traidores da sua fidelidade. E a sua experiência representa a vontade de Deus por cada um de nós: não a nossa condenação, mas a nossa salvação através de Jesus. Ele é a graça, que salva do pecado e da morte. Ele escreveu na terra, no pó com o qual é feito cada ser humano (cf. Gn 2, 7), a sentença de Deus: «Não quero que morras, mas que vivas». Deus não nos deixa amarrados ao nosso pecado, não nos identifica com o mal que cometemos. Temos um nome, e Deus não identifica este nome com o pecado que cometemos. Quer libertar-nos, e pretende que também nós o queiramos juntamente com Ele. Deseja que a nossa liberdade se converta do mal em bem, e isto é possível — é possível! — com a Sua graça.
A Virgem Maria nos ajude a confiarmo-nos completamente à misericórdia de Deus, para nos tornarmos criaturas novas.
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