domingo, 28 de fevereiro de 2021

 QUARESMA PASSO A PASSO 

Tema da segunda semana: “EIS MEU FILHO MUITO AMADO, EM QUEM PUS TODA A MINHA AFEIÇÃO: OUVI-O...”

12º Dia – Domingo II – 28/02/2021

" E transfigurou-se diante deles."

EVANGELHO Mc 9, 2-10

O Segundo Domingo da Quaresma é tradicionalmente o domingo da Transfiguração de Jesus, ou seja, o polo oposto ao primeiro domingo, dedicado às tentações de Jesus. Neste ano, lemos o relato presente no Evangelho segundo Marcos e tentamos evidenciar as particularidades dessa narração em relação à dos outros sinóticos.

Começamos contextualizando o relato desse evento, que é colocado durante o ministério de Jesus, após a reviravolta da confissão de Pedro sobre a identidade messiânica desse rabino e profeta que anunciava a vinda do reino de Deus (cf. Mc 8, 29).

Marcos enfatiza que, depois dessa declaração, sobre a qual Jesus impôs a obrigação do silêncio (cf. Mc 8, 30), ele começou (érxato) a ensinar com parrhesía (cf. Mc 8, 32) que o Filho do Homem devia sofrer muitas coisas, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes, pelos escribas, em seguida ser morto e, depois de três dias, ressuscitar (cf. Mc 8, 31).

Este ensinamento é seguido por uma promessa solene: “Em verdade vos digo: alguns dos que estão aqui não experimentarão a morte sem ter visto o reino de Deus chegar com poder” (Mc 9, 1). Palavras enigmáticas, que certamente diziam respeito aos discípulos que ouviam Jesus, mas também nos dizem respeito a nós que, hoje, lemos o Evangelho. Portanto, a confissão de Pedro, a profecia de Jesus sobre a Sua paixão, morte e ressurreição, e a promessa da visão do reino de Deus são aquilo que precede em seis dias o evento da transfiguração. No dia da criação do homem (cf. Gn 1, 26-31), Jesus é revelado pelo Pai como o Filho amado, aquele a quem se deve  escutar.

Por isso, Marcos assinala: Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e levou-os sozinhos a um lugar à parte, sobre uma alta montanha”. Jesus toma e leva para o alto, com soberana e livre iniciativa, os três discípulos mais próximos dele, que fazem parte do grupo dos Doze, mas separados dos outros em algumas ocasiões, para serem testemunhas privilegiadas de experiências únicas: a ressurreição da filha de Jairo (cf. Mc 5, 37-43), a transfiguração e depois a des-figuração, a agonia no Getsémani (cf. Mc 14, 32-42). Situações vividas por Jesus “à parte”, numa solidão compartilhada apenas com os escolhidos, para entrar na Sua intimidade com o Pai.

Poder-se-ia dizer que Jesus os carrega sobre os ombros e os leva para o alto, a uma montanha, lugar da revelação de Deus e da sua teofania; montanha que a tradição antiga identificou no Tabor (Tab’or, “perto da luz”).

E aqui ocorre a revelação: Jesus foi transfigurado diante deles”. Uma ação de Deus muda a aparência visível de Jesus, de modo que ele seja visto de outra forma. Mateus tenta expressar essa mudança escrevendo que seu rosto brilhou como o sol (Mt 17, 2). Lucas atesta que seu rosto mudou de aparência (Lc 9, 29), enquanto Marcos alude com muita discrição à mudança ocorrida, especificando, porém, que suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas”, de uma brancura que ninguém sobre a terra poderia dar às vestes, sendo esta uma ação que somente Deus pode fazer.

in https://www.jesuitasbrasil.org.br/ 

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre. Ámen.

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