quarta-feira, 16 de abril de 2025

 QUARESMA PASSO A PASSO - 2025

SEMANA SANTA

Quinta-feira da Semana Santa -1ºdia do Tríduo Pascal - dia 38 - 17/04/2025 

Evangelho Jo 13, 1-15

«Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também»

O início do Tríduo Pascal é a Quinta-Feira Santa (...) No Cenáculo o Redentor quis antecipar, no Sacramento do pão e do vinho transformados no Seu Corpo e no Seu Sangue, o sacrifício da Sua vida: ele antecipa esta Sua morte, entrega livremente a Sua vida, oferece o dom definitivo de Si à humanidade. Com o lava-pés, repete-se o gesto com que Ele, tendo amado os seus, os amou até ao extremo (cf. Jo 13, 1) e deixou aos discípulos como seu distintivo este ato de humildade, o amor até à morte. Depois da Missa in Cena Domini, a liturgia convida os fiéis a permanecer em adoração ao Santíssimo Sacramento, revivendo a agonia de Jesus no Getsémani. E vemos como os discípulos dormiram, deixando o Senhor sozinho.  Também hoje nós, seus discípulos, muitas vezes dormimos. Na noite santa do Getsémani queremos estar vigilantes, não queremos deixar o Senhor sozinho nesta hora; assim podemos compreender melhor o mistério da Quinta-Feira Santa, que inclui o tríplice dom do Sacerdócio ministerial, da Eucaristia e do mandamento novo do amor (ágape).

Papa Bento XVI
       (in Audiência Geral , 4 de abril de 2007)

"Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar, Jesus, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade, sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha, que pôs à cintura. Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura. Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais lavar-me os pés?». Jesus respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde». Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo». Simão Pedro replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça». Jesus respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos». Jesus bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que acrescentou: «Nem todos estais limpos». Depois de lhes lavar os pés, Jesus tomou o manto e pôs-Se de novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também»."

Nesta quinta-feira, Jesus estava à mesa com os discípulos, celebrando a festa da Páscoa. A passagem do Evangelho que escutamos contém uma frase que é justamente o centro daquilo que Jesus fez por todos nós: «Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim» (Jo 13,1). Jesus amou-nos. Jesus ama-nos. Sem limites, sempre, até o final. O amor de Jesus por nós não tem limites: sempre mais, sempre mais. Nunca se cansa de amar ninguém. Ama todos nós, ao ponto de dar a sua vida por nós. Sim, dar a vida por nós; sim dar a vida por todos nós, dar a vida por cada um de nós. E cada um de nós pode dizer: “Ele deu a vida por mim”. Cada um. Deu a vida por ti, por ti, por ti, por mim, por ele... por cada um, com nome e sobrenome. O seu amor é assim: pessoal. O amor de Jesus nunca dececiona, porque Ele nunca se cansa de amar, como não se cansa de perdoar, não se cansa de nos abraçar. Esta é a primeira coisa que vos queria dizer: Jesus nos amou, cada um de nós, até ao fim.

Em seguida, faz isto que os discípulos não entendiam: lavar os pés. Naquele tempo, isso era um costume, era um hábito, pois quando uma pessoa chegava numa casa, estava com os pés imundos com o pó da estrada; não existiam os paralelepípedos naquele tempo... Havia o pó da estrada. E na entrada da casa, os seus pés eram lavados. Mas isso não era o dono da casa que fazia, eram os escravos que o faziam. Era um trabalho de escravos. E Jesus, como escravo, lava os nossos pés, os pés dos discípulos, e por isso diz: «Agora, não entendes – dirigia-se a Pedro - o que estou a fazer; mais tarde compreenderás» (Jo 13,7). Jesus: tão grande é o seu amor que se fez escravo para nos servir, para nos curar, para nos limpar.

E hoje, nesta Missa, a Igreja pede que o sacerdote lave os pés de doze pessoas, em memória dos Doze Apóstolos. Mas devemos ter a certeza no nosso coração, devemos estar certos que o Senhor, quando nos lava os pés, nos lava por inteiro, nos purifica, nos faz sentir mais uma vez o seu amor. Na Bíblia, há uma frase, no livro do profeta Isaías, muito bela, que diz: «Pode uma mãe esquecer-se do seu filho? Mas, ainda que uma mãe se esquecesse do seu filho, eu nunca me esquecerei de ti» (cf. 49,15). Assim é o amor de Deus por nós.

E hoje eu lavarei os pés de doze de vós, mas nestes irmãos e irmãs todos estais presentes, todos, todos. Todos aqueles que moram aqui. Vós os representais. Mas eu também tenho necessidade de ser lavado pelo Senhor, e por isso rezai durante esta missa para que o Senhor também lave as minhas sujeiras, para que eu me torne mais escravo de vós, mais escravo no serviço das pessoas, como o foi Jesus.

Papa Francisco
(Homilia na Igreja "Padre Nosso", Novo Pavilhão do Presídio de Rebibbia, Roma, 2 de abril de 2015)

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