sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

  Ano C - 2024

Advento passo a passo

 7ºdia - 07/12/2024

Mateus 9, 35 – 10,1.6-38

«Ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor»;

«Pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a Sua seara.»;

«Recebestes de graça, dai de graça.»

As circunstâncias do tempo presente mostram-se muitas vezes contrárias à esperança. Parece que não há razões para acreditar que tudo poderá ser diferente e que ainda há possibilidade de salvação. A nossa vida pessoal e a vida da sociedade que nos rodeia parecem muitas vezes um caos, onde o homem se perde, e não um lugar de salvação para todos. Deus, porém, contraria esta ideia fatalista com que a realidade nos quer muitas vezes oprimir e desanimar. Ele é um Deus presente, atento e cuidador. A sua voz faz mudar o rumo da vida de todos os que a escutam, os seus ouvidos estão atentos ao nosso clamor e as suas mãos estendem-se para as nossas feridas.

 

Naquele tempo, Jesus percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades. Ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor. Jesus disse então aos seus discípulos: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara». Depois chamou a Si os seus Doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades. Jesus deu-lhes também as seguintes instruções: «Ide às ovelhas perdidas da casa de Israel. Pelo caminho, proclamai que está perto o reino dos Céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça».

 

No caminho da minha vida, Senhor, elevo para ti a minha voz, exponho ao teu olhar as minhas feridas e espero o pão de cada dia. Tu és um Deus atento à minha miséria e solícito em atender à minha súplica. No meio da angústia, quando a tribulação atinge as minhas seguranças, tu vens em meu auxílio. Em ti espero, Senhor, pois só tu és o santo de Israel.

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Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

(...)

Hoje, no Evangelho, Jesus chama pelo nome - chama pelo nome - e envia os doze Apóstolos. Enviando-os, pede-lhes que proclamem algo: «Anunciai que o Reino dos Céus está próximo» (Mt 10, 7). É o mesmo anúncio com que Jesus deu início à sua pregação: o Reino de Deus, isto é, o seu senhorio de amor, aproximou-se, vem entre nós. E não se trata apenas de uma notícia entre outras, mas da realidade fundamental da vida: a proximidade de Deus, a proximidade de Jesus! 

Com efeito, se o Deus dos Céus está próximo, não estamos sozinhos na terra e não perdemos a confiança nem sequer no meio das dificuldades. Eis a primeira coisa a dizer às pessoas: Deus não está distante, é Pai. Deus não está distante, é Pai, conhece-te e ama-te; quer dar-te a mão, até quando percorres caminhos íngremes e acidentados, até quando cais e tens dificuldade em levantar-te e retomar o caminho; Ele, o Senhor, está aí, contigo. Aliás, muitas vezes, nos momentos em que te sentes mais frágil, podes sentir a sua presença mais forte. Ele conhece o caminho, Ele está contigo, Ele é o teu Pai! Ele é o meu Pai! Ele é o nosso Pai!

Detenhamo-nos nesta imagem, porque anunciar Deus próximo significa convidar a pensar como uma criança que caminha segurando a mão do pai: tudo lhe parece diferente. O mundo, grande e misterioso, torna-se familiar e seguro, pois a criança sabe que está protegida. Não tem medo e aprende a abrir-se: encontra outras pessoas, encontra novos amigos, aprende com alegria coisas que não conhecia, e depois volta para casa e conta a todos o que viu, enquanto aumenta nela o desejo de crescer e fazer as coisas que viu o pai fazer. É por isso que Jesus começa por aqui, é por isso que a proximidade de Deus é o primeiro anúncio: permanecendo próximos de Deus, vencemos o medo, abrimo-nos ao amor, crescemos no bem e sentimos a necessidade e a alegria de anunciar! 

Se quisermos ser bons apóstolos, devemos ser como as crianças: sentar-nos “no colo de Deus” e, dali olhar para o mundo com confiança e amor, para testemunhar que Deus é Pai, que só Ele transforma o nosso coração e nos dá aquela alegria e aquela paz que nós próprios não nos podemos dar.

Anunciar que Deus está próximo. Mas como o fazer? No Evangelho, Jesus recomenda que não se digam muitas palavras, mas que se façam muitos gestos de amor e de esperança em nome do Senhor; não dizer muitas palavras, mas fazer gestos: «Curai os doentes, diz, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, de graça dai» (Mt 10, 8). Eis o cerne do anúncio: o testemunho gratuito, o serviço. Digo-vos algo: fico sempre muito perplexo com os “paroleiros”, com o seu muito falar e nada fazer. 

Façamos aqui algumas perguntas: nós, que cremos no Deus próximo, confiamos n’Ele? Sabemos olhar para a frente com confiança, como uma criança que sabe que está no colo do pai? Sabemos sentar-nos no colo do Pai na oração, na escuta da Palavra, aproximando-nos dos Sacramentos? E por fim, abraçados a Ele, sabemos incutir coragem nos outros, fazer-nos próximos de quem sofre e está só, de quem está distante e até de quem nos é hostil? Eis a realidade da fé, é isto que conta!

E agora rezemos a Maria, para que nos ajude a sentir-nos amados e a transmitir proximidade e confiança.

Papa Francisco
(Angelus, 18 de junho de  2023)

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