13 de maio: D. José Tolentino Mendonça defende «novo começo» para a humanidade pós-pandemia
Mai 13,
2021 - 11:18
Fátima, 13 mai 2021 (Ecclesia) – O cardeal português
D. José Tolentino Mendonça disse hoje em Fátima que o mundo precisa de um “novo
começo”, no pós-pandemia, para transformar “a crise em oportunidade” e “a
calamidade em esperança”.
“O amor é o mais verdadeiro, o mais profético, o mais
necessário desconfinamento”, referiu o presidente da peregrinação internacional
do 13 de maio, na homilia da Missa que reuniu 7500 peregrinos no recinto de
oração da Cova da Iria.
O limite de participantes estipulado para as
celebrações foi atingido cerca de uma hora antes do início da Eucaristia.
Sublinhando as restrições ainda impostas pela
pandemia, o cardeal Tolentino Mendonça referiu que a fé transforma a
experiência da crise em “ocasião para relançar a vida”.
“Olhando para a cruz poderíamos pensar que Jesus
estava brutalmente confinado. E estava. Mas o verdadeiro desconfinamento é
aquele que o amor opera em nós”, indicou.
O colaborador do Papa evocou a experiência de
sofrimento de Jesus, que “ensina a transformar as crises em laboratórios de
esperança”.
D. José Tolentino Mendonça defendeu a necessidade de
um “relançamento espiritual” para o pós-pandemia, que ultrapasse a “expressão
material da vida”.
Sem dúvida que é urgente garantir
o pão e esse trabalho exigente – fundamentalmente de reconstrução económica –
deve unir e mobilizar as nossas sociedades. Mas as nossas sociedades precisam
também de um relançamento espiritual. Sem o pão não vivemos, mas não vivemos só
de pão”.
O cardeal e poeta português considerou que o mundo
enfrenta “um imenso desafio a renascer”, por causa da crise provocada pela
Covid-19.
“Não basta voltarmos exatamente ao que éramos antes: é
preciso que nos tornemos melhores. É preciso um suplemento de alma. É preciso
que desconfinemos o nosso coração”, sustentou.
O arquivista e bibliotecário da Santa Sé convidou
todos a um “balanço interior” sobre estilos de vida e modelos de
desenvolvimento, transformando-os para gerar “uma verdadeira e criativa
hospitalidade da vida”.
“Não tenhamos dúvidas: a reconstrução pós-pandemia
depende do modo como encararmos a fraternidade”, assinalou, citando o
pensamento do Papa Francisco.
D. José Tolentino Mendonça falou em particular aos
jovens portugueses que se preparam para acolher, no verão de 2023, a Jornada
Mundial da Juventude, pedindo que “em vez de ter medo, tenham sonhos”.
“O mundo fatigado por esta travessia pandémica que
ainda dura, e que pede a cada um de nós vigilância e responsabilidade, não tem
apenas fome e sede de normalidade: precisa de novas visões, de outras
gramáticas, precisa que arrisquemos ter sonhos”, declarou.
O cardeal apresentou-se como “peregrino” de Fátima e
disse que é preciso ver para lá das “tantas lágrimas, demandas e promessas”.
“A Fátima, nós peregrinos, chegamos sempre de mãos
vazias. Mas de Fátima levamos, acordado dentro de nós, um sonho. Fátima ensina,
assim, como se ilumina um mundo que está às escuras. Seja o pequeno mundo do
nosso coração, seja o coração do vasto mundo”, observou.
Obrigado, Senhora, por fazeres
deste lugar uma alavanca da nossa humanidade. Um laboratório sem portas nem
muros, sempre aberto para a esperança! Em ti, louvamos o Senhor que nos reergue
de todas as fraquezas” .
O presidente da celebração evocou o 40.º aniversário do atentado contra São João Paulo II, na Praça de São Pedro, e a primeira viagem do Papa polaco a Fátima, em maio de 1982, para “agradecer à Divina Providência, neste lugar, que a Mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular”, por ter sido poupada a sua vida.
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