VI DOMINGO DO TEMPO COMUM
Dia Mundial do Doente
As leituras deste domingo continuam a temática do sofrimento e, em especial
no dia de hoje - "Dia Mundial do Doente", mais do que noutras alturas,
impelem-nos e ensinam-nos a procurar Deus e a pedir-Lhe ajuda. Todo o que sofre
e se encontra débil, frágil e completamente dependente, clama por auxílio, por
consolo, pela cura. Só Deus nos pode salvar e fá-lo por Amor, porque nos ama
infinitamente e está sempre pronto para Se encontrar com cada um de nós, assim
nós nos deixemos tocar, abraçar por Ele.
A 1ªleitura (Lev 13, 1-2.44-46), ainda que de forma figurativa, como que nos projeta para tantas situações
de sofrimento que alastram pelo mundo de hoje. Ao referir apenas algumas, dentro das muitas que existem, limito-me a enumerar as que são mais visíveis e, por isso mesmo, mediatizadas vezes sem conta, mas, ainda assim consciente da inúmera falange de inocentes silenciosos que sofrem e morrem sem que ninguém deles fale:
guerras (em especial a da Ucrânia/Rússia e seus aliados e a de Israel/Palestina
e seus patrocinadores), catástrofes naturais, alterações climáticas, vítimas
das mais variadas perseguições (religiosas, raciais, étnicas, políticas,
...).
“O Senhor falou a Moisés e a Aarão, dizendo: «Quando um homem tiver na sua pele algum tumor, impigem ou mancha esbranquiçada, que possa transformar-se em chaga de lepra, devem levá-lo ao sacerdote Aarão ou a algum dos sacerdotes, seus filhos. O leproso com a doença declarada usará vestuário andrajoso e o cabelo em desalinho, cobrirá o rosto até ao bigode e gritará: ‘Impuro, impuro!’. Todo o tempo que lhe durar a lepra, deve considerar-se impuro e, sendo impuro, deverá morar à parte, fora do acampamento».
Na 2ªleitura (1 Cor 10, 31 – 11) S.Paulo é taxativo, dá-nos a solução para todas as situações: “sede meus imitadores, como eu sou de Cristo”. Há que ter a coragem de arriscar e colocar tudo nas mãos de Deus, como fez S.Paulo, mas cada um ao seu jeito, claro.
Irmãos: Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus. Fazei como eu, que em tudo procuro agradar a toda a gente, não buscando o próprio interesse, mas o de todos, para que possam salvar-se. Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo.
No evangelho (Mc 1, 40-45) vemos o agir de Deus. Jesus revela-nos o Pai: primeiro escuta o pedido do
leproso, ou melhor, escuta o homem que suplica. Nunca fica indiferente perante
aquele que se lhe dirige de “coração nas mãos”. Depois, é a confiança, a fé de
quem reconhece que Jesus é o Senhor da Vida. Por fim, é o Amor misericordioso
de Deus que Jesus nos traz, que com toda a ternura e carinho lhe diz “Quero,
fica limpo”. Como ficar calado, quando se sentiu totalmente amado em Deus! Por
certo, o seu coração não conseguia conter tanta alegria e felicidade. É assim
que somos convidados a anunciar o Amor de Deus, com este entusiamo e alegria
que brota de um coração que se sente amado por Deus, sejam quais forem os
caminhos por onde andarmos.
“Naquele tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: «Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele, porém, logo que partiu, começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham ter com Ele de toda a parte.”
Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe nossa, Mãe da
Igreja, rogai por nós.
Saúde dos enfermos, rogai por nós.
Senhor, se quiseres podes curar-me.
Bom dia, amados irmãos e irmãs!
«Senhor, se quiseres, podes purificar-me!» (Lc 5, 12): é o pedido
que ouvimos dirigir por um leproso a Jesus. Este homem não pede somente para
ser curado, mas para ser «purificado», ou seja, sarado integralmente, no corpo
e no coração. Com efeito, a lepra era considerada uma forma de maldição de
Deus, de profunda impureza. O leproso devia permanecer distante de todos; não
podia entrar no templo, nem participar no serviço divino. Longe de Deus,
afastado dos homens. Estas pessoas levavam uma vida triste!
Não obstante, aquele leproso não se resigna à enfermidade, nem sequer às
disposições que faziam dele um excluído. Para alcançar Jesus, não teve medo de
violar a lei e entrou na cidade — o que não podia fazer, dado que lhe era
proibido — e quando o encontrou, «lançou-se com o rosto por terra,
suplicando-lhe: Senhor, se quiseres, podes purificar-me!» (v. 12). Tudo o que faz e diz este homem, considerado impuro, é a expressão da sua
fé! Reconhece o poder de Jesus: está convicto de que Ele tem o poder de o
curar, e que tudo depende da sua vontade. Esta fé foi a força que lhe permitiu
violar todas as convenções e procurar ir ao encontro com Jesus; assim,
ajoelhando-se diante dele, chama-lhe «Senhor». A súplica do leproso demonstra
que quando nos apresentamos a Jesus não é necessário fazer longos discursos.
São suficientes poucas palavras, contanto que sejam acompanhadas pela plena
confiança no seu poder absoluto e na sua bondade. Efetivamente, confiar na
vontade de Deus significa entregar-se à sua misericórdia infinita. Também eu
vos contarei um segredo pessoal. À noite, antes de ir para a cama, recito esta
breve oração: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me!». E rezo cinco vezes o
«Pai-Nosso», um para cada chaga de Jesus, porque Jesus nos purificou com as
suas chagas. Mas se eu o faço, também vós o podeis fazer, em casa, dizendo:
«Senhor, se quiseres, podes purificar-me!»; e, pensando nas chagas de Jesus,
recitai um «Pai-Nosso» para cada uma delas. E Jesus ouve-nos sempre!
Jesus sente-se profundamente comovido por este homem. O Evangelho de Marcos
realça que «Jesus se compadeceu dele, estendeu a mão, lhe tocou e lhe disse:
“Eu quero, fica curado!”» (1, 41). O gesto de Jesus acompanha as suas
palavras, tornando mais explícito o seu ensinamento. Contra as disposições da
Lei de Moisés, que proibia a aproximação de um leproso (cf. Lv 13, 45-46), Jesus estende a mão e chega a tocá-lo.
Quantas vezes nós encontramos um pobre que vem ao nosso encontro! Podemos até
ser generosos, podemos ter compaixão dele, mas geralmente não o tocamos.
Oferecemos-lhe uma moeda, lançamo-la mas evitamos de tocar a sua mão. E
esquecemos que se trata do corpo de Cristo! Jesus ensina-nos a não ter medo de
tocar o pobre e o excluído, pois é Ele que está neles. Tocar o pobre pode
purificar-nos da hipocrisia, tornando-nos inquietos diante da sua condição.
Tocai os excluídos. Hoje acompanham-me aqui estes jovens. Muitos pensam que
seria melhor que eles permanecessem na sua terra, mas ali sofriam muito. São os
nossos refugiados, mas por tantos são considerados excluídos. Por favor, eles
são nossos irmãos! O cristão não exclui ninguém, deixa um lugar para todos,
permite que todos venham!
Depois de ter curado o leproso, Jesus pediu-lhe que não falasse sobre isto
com ninguém, e contudo disse-lhe: «Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela
tua purificação o que Moisés prescreveu, para lhes servir de testemunho» (v. 14). Esta
disposição de Jesus indica pelo menos três aspetos. O primeiro: a graça que age
em nós não busca o sensacionalismo. Em geral, ela move-se com discrição, sem
clamores. Para curar as feridas e para nos guiar pelo caminho da santidade, ela
trabalha modelando pacientemente o nosso coração segundo o Coração do Senhor,
de maneira a assumir cada vez mais os seus pensamentos e sentimentos. O
segundo: fazendo com que a cura ocorrida fosse averiguada oficialmente pelos
sacerdotes e oferecendo um sacrifício de expiação, o leproso volta a ser
admitido no seio da comunidade dos fiéis e na vida social. A sua reintegração
completa é a cura. Como ele mesmo tinha suplicado, agora está completamente
purificado! Enfim, apresentando-se aos sacerdotes o leproso presta-lhes
testemunho acerca de Jesus e da sua autoridade messiânica. A força da compaixão
com a qual Jesus curou o leproso levou a fé daquele homem a abrir-se à missão.
Era um excluído e agora é um de nós.
Pensemos em nós, nas nossas misérias... Cada um tem as suas. Pensemos com
sinceridade. Quantas vezes as encobrimos com a hipocrisia das «boas maneiras».
E precisamente agora é necessário que fiquemos sozinhos, que nos ajoelhemos
diante de Deus e rezemos: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me!». Fazei-o,
fazei-o antes de ir dormir, todas as noites. E agora recitemos juntos esta
bonita oração: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me!».
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