quarta-feira, 13 de abril de 2022

 QUARESMA PASSO A PASSO - 2022

SEMANA SANTA

Quinta-feira da Semana Santa -1ºdia do Tríduo Pascal - dia 44 - 14/04/2022


Evangelho Jo 13, 1-15


Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também»."                                                                


Já imersos na atmosfera espiritual da Semana Santa, estamos na vigília do Tríduo pascal. De amanhã até domingo viveremos os dias centrais do Ano litúrgico, celebrando o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. E este mistério vivemo-lo cada vez que celebramos a Eucaristia. Quando vamos à Missa, não vamos só rezar, vamos renovar, viver de novo este Mistério Pascal. É importante não esquecer isto: é como se fôssemos ao Calvário, é o mesmo, para renovar, para viver de novo o Mistério Pascal.


Na noite de Quinta-feira Santa, ao entrarmos no Tríduo pascal, reviveremos na ‘Missa in Coena Domini’, isto é, a Missa em que se comemora a Última Ceia, o que acontece nesse momento. É a noite em que Cristo entregou aos Seus discípulos o testamento do Seu amor na Eucaristia, não como uma lembrança, mas como um memorial, como a Sua presença perene. Cada vez que se celebra a Eucaristia, como disse no início, refaz-se, renova-se este mistério da redenção.

Neste Sacramento, Jesus substituiu a vítima sacrificial, o cordeiro pascal, por Si mesmo: o Seu Corpo e o Seu Sangue dão-nos a salvação da escravidão do pecado e da morte. A salvação de qualquer escravidão. É a noite em que Ele nos pede para nos amarmos uns aos outros, tornando-nos servos uns dos outros, como fez ao lavar os pés dos discípulos. É um gesto que antecipa a cruenta oblação na cruz, que foi oblação de serviço para todos nós, porque com o serviço do seu sacrifício redimiu-nos a todos. O Mestre e Senhor morrerá no dia seguinte para tornar limpos não os pés, mas os corações e a inteira vida dos Seus discípulos.

Audiência Geral de 31 de março de 2021

Papa Francisco

"Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar, Jesus, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade, sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha, que pôs à cintura. Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura. Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais lavar-me os pés?». Jesus respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde». Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo». Simão Pedro replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça». Jesus respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos». Jesus bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que acrescentou: «Nem todos estais limpos». Depois de lhes lavar os pés, Jesus tomou o manto e pôs-Se de novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também»."

Jesus estava presente na ceia, estava com eles na última ceia e, diz o Evangelho: Ele «sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai». Sabia que fora traído e que teria sido entregue por Judas naquela mesma noite. «Tendo amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim». Deus ama assim: até ao fim. Entrega a vida por cada um de nós, orgulha-se disto e deseja isto porque Ele tem amor: «Amar até ao fim». Não é fácil, porque todos nós somos pecadores, todos nós temos limites, defeitos, muitas coisas. Todos sabemos amar, mas não somos como Deus, que ama sem considerar as consequências, até ao fim. E dá o exemplo: e para o demonstrar, Ele que era «o chefe», que era Deus, lava os pés aos seus discípulos. O hábito de lavar os pés era o costume que se seguia naquela época, antes dos almoços e dos jantares, porque não havia o asfalto e as pessoas caminhavam na poeira. Portanto, um dos gestos para receber uma pessoa em casa, e também para comer, era o lava-pés. Eram os escravos que o faziam, aqueles que tinham sido escravizados, mas Jesus inverte a situação e lava Ele mesmo os pés. Simão não queria que o fizesse, mas Jesus explicou-lhe que era assim, que Ele veio ao mundo para servir, para nos servir, para se tornar nosso servo, para dar a vida por nós, para nos amar até ao fim.

Hoje ao longo da estrada, ao chegar, vi muitas pessoas que me saudavam: «Vem o Papa, o chefe. O chefe da Igreja...». O chefe da Igreja é Jesus; não brinquemos! O Papa é a figura de Jesus e eu gostaria de fazer aquilo que Ele fez. Nesta cerimónia, o pároco lava os pés aos fiéis. Há uma inversão: aquele que parece o maior deve desempenhar a tarefa do escravo, mas para semear amor. Para semear amor entre nós, hoje não vos digo para irdes e lavardes os pés uns aos outros: seria uma brincadeira. Mas o símbolo, a figura, sim: digo-vos que, se puderdes oferecer uma ajuda, desempenhar um serviço aqui no cárcere, a favor do companheiro, da companheira, fazei-o.

Porque isto é amor, isto é como lavar os pés. É ser servo dos outros. Certa vez, os discípulos discutiam entre si, para saber quem era o maior, o mais importante. E Jesus disse: «Quem quiser ser importante, deve tornar-se o mais pequenino e servir todos». E foi aquilo que Ele fez, é o que Deus faz com cada um de nós. Ele serve-nos, é o servo. Todos nós que somos pobres, todos! Mas Ele é grande, Ele é bom. E Ele ama-nos como somos. Por isso, durante esta celebração pensemos em Deus, em Jesus. Não se trata de uma cerimónia folclórica: é um gesto para recordar aquilo que Jesus nos deu. Em seguida, Ele pegou no pão e ofereceu-nos o Seu Corpo; pegou no vinho e ofereceu-nos o Seu Sangue. O amor de Deus é assim. Hoje, pensemos unicamente no amor de Deus.

Homilia na Casa de Reclusão de Paliano (Frosinone)
Quinta-feira Santa, 13 de abril de 2017
Papa Francisco

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