Papa propõe
jejum que não dá fome e alerta para a «preguiça espiritual»
A transfiguração de Jesus no alto do monte
narrada no Evangelho proclamado nas missas de hoje, é um bálsamo que atenua as
dificuldades da vida, mas exige que a contemplação orante implique caridade
operativa, afirmou o papa.
Os cristãos são chamados a «contemplar a
beleza do Ressuscitado que acende vislumbres de luz» na existência humana, em
particular quando passa «por uma provação difícil», mas não deve converter-se
em «preguiça espiritual» - «estamos bem, com as nossas orações e liturgias, e
isso basta-nos. Não!» - vincou Francisco durante a oração do Angelus.
«Subir à montanha não é esquecer a
realidade» e «rezar nunca é fugir das fadigas da vida», porque «a luz da fé não
é para uma bela emoção», frisou, ao comentar a passagem do Evangelho, que
permite «viver a antecipação da luz» da ressurreição na Quaresma.
Do brilho esplendoroso da transfiguração
de Jesus, os discípulos de então e de todos os tempos são desafiados a «acender
pequenas luzes no coração das pessoas, a ser pequenas lâmpadas de Evangelho que
levam um pouco de amor e de esperança», a guardar «outro olhar», que «ajude a
ir além» dos «esquemas» pessoais e dos «critérios» do mundo.
«”A transfiguração” é um convite a
recordar-nos, especialmente quando atravessamos uma provação difícil – e tantos
de vós sabem o que é atravessar uma provação difícil – que o Senhor está
ressuscitado e não permite à escuridão ter a última palavra», assinalou.
Neste domingo, em que se assinala o Dia
Mundial das Doenças Raras, Francisco sublinhou a importância das redes de
solidariedade que se estabelecem entre famílias, contribuindo para os doentes
não se sentirem sós.
Francisco exprimiu a sua «proximidade» aos
doentes e às famílias, «mas especialmente às crianças», das quais também se
cuida «com a oração»: «Quando há estas doenças que não se sabe o que são, ou há
um prognóstico relativamente mau. Rezemos por todas as pessoas que têm estas
doenças raras, especialmente rezemos pelas crianças que sofrem».
No contexto do tempo penitencial da
Quaresma, o papa sugeriu um «bonito jejum» que «não vai dar fome», o das
coscuvilhices das maledicências, e lembrou a importância de «ler todos os dias
uma passagem do Evangelho», levá-los para todo o lado, no bolso, na bolsa, para
incentivar a «abrir o coração» a Deus.
O papa uniu a sua voz à dos bispos da Nigéria para condenar o sequestro de 317 meninas numa escola do país, declarou que está próximo delas e das suas famílias, e pediu orações para que possam rapidamente voltar às suas casas.
Rui Jorge Martins
Fonte: Sala de Imprensa da Santa Sé
Imagem: "Transfiguração de Jesus"
Publicado em 28.02.2021
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