QUARESMA PASSO A PASSO - 2022
SEMANA SANTA
Quinta-feira da Semana Santa -1ºdia do Tríduo Pascal - dia 44 - 14/04/2022
Evangelho Jo 13, 1-15
Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também»."
Já imersos na atmosfera espiritual da
Semana Santa, estamos na vigília do Tríduo pascal. De amanhã até domingo
viveremos os dias centrais do Ano litúrgico, celebrando o mistério da Paixão,
Morte e Ressurreição do Senhor. E este mistério vivemo-lo cada vez que
celebramos a Eucaristia. Quando vamos à Missa, não vamos só rezar, vamos
renovar, viver de novo este Mistério Pascal. É importante não esquecer isto: é
como se fôssemos ao Calvário, é o mesmo, para renovar, para viver de novo o
Mistério Pascal.
Na noite de
Quinta-feira Santa, ao entrarmos no Tríduo pascal, reviveremos na ‘Missa in
Coena Domini’, isto é, a Missa em que se comemora a Última Ceia, o que acontece
nesse momento. É a noite em que Cristo entregou aos Seus discípulos o
testamento do Seu amor na Eucaristia, não como uma lembrança, mas como um
memorial, como a Sua presença perene. Cada vez que se celebra a Eucaristia,
como disse no início, refaz-se, renova-se este mistério da redenção.
Neste Sacramento,
Jesus substituiu a vítima sacrificial, o cordeiro pascal, por Si mesmo: o Seu
Corpo e o Seu Sangue dão-nos a salvação da escravidão do pecado e da morte. A
salvação de qualquer escravidão. É a noite em que Ele nos pede para nos amarmos
uns aos outros, tornando-nos servos uns dos outros, como fez ao lavar os pés
dos discípulos. É um gesto que antecipa a cruenta oblação na cruz, que foi
oblação de serviço para todos nós, porque com o serviço do seu sacrifício
redimiu-nos a todos. O Mestre e Senhor morrerá no dia seguinte para tornar
limpos não os pés, mas os corações e a inteira vida dos Seus discípulos.
Audiência Geral de 31 de março de 2021
Papa Francisco
"Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar, Jesus, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade, sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha, que pôs à cintura. Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura. Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais lavar-me os pés?». Jesus respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde». Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo». Simão Pedro replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça». Jesus respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos». Jesus bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que acrescentou: «Nem todos estais limpos». Depois de lhes lavar os pés, Jesus tomou o manto e pôs-Se de novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também»."
Jesus estava presente na ceia, estava com eles na última ceia e, diz o
Evangelho: Ele «sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o
Pai». Sabia que fora traído e que teria sido entregue por Judas naquela mesma
noite. «Tendo amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim». Deus
ama assim: até ao fim. Entrega a vida por cada um de nós, orgulha-se disto e
deseja isto porque Ele tem amor: «Amar até ao fim». Não é fácil, porque todos
nós somos pecadores, todos nós temos limites, defeitos, muitas coisas. Todos
sabemos amar, mas não somos como Deus, que ama sem considerar as consequências,
até ao fim. E dá o exemplo: e para o demonstrar, Ele que era «o chefe», que era
Deus, lava os pés aos seus discípulos. O hábito de lavar os pés era o costume
que se seguia naquela época, antes dos almoços e dos jantares, porque não havia
o asfalto e as pessoas caminhavam na poeira. Portanto, um dos gestos para
receber uma pessoa em casa, e também para comer, era o lava-pés. Eram os
escravos que o faziam, aqueles que tinham sido escravizados, mas Jesus inverte
a situação e lava Ele mesmo os pés. Simão não queria que o fizesse, mas Jesus
explicou-lhe que era assim, que Ele veio ao mundo para servir, para nos servir,
para se tornar nosso servo, para dar a vida por nós, para nos amar até ao fim.
Hoje ao longo da estrada, ao chegar, vi muitas pessoas que me saudavam:
«Vem o Papa, o chefe. O chefe da Igreja...». O chefe da Igreja é Jesus; não
brinquemos! O Papa é a figura de Jesus e eu gostaria de fazer aquilo que Ele
fez. Nesta cerimónia, o pároco lava os pés aos fiéis. Há uma inversão: aquele
que parece o maior deve desempenhar a tarefa do escravo, mas para semear amor.
Para semear amor entre nós, hoje não vos digo para irdes e lavardes os pés uns
aos outros: seria uma brincadeira. Mas o símbolo, a figura, sim: digo-vos que,
se puderdes oferecer uma ajuda, desempenhar um serviço aqui no cárcere, a favor
do companheiro, da companheira, fazei-o.
Porque isto é amor, isto é como lavar os pés. É ser servo dos outros. Certa
vez, os discípulos discutiam entre si, para saber quem era o maior, o mais
importante. E Jesus disse: «Quem quiser ser importante, deve tornar-se o mais
pequenino e servir todos». E foi aquilo que Ele fez, é o que Deus faz com cada
um de nós. Ele serve-nos, é o servo. Todos nós que somos pobres, todos! Mas Ele
é grande, Ele é bom. E Ele ama-nos como somos. Por isso, durante esta
celebração pensemos em Deus, em Jesus. Não se trata de uma cerimónia
folclórica: é um gesto para recordar aquilo que Jesus nos deu. Em seguida, Ele
pegou no pão e ofereceu-nos o Seu Corpo; pegou no vinho e ofereceu-nos o Seu
Sangue. O amor de Deus é assim. Hoje, pensemos unicamente no amor de Deus.
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