QUARESMA PASSO A PASSO - 2022
Quarta-feira V da Quaresma – dia 36 - 6/04/2022
Evangelho Jo 8, 31-42
«Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. Mas procurais matar-Me, a Mim que vos disse a verdade que ouvi de Deus.»
É interessante esta parte do
evangelho de João. Começa por dizer que Jesus fala com os que tinham acreditado
nele e depois apresenta um diálogo difícil que vai acabar mal, como veremos nos
dias seguintes. O grupo dos que acreditam transforma-se em grupo opositor.
Tinham acreditado, mas já não acreditam. Desiludiram-se com alguma coisa que
Jesus fez ou talvez porque não fez, com algo que ele disse ou não disse. No
diálogo Jesus fala-lhes da liberdade e da escravatura. O pecado escraviza e a
verdade liberta. Liberta-se aquele que acolhe a Sua palavra, conhece a verdade
e torna-se Seu discípulo. Conhecer a verdade é pertencer a Deus, experimentar a
obediência e a fidelidade. Os que não pertencem a Deus querem matar Jesus.
A liberdade é um valor de que todos desejamos usufruir. Mas nem sempre a procuramos onde a podemos encontrar. Os três jovens, de que nos fala a primeira leitura, são um maravilhoso exemplo de liberdade. Recusam corajosamente adorar o poder real, mesmo sendo condenados à fornalha ardente. Nabucodonosor pergunta: «Qual o deus que poderá libertar-vos da minha mão?». Os jovens respondem: «Não vale a pena responder-te a propósito disto. Se isso assim for, o Deus que nós servimos pode livrar-nos da fornalha incandescente, e até mesmo, ó rei, da tua mão». Este gesto de liberdade condenou-os ao suplício. Aparentemente perderam a liberdade: foram amarrados e lançados ao fogo. Mas o Deus, em Quem confiam, intervém para os libertar. O rei verifica o facto. E converte-se à fé. (Leitura I - Dn 3, 14-20.91-92.95 )
Quando Deus deixa de
ser apenas uma ideia mais ou menos abstrata, quando a fé em Jesus Cristo se
torna vida, podemos experimentar a liberdade cristã. Não é que a vida se torne
mais fácil. A verdadeira fé em Deus, e uma relação pessoal com Jesus, Seu Filho,
na fé e no amor, revelam exigências até aí desconhecidas. Estas exigências
estabelecem novos laços, que não escravizam, mas dilatam os corações e fazem
avançar os crentes pela via dos mandamentos divinos.
Como os Judeus, que
se diziam filhos de Abraão, talvez também nós nos digamos cristãos apenas
porque somos fiéis a umas tantas observâncias. Mas isso não é suficiente para
fazer de nós filhos de Deus, nem filhos da Igreja. Ser filhos é, em primeiro
lugar, sermos livres. Jesus, o Filho, revela-nos a verdadeira liberdade.
Contemplando-O, verificamos que essa liberdade consiste na renúncia a nós
mesmos para afirmarmos o Outro, os outros. O pecado é exatamente o contrário:
faz-nos ver tudo a partir de nós mesmos e dos nossos interesses, coloca-nos no
centro do universo. É a escravidão de que fala Jesus.
Podemos permanecer na escravidão, mesmo falando muito de liberdade e de libertação. Não podemos libertar-nos por nós mesmos. Seremos livres na medida em que abrirmos o coração à Palavra, que é presença de Cristo no meio de nós, e à sua poderosa salvação. Só ela nos arrancará da idolatria e, sobretudo, da egolatria, para nos guiar até à liberdade do amor.
A liberdade é um dom do Espírito Santo. «O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, paciência, benevolência, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio; contra estas coisas não há lei». Há, portanto, perfeita liberdade.
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Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação,mas livrai-nos do mal. Ámen.
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