Ano C - 2024
III DOMINGO DO ADVENTO
Neste domingo
a liturgia apresenta-nos as razões para celebrarmos a alegria, num tempo de
vigilância, arrependimento e espera, como é o Advento: “O Senhor está próximo.
Não vos inquieteis com coisa alguma” e “O Senhor teu Deus está no meio de ti,
como poderoso salvador”. Assentes num Deus que nos habita e nos ama
infinitamente, não podemos senão louvá-L’O e alegrarmo-nos n’Ele.
Na
1ªleitura (Sof 3,
14-18a) o profeta desafia o povo de Israel e também cada
um de nós, a manifestarmos alegria, porque o nosso Deus, nos habita e nos
renova com o Seu Amor. Deus, que é todo Amor, está no meio de nós e,
conhecendo-nos, como nos conhece, na totalidade do que somos, no mais íntimo de
nós próprios, ama-nos sem limites. Alegremo-nos, porque Deus ama assim,
infinita e incomparavelmente, cada um de nós, tal qual é. Deixemo-nos amar por
Ele e entreguemo-nos de coração.
“Clama
jubilosamente, filha de Sião; solta brados de alegria, Israel. Exulta, rejubila
de todo o coração, filha de Jerusalém. O Senhor revogou a sentença que te
condenava, afastou os teus inimigos. O Senhor, Rei de Israel, está no meio de
ti e já não temerás nenhum mal. Naquele dia, dir-se-á a Jerusalém: «Não temas,
Sião, não desfaleçam as tuas mãos. O Senhor teu Deus está no meio de ti, como
poderoso salvador. Por causa de ti, Ele enche-Se de júbilo, renova-te com o seu
amor, exulta de alegria por tua causa, como nos dias de festa».”
Na 2ªleitura (Filip 4, 4-7) S.Paulo vem, na mesma linha
de Sofonias, na 1ªleitura, convidar-nos a alegrarmo-nos, sempre no Senhor,
porque Ele está tão, tão próximo, que vive no meio de nós. Deixemo-nos habitar,
por inteiro, por este Deus que se enamorou “perdidamente” por cada um de nós e
nos quer infinitamente.
“Irmãos: Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos
digo: alegrai-vos. Seja de todos conhecida a vossa bondade. O Senhor está
próximo. Não vos inquieteis com coisa alguma; mas em todas as circunstâncias,
apresentai os vossos pedidos diante de Deus, com orações, súplicas e ações de
graças. E a paz de Deus, que está acima de toda a inteligência, guardará os
vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.”
No Evangelho de hoje (Lc 3, 10-18) continuamos a escutar, de S.João Batista, o
anúncio da Boa Nova. Exorta-nos a continuarmos o caminho de conversão,
arrependimento e vigilância, para prepararmos a chegada do Filho Deus. Sigamos
os seus conselhos.
“Naquele tempo, as multidões perguntavam a João Baptista: «Que devemos fazer?». Ele respondia-lhes: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo». Vieram também alguns publicanos para serem batizados e disseram: «Mestre, que devemos fazer?». João respondeu-lhes: «Não exijais nada além do que vos foi prescrito». Perguntavam-lhe também os soldados: «E nós, que devemos fazer?». Ele respondeu-lhes: «Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo». Como o povo estava na expetativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias, ele tomou a palavra e disse a todos: «Eu batizo-vos com água, mas está a chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo. Tem na mão a pá para limpar a sua eira e recolherá o trigo no seu celeiro; a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga». Assim, com estas e muitas outras exortações, João anunciava ao povo a Boa Nova».”
Envia Senhor, sobre mim, o Teu Santo Espírito. Tem compaixão de mim e converte-me, de coração, a Deus.
Estimados
irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho da Liturgia de
hoje, terceiro Domingo de Advento, apresenta-nos vários grupos de pessoas – as
multidões, os publicanos e os soldados – que são tocados pela pregação de João
Baptista e depois perguntam-lhe: «O que devemos fazer?» (Lc 3, 10). O
que devemos fazer? Esta é a pergunta que fazem. Reflitamos um momento
sobre esta questão.
Essa pergunta não vem de um
sentido de dever. Pelo contrário, é o coração tocado pelo Senhor, é o
entusiasmo pela sua vinda que leva a dizer: o que devemos fazer? João
afirma: “O Senhor está próximo” – “O que fazer?”. Demos um exemplo: pensemos
que um ente querido nos vem visitar. Aguardamo-lo com alegria e impaciência. A
fim de o receber adequadamente, limparemos a casa, prepararemos a melhor
refeição possível, talvez um presente... Em suma, daremos o melhor de nós.
Assim acontece com o Senhor, a alegria pela sua vinda faz-nos dizer: o
que devemos fazer? Mas Deus formula esta questão a um nível mais
elevado: o que devo fazer da minha vida? A que sou chamado? O que me realiza?
Ao colocar esta questão, o
Evangelho recorda-nos algo importante: a vida apresenta-nos uma tarefa. A vida
não é inútil, não é deixada ao acaso. Não! É um dom que o Senhor nos dá,
dizendo-nos: descobre quem és, e trabalha para realizar o sonho que é a tua
vida! Cada um de nós – não nos esqueçamos – é uma missão a realizar.
Portanto, não tenhamos medo de perguntar ao Senhor: o que devo fazer?
Repitamos-Lhe frequentemente esta pergunta. Ela aparece também na Bíblia: nos
Atos dos Apóstolos algumas pessoas, ouvindo Pedro que anunciava a ressurreição
de Jesus, «emocionaram-se até ao fundo do coração com essas palavras. E
perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Que havemos de fazer?”»
(cf. 2, 37).
Perguntemo-nos também nós: o que é bom fazer por mim e pelos irmãos? Como posso
contribuir para o bem da Igreja, para o bem da sociedade? O Tempo de Advento
serve para isto: parar e perguntarmo-nos como preparar o Natal. Estamos ocupados
com tantos preparativos, com dons e coisas que passam, mas perguntemo-nos o que
devemos fazer por Jesus e pelos outros! O que devemos fazer?
A esta pergunta “o que devemos
fazer?” responde João Batista no Evangelho, diferentemente para cada
grupo. Com efeito, João recomenda a quantos têm duas túnicas para partilhar
com aqueles que não têm nenhuma; aos publicanos, que cobram impostos, diz:
«Nada exijais além do que vos foi estabelecido» (Lc 3, 13); e aos soldados: «Não exerçais violência sobre
ninguém» (v. 14).
A cada um foi dirigida uma palavra específica, relativa à situação real da sua
vida. Isto oferece-nos um precioso ensinamento: a fé encarna-se na vida
concreta. Não se trata de uma teoria abstrata. A fé não é uma teoria
abstrata, uma teoria generalizada, não, a fé toca a carne e transforma a vida
de cada um. Pensemos sobre a concretismo da nossa fé. Eu, a minha fé: é algo
abstrato ou concreto? Levo-a adiante ao serviço dos outros, na ajuda?
E assim, concluindo,
perguntemo-nos: o que posso fazer concretamente? Nestes dias, à medida que nos
aproximamos do Natal. Como posso fazer a minha parte? Assumamos um compromisso
concreto, mesmo que pequeno, que se ajuste à nossa situação de vida, e levemo-lo
a cabo para nos prepararmos para este Natal. Por exemplo: posso telefonar
àquela pessoa sozinha, visitar aquele idoso ou doente, fazer algo para servir
um pobre, um necessitado. Ou ainda: talvez eu tenha um perdão a pedir ou a
conceder, uma situação a esclarecer, uma dívida a saldar. Talvez tenha
negligenciado a oração, e depois de tanto tempo é hora de me aproximar do
perdão do Senhor. Irmãos e irmãs, encontremos algo concreto e realizemo-lo! Que
nos ajude Nossa Senhora, em cujo ventre Deus se fez carne.
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