sábado, 7 de dezembro de 2024

 Ano C - 2024

Advento passo a passo

  II DOMINGO DO ADVENTO 

 SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM SANTA MARIA

 

A solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria celebra a digna morada que Deus preparou para o seu Filho, em atenção aos méritos futuros da morte de Cristo. Desde a sua Conceição, a Virgem Maria foi preservada de toda a culpa original, por singular privilégio de Deus, como foi definido solenemente pelo papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1854, como verdade dogmática recebida por antiga tradição, atestada liturgicamente desde o século XI.

Na 1ªleitura (Gn3,9-15.20) Deus pergunta pelo homem: “onde estás?”. É a pergunta mais dramática que o homem pode ouvir.  Podemos dizer que toda a vida do homem se resume a saber onde está. Onde é que realmente estou? O homem está escondido, nu e enganado. Escondido de si mesmo da mulher e de Deus. Nu, vazio, sem rumo, sem razão, sem sentido. Foi enganado pela serpente ou pela sua curiosidade? Ou porque queria ser como Deus? Ou queria viver sem Deus? Agora precisa de uma outra mulher. Uma mulher capaz de vencer a serpente sem se deixar enganar. Uma mulher que Deus pode encontrar no seu lugar porque não se esconde. Maria é essa mulher.

Depois de Adão ter comido da árvore, o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe: «Onde estás?». Ele respondeu: «Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim e, como estava nu, tive medo e escondi-me». Disse Deus: «Quem te deu a conhecer que estavas nu? Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?». Adão respondeu: «A mulher que me destes por companheira deu-me do fruto da árvore e eu comi». O Senhor Deus perguntou à mulher: «Que fizeste?» E a mulher respondeu: «A serpente enganou-me e eu comi». Disse então o Senhor Deus à serpente: «Por teres feito semelhante coisa, maldita sejas entre todos os animais domésticos e entre todos os animais selvagens. Hás de rastejar e comer do pó da terra todos os dias da tua vida. Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta te esmagará a cabeça e tu a atingirás no calcanhar». O homem deu à mulher o nome de ‘Eva’, porque ela foi a mãe de todos os viventes.


Ao escutarmos S.Paulo neste hino da carta aos efésios (Ef 1,3-6.11-12), somos desafiados a contemplar o infinito Amor do Pai, manifestado em Cristo desde antes da criação do mundo. O Pai pensa em mim, em ti, em cada um de nós. O Pai sustém-nos com as Suas bênçãos e com a Sua Graça, para que cada um seja filho e herdeiro no Filho. A Sua vontade a respeito de mim, de ti, de nós é o grande mistério do amor que se derrama sobre cada um, para que se renda ao Amor e se torne a Sua imagem, no Filho amado.

Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a fim de sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho. Em Cristo fomos constituídos herdeiros, por termos sido predestinados, segundo os desígnios d’Aquele que tudo realiza conforme a decisão da sua vontade, para sermos um hino de louvor da sua glória, nós que desde o começo esperamos em Cristo.

O texto de Lucas (Lc1,26-38) conta como, no segredo de Nazaré, Deus Se fez homem no seio de Maria. Uma jovem, quando nada o fazia adivinhar, vê-se repleta da atenção de Deus, que enche o lugar onde ela se encontra. A voz do anjo inquieta o coração da jovem e a notícia faz tremer os alicerces da sua existência. Na força do Espírito Santo entrega-se totalmente e diz "SIM" à vontade de Deus

Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que era descendente de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».

Maria, Imaculada, Mãe do meu Senhor, no silêncio do meu coração quero aprender contigo a acolher a voz de Deus, o Seu olhar e os Seus desafios. Sei que não é fácil dizer e viver a tua disponibilidade: “Eis a escrava do Senhor, faça-se segundo a Tua palavra”, porque estas palavras podem levar-me até ao limite da entrega, no mistério da cruz. Ensina-me a alegria de dizer sim, sem o medo das consequências.

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Amados irmãos e irmãs, bom dia e boa festa!

Hoje, Solenidade da Imaculada Conceição, o Evangelho apresenta-nos a cena da Anunciação (cf. Lc 1, 26-38). Ela mostra duas atitudes de Maria que ajudam a compreender como ela guardou o dom único que recebeu, o de um coração totalmente livre do pecado. E estas duas atitudes são a admiração perante as obras de Deus e a fidelidade nas coisas simples.

Vejamos a primeira: a admiração. O Anjo diz a Maria: «Alegra-te, ó cheia de graça: o Senhor está contigo» (v. 28) e o evangelista Lucas nota que a Virgem «ficou muito perturbada e interrogava-se sobre o significado dessas palavras» (v. 29). Ela fica surpreendida, impressionada, perturbada: fica espantada quando lhe chamam “cheia de graça” - Nossa Senhora é humilde, isto é, cheia do amor de Deus. É uma atitude nobre: saber maravilhar-se com os dons do Senhor, sem nunca os dar por certos, apreciando o seu valor, alegrando-se com a confiança e a ternura que eles trazem. E é também importante testemunhar essa admiração perante os outros, falando humildemente dos dons de Deus, do bem recebido, e não apenas dos problemas quotidianos. Ser mais positivo. Podemos perguntar-nos: sou capaz de me admirar com as obras de Deus? Por vezes, sinto-me maravilhado e partilho-o com alguém? Ou procuro sempre as coisas más, as coisas tristes?

E chegamos à segunda atitude: a fidelidade nas coisas simples. O Evangelho, antes da Anunciação, não diz nada sobre Maria. Apresenta-a como uma jovem simples, aparentemente igual a tantas outras que viviam na sua aldeia. Uma jovem que, precisamente graças à sua simplicidade, conservou puro aquele Coração Imaculado com o qual, pela graça de Deus, foi concebida. E também isto é importante, porque, para acolher os grandes dons de Deus, é decisivo saber valorizar aqueles que são mais comuns e menos aparentes.

Foi precisamente com a fidelidade quotidiana no bem que Nossa Senhora deixou crescer nela o dom de Deus; foi assim que ela se formou para responder ao Senhor, para lhe dizer “sim” com toda a sua vida.

Então perguntemo-nos: acredito que o importante, quer nas situações diárias quer no caminho espiritual, é a fidelidade a Deus? E, se acredito nisto, encontro tempo para ler o Evangelho, para rezar, para participar na Eucaristia e receber o Perdão sacramental, para fazer algum gesto concreto de serviço gratuito? Estas pequenas escolhas quotidianas são decisivas para acolher a presença do Senhor.

Que Maria Imaculada nos ajude a maravilharmo-nos com os dons de Deus e a responder-lhes com a generosidade fiel todos os dias.


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