sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

  Ano C - 2024

Advento passo a passo 

14ºdia - 14/12/2024

Mateus 11,16-19

«Também assim hão de fazer sofrer o Filho do Homem.»

Jesus desce do monte depois da transfiguração. Ali os discípulos contemplaram a glória de Deus e viram-no a falar com Moisés e Elias, a lei e os profetas, os dois que encarnam a promessa de Deus para o seu povo. Os discípulos questionam Jesus sobre a vinda de Elias e Jesus explica que os doutores da lei, que conhecem as Escrituras, não quiseram ver “Elias”, mas ele já veio, ou seja, que já veio aquele que prepara o coração do povo para achegada da salvação. Do mesmo modo, não vão querer ver nele o Messias Salvador. Pedro, Tiago e João entendem que Jesus está a falar de João Batista e Jesus anuncia a sua própria morte.

Naquele tempo, ao descerem do monte, os discípulos fizeram a Jesus esta pergunta: «Então, por que é que os doutores da Lei dizem que Elias há de vir primeiro?» Ele respondeu: «Sim, Elias há de vir e restabelecerá todas as coisas. Eu, porém, digo-vos: Elias já veio, e não o reconheceram; trataram-no como quiseram. Também assim hão de fazer sofrer o Filho do Homem.» Então, os discípulos compreenderam que se referia a João Batista.

Senhor, que viestes salvar os corações atribulados, dispõe-me para te acolher naqueles que envias à minha vida e preparam em mim o encontro contigo e não permitas que o orgulho me convença a fechar os olhos à Tua chegada, para poder ver a verdade para lá das opiniões.

www.aliturgia.com

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

(...)

Mas que significa «perder a vida por causa de Jesus»? Isto pode acontecer de dois modos: confessando explicitamente a fé, ou defendendo de modo implícito a verdade. Os mártires são o exemplo máximo do perder a vida por Cristo. Em dois mil anos uma multidão imensa de homens e mulheres sacrificaram a vida para permanecer fiéis a Jesus Cristo e ao seu Evangelho. E hoje, em numerosas partes do mundo, há muitos, muitíssimos — mais do que nos primeiros séculos — muitos mártires, que dão a própria vida por Cristo, que são levados à morte por não renegarem Jesus Cristo. Esta é a nossa Igreja. Hoje temos mais mártires do que nos primeiros séculos! Mas há também o martírio quotidiano, que não implica a morte mas é também ele um «perder a vida» por Cristo, cumprindo o próprio dever com amor, segundo a lógica de Jesus, a lógica da doação, do sacrifício. Pensemos: quantos pais e mães todos os dias põem em prática a sua fé oferecendo concretamente a própria vida pelo bem da família! Pensemos neles! Quantos sacerdotes, frades, freiras, desempenham com generosidade o seu serviço pelo reino de Deus! Quantos jovens renunciam aos próprios interesses para se dedicarem às crianças, aos deficientes, aos idosos... Também eles são mártires! Mártires diários, do dia-a-dia!

E há também muitas pessoas, cristãs e não cristãs, que «perdem a própria vida» pela verdade. E Cristo disse «Eu sou a verdade», por conseguinte quem serve a verdade serve Cristo. Uma destas pessoas, que deu a vida pela verdade, foi João Baptista: (...) João foi escolhido por Deus para preparar o caminho diante de Jesus, e indicou-o ao povo de Israel como o Messias, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1, 29). João consagrou-se totalmente a Deus e ao seu enviado, Jesus. Mas, no final, o que aconteceu? Morreu pela causa da verdade, quando denunciou o adultério do rei Herodes com Herodíades. Quantas pessoas pagam caro o compromisso pela verdade! Quantos homens retos preferem ir contra a corrente, para não renegar a voz da consciência, a voz da verdade! Pessoas retas, que não receiam ir contra a corrente! E nós, não devemos ter medo! Entre vós há muitos jovens. A vós jovens digo: não tenhais medo de ir contra a corrente, quando nos querem roubar a esperança, quando nos propõem estes valores estragados, valores como uma refeição deteriorada que nos faz mal; estes valores fazem-nos mal. Devemos ir contra a corrente! E vós jovens, sede os primeiros: ide contra a corrente e tende este orgulho precisamente de ir contra a corrente. Em frente, sede corajosos e ide contra a corrente. E senti-vos orgulhosos por fazê-lo!

Queridos amigos, acolhamos com alegria esta palavra de Jesus. É uma regra de vida proposta a todos. E são João Baptista nos ajude a pô-la em prática. Precede-nos neste caminho, como sempre, a nossa Mãe, Maria Santíssima: Ela perdeu a sua vida por Jesus, até à Cruz, e recebeu-a em plenitude, com toda a luz e beleza da Ressurreição. Ajude-nos Maria a fazer cada vez mais nossa a lógica do Evangelho.

Papa Francisco
(Angelus, 23 de junho de 2013)

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