QUARESMA PASSO A PASSO - 2022
SEMANA SANTA
Quarta-feira da Semana Santa - dia 43 - 13/04/2022
Evangelho Mt 26, 14-25
"Enquanto comiam, declarou: «Em verdade, em verdade vos digo: Um de vós Me entregará»."
Jesus sente que a Sua
«hora» se aproxima. Por isso, ordena que a celebração da Páscoa seja
devidamente preparada. Deseja ardentemente comê-la com os discípulos pois,
nela, o antigo memorial dará lugar ao novo, deixando-nos o Seu Corpo e o Seu
Sangue como alimento e bebida. A entrega de Si mesmo acontece num ambiente
toldado pelo anúncio da entrega-traição. Os discípulos mergulham num clima de
insegurança e de desconfiança. Fazem perguntas a Jesus, chamando «Senhor»
(Kyrios), enquanto Judas o chama simplesmente «Mestre. (Rabi). Mas Jesus é, de
facto, Senhor. Por isso, conhece o traidor e reconhece que nele se cumprem as
Escrituras. A insegurança dos discípulos representa a nossa própria insegurança
perante a possibilidade de também nós virmos a atraiçoar e a negar Jesus.
"Naquele tempo, um dos Doze, chamado Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?» Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata. A partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar. No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?» Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos’». Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa. Ao cair da tarde, sentou-Se à mesa com os Doze. Enquanto comiam, declarou: «Em verdade, em verdade vos digo: Um de vós Me entregará». Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei eu, Senhor?» Jesus respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que vai entregar-Me. O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca d’Ele. Mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido». Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu, Mestre?» Respondeu Jesus: «Tu o disseste»."
A Paixão de Jesus não
foi um acontecimento imprevisto. Tudo fora profeticamente anunciado, até o
preço da traição. A referência à profecia de Zacarias
leva-nos a ver Jesus como o rei manso e humilde de que fala o mesmo profeta . Mas é sobretudo Isaías que profeticamente anuncia, com pormenores
impressionantes, todo o drama de Jesus. A primeira leitura apresenta-nos, mais
uma vez, o misterioso Servo de Javé, atormentado e humilhado, mas cheio de
paciência, e de obediente e confiante abandono em Deus. É uma clara figura de
Jesus na sua Paixão, onde se revelará a majestade de Deus-Pai.
No evangelho
encontramos, de um lado, Judas que atraiçoa o Mestre e, do outro lado, Jesus
que dá orientações para a ceia pascal. Como mandavam os ritos, Jesus devia
explicar o significado dessa refeição singular e solene. Fê-lo dando-lhe um
sentido novo, em que se destacam dois elementos importantes: Jesus torna os Seus discípulos participantes da Sua dignidade e do Seu destino; o Seu sangue
será derramado para remissão dos pecados.
Entre a preparação e
a celebração da ceia, é descoberto o traidor. Judas entrega Jesus, e Jesus
entrega-Se a Si mesmo. A traição torna-se ocasião para o dom voluntário e total
de Jesus. A Sua morte torna-se fonte de vida. O seu Coração vence a morte e
transforma-a em vida para o mundo.
A Páscoa estava desde sempre preparada em Deus. Mas, quando o Filho do homem veio realizá-la no meio de nós, abriu-se para todo o homem um horizonte novo de ilimitada liberdade, a liberdade de amar dando a própria vida, para se reencontrar em plenitude no seio amante da Trindade.
Senhor Jesus Cristo,
queremos, hoje, confessar-nos diante de Ti. Para isso, pedimos-Te um coração
arrependido, e palavras humildes e sinceras. Também nós Te vendemos, mais do
que uma vez. Todos os dias especulamos sobre a Tua pessoa, e vivemos desse
miserável lucro. Nós, que Tu amas! Como podes suportar-nos ainda na Tua casa, a
comer o pão das Tuas lágrimas e a beber o sangue do Teu sofrimento? Vendido por
nós, por quase nada, compraste-nos com o preço infinito do Teu sangue. Que,
através da ferida do Teu Coração, possamos ser introduzidos e estabelecidos
para sempre na comunhão do Teu amor. Ámen.
https://www.dehonianos.org
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