Diálogo Inter-religioso: «Fraternidade é a nova
fronteira da humanidade», diz o Papa
Lisboa, 04 fev 2021 (Ecclesia)
O Papa
assinalou hoje o primeiro Dia Internacional da Fraternidade Humana, instituído
pela ONU, numa celebração online em que apelou ao reconhecimento de todas as
pessoas, sem distinção.
“Obrigado a todos
por apostarem na fraternidade, porque hoje a fraternidade é a nova fronteira da
humanidade. Ou somos irmãos ou nos destruímos uns aos outros. Hoje não há tempo
para indiferença. Não podemos lavar nossas mãos”, declarou, num evento online
promovido pelo xeque Mohammed bin Zayed em Abu Dhabi, capital dos Emirados
Árabes Unidos.
A iniciativa teve
a participação do grande-imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, e do
secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, entre outras
personalidades.
A 21 de dezembro
de 2020, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou unanimemente o dia 4 de
fevereiro como Dia Internacional da Fraternidade Humana.
A resolução
convida os Estados-membros a celebrar este Dia para “promover o diálogo
inter-religioso e intercultural”.
A iniciativa
inspira-se na declaração católico-islâmica para a paz mundial e a
convivência comum, sobre a Fraternidade Humana, que o Papa e Ahmad Al-Tayyeb
assinaram a 4 de fevereiro de 2019, em Abu Dhabi.
“Ou somos irmãos
ou tudo desmorona. É a fronteira. A fronteira sobre a qual devemos construir; é
o desafio do nosso século, é o desafio dos nossos tempos”, defendeu hoje
Francisco.
“Fraternidade
significa mão estendida, fraternidade significa respeito. Fraternidade
significa ouvir com o coração aberto. Fraternidade significa firmeza nas
próprias convicções”, acrescentou.
Somos irmãos, nascidos do mesmo pai. Com
diferentes culturas, tradições, mas todos irmãos. E respeitando nossas
diferentes culturas e tradições, as nossas diferentes nacionalidades, devemos
construir esta fraternidade”.
O Papa sustentou
que este é o momento de “ouvir” o outro e de uma “aceitação sincera”, sem
“prescindir” de qualquer pessoa.
“É o momento da
certeza de que um mundo sem irmãos é um mundo de inimigos. Quero sublinhar
isso. Não podemos dizer: irmãos ou não-irmãos. Digamos antes: ou irmãos, ou
inimigos. Porque o desrespeito é uma forma muito subtil de inimizade”, alertou.
Francisco deixou
um agradecimento especial ao grande-imã Ahmed el Tayeb pelo seu testemunho de
“coragem”, em favor da fraternidade.
“Obrigado irmão,
obrigado”, disse.
Após a assinatura da declaração de 2019 foi criado Comité Supremo para a Fraternidade Humana para “traduzir
as aspirações do documento em compromissos duradouros e ações concretas para
fomentar a fraternidade, solidariedade, o respeito e a compreensão mútua”.
Durante a cerimónia desta tarde foram agraciados vencedores da edição 2021 Prémio Zayed, o português António Guterres e a marroquina Latifah Ibn Ziaten.
O secretário-geral
da ONU é homenageado pela sua voz em defesa de um “cessar-fogo global” e pela
ação em prol de resposta internacional conjunta à pandemia de Covid-19.
Latifah Ibn Ziaten, a residir em França desde os 17 anos de idade, é fundadora da “Associação Imad para os jovens e a paz”, que recebe o nome do seu filho, assassinado perto de Toulouse em 2012, num ato terrorista.
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