Ano C - 01/01/2025
SOLENIDADE DE SANTA MARIA MÃE
DE DEUS
A Liturgia de hoje comemora
várias realidades:
celebra-se a solenidade
da MÃE DE DEUS - "Theotokos" - título
atribuído no Concílio de Éfeso, em 431, que sublinha a natureza humana e divina
de Cristo. A Virgem Maria é mãe de Deus feito homem;
celebra-se o DIA
MUNDIAL DA PAZ - Em 1968, o papa Paulo VI quis que, neste dia, os
cristãos rezassem pela paz;
celebra-se o PRIMEIRO
DIA DO ANO CIVIL - é o início de uma caminhada que desejamos percorrer
com a Bênção de Deus.
Na
1ªleitura (Num 6,
22-27) o autor sagrado sublinha a presença contínua de
Deus na nossa caminhada. Trata-se de uma linda oração de Bênção do Antigo
Testamento em que pedimos a proteção de Deus, para hoje, primeiro dia do ano, mas
também para todos os outros dias do ano.
“O Senhor
disse a Moisés: «Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis
os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça
brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus
olhos e te conceda a paz’. Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel
e Eu os abençoarei».”
Na
2ªleitura (Gl 4,4-7) S.Paulo afirma que Cristo vem ao
mundo, nascido de uma Mulher, mas sendo “Filho de Deus”, Ele é o Único que
pode, por direito de nascimento, chamar a Deus "Abá" (paizinho). A
Sua missão é libertar os homens do jugo da Lei e de os tornar, n’Ele,
"filhos" adotivos do Pai. Por isso, Maria é chamada verdadeiramente "Mãe
de Deus", como o celebramos na festa de hoje.
“Irmãos:
Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma
mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos
tornar seus filhos adotivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos
corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Abá! Pai!». Assim, já não és
escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.”
No evangelho (Lc 2,16-21), em que
Maria nos parece plenamente feliz, recebendo a visita dos pastores, S.Lucas
apresenta Jesus como o Libertador, que veio ao mundo com uma mensagem de
salvação para todos, especialmente para os pobres e marginalizados.
“Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado. Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno.
A exemplo de MARIA, Mãe de Deus e Rainha da Paz, que eu aprenda a SEMEAR PAZ, ao redor de mim.
Estimados irmãos e irmãs, feliz Ano
Novo!
Neste dia, em que celebramos Maria
Santíssima Mãe de Deus, coloquemos sob o seu olhar atento o novo tempo que nos
é dado. Que Ela nos ampare neste ano!
Hoje, o Evangelho revela-nos que a
grandeza de Maria não consiste em realizar alguma ação extraordinária; pelo
contrário, enquanto os pastores, tendo recebido o anúncio dos anjos, se
apressam em direção a Belém (cf. Lc 2, 15-16), Ela permanece
em silêncio. O silêncio da Mãe é uma caraterística bela. Não é
uma simples ausência de palavras, mas um silêncio cheio de admiração e adoração
pelas maravilhas que Deus está a realizar. «Maria - observa São Lucas -
guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração» (2, 19). Deste modo,
ela abre espaço dentro de si para Aquele que nasceu; no silêncio e na adoração,
coloca Jesus no centro e testemunha-O como Salvador. Maria, a Mãe do silêncio;
Maria, a Mãe da adoração.
Assim, é Mãe não só porque carregou
Jesus no seu seio e o deu à luz, mas porque o traz à luz, sem ocupar o seu
lugar. Ela permanecerá em silêncio também sob a cruz, na hora mais escura, e
continuará a dar-lhe lugar e a gerá-lo para nós. Um religioso e poeta do século
XX escreveu: «Virgem, catedral do silêncio / [...] fazes entrar a nossa carne
no paraíso / e Deus na carne» (D.M. TUROLDO, Laudario alla Vergine.
«Via pulchritudinis», Bolonha 1980, 35). Catedral do silêncio: é
uma bela imagem. Com o seu silêncio e a sua humildade, Maria é a primeira
“catedral” de Deus, o lugar onde Ele e o homem se podem encontrar.
Mas também as nossas mães, com o seu
cuidado escondido, com o seu carinho, são muitas vezes magníficas catedrais de
silêncio. Elas trazem-nos ao mundo e depois continuam a seguir-nos, muitas
vezes inobservadas, para podermos crescer. Lembremo-nos disto: o amor nunca
sufoca, o amor abre espaço ao outro. O amor faz-nos crescer.
Irmãos e irmãs, no início do novo ano,
olhemos para Maria e, com o coração grato, pensemos e olhemos também para as
mães, para aprender aquele amor que se cultiva sobretudo no silêncio, que sabe
dar espaço ao outro, respeitando a sua dignidade, deixando a liberdade de se
exprimir, rejeitando todas as formas de posse, de opressão e de violência. Há
tanta necessidade disto hoje, tanta! Tanta necessidade de silêncio para nos
ouvirmos uns aos outros. Como recorda a Mensagem para o Dia Mundial da Paz de
hoje: «A liberdade e a convivência pacífica são ameaçadas quando os seres
humanos cedem à tentação do egoísmo, do interesse próprio, da ânsia de lucro e
da sede de poder». O amor, ao contrário, é feito de respeito e gentileza:
assim, derruba barreiras e ajuda a viver relações fraternas, a construir
sociedades mais justas, mais humanas e mais pacíficas.
Rezemos hoje à Santa Mãe de Deus e
nossa Mãe, para que no novo ano possamos crescer neste amor suave, silencioso e
discreto que gera vida, e abrir caminhos de paz e reconciliação no mundo.
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