Sabe quem mandou construir a imagem de Nossa Senhora de Fátima? E que há um mistério inexplicável que envolve a coroa e a bala que atingiu João Paulo II? Histórias de uma imagem em que só podem tocar 10 pessoas
Menos de dez pessoas estão autorizadas a mexer nela. Quando têm de o fazer, calçam luvas e tudo é feito com extremo cuidado. Na caixa de vidro à prova de bala, a estátua de Nossa Senhora é “o maior tesouro que o Santuário guarda”, diz ao Observador Marco Daniel Duarte, o diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima e responsável pelas inúmeras obras de arte que existem naquele lugar.
São tantos os fiéis que veneram aquela imagem,
espalhados pelo mundo, que em 2009 o Santuário decidiu instalar uma câmara na
Capelinha das Aparições para transmitir em direto, 24 horas por
dia, o local onde a imagem está exposta.
Nunca Gilberto Fernandes dos Santos poderia ter
imaginado tal cenário quando, em 1919, decidiu mandar construir aquele que é o
maior ícone religioso de Portugal. Gilberto era um dos milhares de peregrinos
que já nessa altura ia à Cova da Iria nos dias 13, o local onde os três
pastorinhos diziam ter visto Nossa Senhora. Mas, de cada vez que lá ia,
Gilberto sentia que faltava alguma coisa. Achava ele que naquele local deveria
existir uma imagem que evocasse a figura de Maria. E tratou de resolver o
“problema”.
Entre os técnicos de conservação do Santuário de
Fátima e os vigilantes formados especialmente para o efeito, há menos de 10
pessoas com autorização para manusear a escultura.
O primeiro pensamento que teve foi simples: ia comprar
uma estátua de Maria e ali a colocaria. Talvez fosse uma tarefa fácil hoje, mas
em 1919 não havia em Fátima a quantidade de lojas que vendem imagens de Nossa
Senhora de todos os formatos, tamanhos e cores. Saiu então de Torres Novas,
onde vivia, e pôs-se a caminho de Lisboa. Certamente na capital haveria de
conseguir algo. “Foi a várias lojas em Lisboa, lojas da especialidade, à
procura de uma imagem que pudesse servir o culto e que pudesse estar próxima na
sua representação, daquilo que eram as descrições dos videntes sobre a
aparição”, conta Marco Daniel Duarte.
Mais uma vez, nada conseguiu. Mas Gilberto era
determinado e de Lisboa subiu até Braga, para encomendar uma imagem feita de
raiz e que pudesse estar à altura da sua devoção e da de tantos outros milhares
de peregrinos. Lá chegado, dirigiu-se à Casa Fânzeres, uma conhecida oficina
especializada em arte sacra. O negócio ficou combinado, o escultor escolhido
era José Ferreira Thedim, que receberia a ajuda do seu irmão, Guilherme, para
tão “sagrada” tarefa.
O texto da carta enviada por Gilberto Fernandes dos Santos ao padre Formigão (Fonte: Documentação Crítica de Fátima. Ilustração: Maria Gralheiro/Observador) |
Não foi fácil: não se tratava de esculpir uma das
centenas de imagens diferentes de Nossa Senhora que existem nas igrejas de todo
o mundo. A estátua de Nossa Senhora de Fátima tinha de ser diferente de todas
as outras que eram conhecidas: era a primeira a ser construída a partir daquilo
que os pastorinhos diziam ter visto.
Para dar ao escultor uma ideia o mais próxima possível
da descrição das três crianças, Gilberto recorreu à ajuda do padre Manuel Nunes
Formigão, que fez os “interrogatórios aos videntes sobre aquilo que viram em
1917” e que era, por isso, o “mais próximo” do que tinham contado os pastorinhos,
detalha Marco Daniel Duarte.
Até hoje, as indicações que Manuel Nunes Formigão
passou ao peregrino são desconhecidas. “O que nós sabemos, através de uma carta
que o Gilberto Fernandes dos Santos lhe enviou, é que o padre Formigão deixou
em Braga um escrito com uns apontamentos. Infelizmente, esses apontamentos
perderam-se. Seria muito interessante saber exatamente se a encomenda foi
cumprida a partir daquelas anotações”, comenta o historiador.
Dadas as indicações em forma de carta, Thedim foi
procurar outras fontes de inspiração num catálogo já existente, o catálogo da
Casa Estrela, no Porto. Parou numa imagem de Nossa Senhora da Lapa, uma vez que
era a que tinha mais elementos em comum com a descrição que tinha recebido do
padre Manuel Formigão. Baseando-se nessa imagem, Thedim criou uma estrutura
semelhante, mas retirou-lhe um conjunto de elementos que não interessavam e
acrescentou-lhe outros detalhes, com base nas descrições que lhe chegaram. O
produto final foi “esta imagem branca, que é, neste momento, um dos ícones mais
importantes do catolicismo”, destaca Marco Daniel Duarte.
Entre o dia em que Gilberto Fernandes dos Santos tocou
à campainha da Casa Fânzeres e a entrega da imagem decorreu sensivelmente um
ano. Em 1920, José Ferreira Thedim enviou a escultura para Fátima, onde, a 13
de maio, o pároco daquela freguesia, Manuel Marques Ferreira, a benzeu. E
deixou instruções bem claras sobre o manuseio da imagem: “Como as cores são
claras e os bordados vão um pouco frescos, é preciso todo o cuidado e limpeza a
pegar na imagem só pela base e nas costas isto com panos bem limpos. É pena se
a sujam”.
Resposta de Teixeira Fânzeres a indicar o envio da imagem e os cuidados a ter com a estátua (Fonte: Documentação Crítica de Fátima. Ilustração: Maria Gralheiro/Observador) |
Em junho do mesmo ano, a imagem foi colocada numa
peanha (base ou pedestal onde se colocam as imagens religiosas) junto ao local
onde os três pastorinhos relataram ter visto a aparição. Se a Cova da Iria, na
altura ainda um enorme descampado, já era um lugar de peregrinação que acolhia
milhares de peregrinos, a colocação de uma imagem construída de acordo com
algumas das indicações deixadas pelo padre Formigão, aumentou a popularidade do
santuário que ali começava a erguer-se.
Desde o primeiro momento, aquela escultura
converteu-se no centro das orações daquele lugar. “Do ponto de vista coletivo,
as pessoas estão em oração à volta da Capelinha das Aparições e à volta desta
imagem; portanto, ela é a relíquia entre as relíquias”, diz o historiador.
A escultura de Nossa Senhora de Fátima é o centro das atenções e das orações na Capelinha das Aparições, em Fátima. |
Desde 1920 que a estátua ali está. E os cuidados que pedia Teixeira Fânzeres foram mantidos, senão mesmo redobrados. Um estudo científico de 2015 revelou que a escultura, feita de cedro-do-Brasil, tinha apenas “pequenos danos no revestimento”, como “estalados, fissuras, desgastes e destacamentos pontuais da camada estratigráfica”. Um feito notável para uma escultura com perto de 100 anos que está frequentemente ao ar livre, e que o historiador do Santuário de Fátima descreve como “a última produção daquilo que é a tradição barroca de figurar a Virgem Maria”.
Dada a sua importância, a estátua tem um protocolo de
segurança apertado, como uma obra de arte dos grandes museus de arte antiga. “A
escultura é tratada segundo as regras da conservação de obras de arte
defendidas pelas ciências do património”, explica Marco Daniel Duarte. Isto
significa que “só a equipa técnica dos conservadores do Museu do Santuário
podem manusear a escultura”, ou seja apenas três pessoas. Além destes, há um
“grupo mínimo de pessoas formadas” para poderem manusear a estátua nas
celebrações, designadamente no momento de a colocar e retirar do andor que a
transporta. No total, há menos de 10 pessoas em Fátima autorizadas a tocar na
estátua.
▲ Marco Daniel Duarte é historiador e dirige o Serviço de Estudos e
Difusão do Santuário de Fátima (Imagem: HENRIQUE CASINHAS / OBSERVADOR)
A coroa
feita de joias de mulheres e a bala que atingiu João Paulo II
Nos dias solenes, é colocada na imagem uma coroa
valiosa, feita em ouro, decorada com pedras preciosas e um objeto cheio de
simbolismo: nela mora uma das balas que atingiram João Paulo II no atentado de
que foi alvo em Roma, em 1981.
Mas a história da coroa começa muitos anos antes, em
1942, quando um conjunto de mulheres portuguesas quis agradecer a Nossa Senhora
de Fátima o facto de Portugal não ter entrado na Segunda Guerra Mundial, que
ainda decorria. Decidiram então doar peças valiosas — colares, pulseiras,
anéis, brincos e outras joias — que serviriam para a construção de uma coroa
que seria colocada na estátua original.
Todo o ouro das peças doadas foi fundido e dele nasceu
a estrutura da coroa. Depois, a peça foi decorada com as pedras preciosas provenientes
das joias — turquesas, ametistas, pérolas e esmeraldas. “Todas essas pedras são
compostas de uma forma solene, a ornamentar os gomos e a base da coroa, o
próprio globo e inclusivamente a cruz”, explica Marco Daniel Duarte.
A coroa preciosa usada nos dias solenes está exposta no Museu do Santuário de Fátima. |
E no último minuto, já a coroa estava finalizada, conta-se que chegaram às mãos dos artesãos um par de brincos. “A coroa já estava feita, já estava montada, e os pendentes foram colocados na haste horizontal da cruz”, conta Marco Daniel Duarte. Esta história nunca foi confirmada pelos responsáveis do santuário: resulta da tradição que se criou em redor daquela obra de arte, mas até agora tem sido a explicação para a utilização daqueles pendentes na cruz que está no topo do globo de turquesas da coroa, e que, “quando a imagem está no seu andor, dão uma movimentação especial, são uma especificidade daquela coroa, que caracteriza aquela paisagem litúrgica, cénica, quando a imagem vai em movimento”.
A “coroação solene” viria a acontecer mais tarde, em
1946, já terminada a guerra. Naquela altura era o Papa Pio XII quem estava à
frente da Igreja, mas as viagens apostólicas ainda eram uma ideia distante — o
primeiro papa a sair do Vaticano durante o papado foi Paulo VI. Por isso, o
pontífice enviou um legado papal ao Santuário de Fátima em 1946 para ser ele,
em nome do próprio Papa, a coroar solenemente a estátua.
A coroa viria quase a tornar-se, ela própria, um
objeto de veneração depois do atentado contra João Paulo II em 1981. Quando o
Papa entrava na Praça de São Pedro no papamóvel, para uma audiência geral, dois
tiros foram disparados contra ele a partir da zona do público. O pontífice
caiu, sendo amparado pelo padre polaco Stanislaw Dziwisz (hoje arcebispo de
Cracóvia, na altura secretário pessoal do Papa). Os dois disparos atingiram
João Paulo II na zona intestinal, causando uma enorme perda de sangue, e o Papa
foi levado de imediato para a policlínica Gemelli, em Roma.
Era 13 de maio, “precisamente o dia da primeira
aparição da Virgem de Fátima, e é óbvia a conotação espiritual que o próprio
Papa entende acontecer entre o atentado daquele dia e a própria mensagem de
Fátima”, sublinha Marco Daniel Duarte. Durante os anos seguintes, João Paulo
II repetia: “Nossa
Senhora de Fátima salvou-me a vida”. O autor do atentado foi identificado como
sendo o terrorista turco Mehmet Ali Ağca. Cinco dias depois, o Papa João Paulo
II dirigiu-se publicamente a ele, dizendo: “Peço pelo irmão que me feriu, a
quem perdoei sinceramente”.
Precisamente um ano depois, a 13 de maio de 1982, o
Papa João Paulo II esteve pela primeira vez no Santuário de Fátima para
agradecer a proteção de Nossa Senhora naquele dia. “Passados uns anos, quando o
próprio Papa João Paulo II pede que a escultura da Virgem de Fátima vá ao
Vaticano, ele oferece, deposita nas mãos do bispo de Leiria, um dos projéteis
que o atingiu naquele atentado. O Papa João Paulo II, com este gesto, diz
claramente que consegue salvar-se daquele atentado graças a uma mão materna que
desviou a trajetória da bala. Este olhar da fé, que o Papa João Paulo II tem de
uma forma muito segura, é entendido por toda a cristandade, por todos os
católicos do mundo, como uma ligação estreita, umbilical, entre a mensagem de
Fátima e o próprio Vaticano”, afirma Marco Daniel Duarte.
O Papa João Paulo II, com este gesto, diz claramente que consegue salvar-se daquele atentado graças a uma mão materna que desviou a trajetória da bala. Este olhar da fé, que o Papa João Paulo II tem de uma forma muito segura, é entendido por toda a cristandade, por todos os católicos do mundo, como uma ligação estreita, umbilical, entre a mensagem de Fátima e o próprio Vaticano.
A bala recebida por D. Alberto Cosme do Amaral, então
bispo de Leiria-Fátima, foi colocada na coroa de Nossa Senhora de Fátima oito
anos depois do atentado na Praça de São Pedro. No momento de colocar o projétil
na coroa, os responsáveis do santuário depararam-se com um detalhe surpreendente:
por baixo do globo de turquesas da coroa havia um orifício precisamente com o
diâmetro da bala. “Obviamente, mais uma vez, os olhos da fé entendem que não há
coincidências e que aquele orifício já estava ali quase preparado para receber
aquela joia tão preciosa, que é bala. Que fala de guerra, mas ao mesmo tempo é
colocada ali a ter um discurso de paz”, destaca o historiador.
“Obviamente, para quem analisa uma obra de arte, não
sabemos se é de facto providencial que esteja ali aquele orifício. A verdade é
que os olhos da fé assim o entendem. De tal maneira que o último papa que veio
a Portugal, o Papa Bento XVI, quando está diante da imagem de Nossa Senhora,
obviamente solenemente coroada nesse dia, diz claramente que ela está coroada
com as joias das nossas alegrias e as balas das nossas dores”, recorda.
As treze
‘irmãs’ da imagem de Nossa Senhora
Ao mesmo tempo, enquanto a imagem original é protegida
com todas as cautelas no Santuário de Fátima, há treze estátuas peregrinas que
percorrem o mundo. A primeira delas foi construída na década de 40, a partir de
indicações precisas da irmã Lúcia.
O estado de conservação quase impecável da estátua
centenária só é possível porque a imagem apenas deixou Fátima “de uma forma
excecionalíssima, até à data apenas 12 vezes”, sublinha Marco Daniel Duarte. E
o que quer dizer de forma excecionalíssima? Apenas quando o Papa pede para que
a estátua se desloque ao Vaticano, por exemplo. Foi o caso de João Paulo II e
de Francisco, que já receberam a imagem de Nossa Senhora de Fátima em Roma.
Estas viagens, hoje em dia, são exceções raríssimas.
Mas nem sempre foi assim: até meados dos anos 40, a escultura fez algumas
viagens pelo mundo. “Mas depressa se percebeu que ela era de tal maneira
valiosa que não podia deixar o seu solar, o seu paço, o seu santuário”,
esclarece. E “quando sai, vai altamente vigiada, com condições de segurança
muito calaras e muito bem definidas”, que são garantidas pela equipa técnica do
Santuário de Fátima. “Obviamente, nós sabemos que todos os objetos artísticos,
todos os objetos que são importantes para a história da Humanidade, têm uma
lógica de envelhecimento que não podemos negar. O que nós podemos, sim, é fazer
retardar esse envelhecimento, para que as gerações futuras possam ter a oportunidade
que esta geração tem, de a poder contemplar, e de a poder tomar como símbolo da
sua devoção.”
Para proteger a imagem e continuar a dar resposta aos
inúmeros pedidos que chegavam de todo o mundo, a diocese de Leiria começou em
1946 um projeto que ainda hoje perdura: a imagem peregrina de Nossa Senhora de
Fátima. Naquela altura, destaca Marco Daniel Duarte, a Europa estava a sair da
II Guerra Mundial. Foi nesse contexto que “duas mulheres, unidas ao bispo de
Leiria e numa ação pastoral extremamente interessante e ainda não totalmente
estudada”, afirmam que “a imagem de Fátima pode ser no mundo um ícone para a
paz”.
A imagem peregrina era levada a viajar por todo o mundo. |
Dá-se então início à construção de uma nova escultura, desta vez destinada a viajar pelo mundo. O autor é o mesmo: José Ferreira Thedim, que, com o fabrico da primeira estátua, se tinha tornado num dos mais conhecidos escultores santeiros do país. Mas a preparação desta nova imagem conta “com indicações muito precisas da própria vidente Lúcia”, explica o historiador. Na altura com quase 40 anos, a irmã Lúcia conversou diretamente “com o escultor para lhe dizer como era a imagem da Virgem que lhe tinha aparecido”. Por isso, “nesse aspeto, a imagem número 1 da Virgem Peregrina, feita pelo José Ferreira Thedim, é muito mais próxima daquilo que são as indicações da Lúcia do que a própria imagem da Capelinha das Aparições”, afirma.
A primeira viagem desta estátua peregrina aconteceu
logo no final da década de 40, altura em que a imagem foi “levada a percorrer
toda a Europa”. É uma imagem “toda branca, com um fio dourado à volta do manto,
que tem um pequeno globo ao peito e as mãos postas em oração à altura do peito”,
descreve Marco Daniel Duarte. Por isso, aquela escultura foi “nessa altura
interpretada como aquela que anuncia a paz”.
São histórias relacionadas com a conversão, com as multidões que se aglomeram à volta da escultura, com episódios que são descritos, também de forma apologética, de presos que podem sair das prisões e que podem vir ver passar a imagem da Virgem Peregrina, doentes que saem do hospital ou que estão à janela do hospital.
Por toda a Europa, a imagem encontrou “multidões
reunidas em torno da ideia da paz”. Olhando em perspetiva para esta primeira
viagem, Marco Daniel Duarte considera que a escultura foi “anunciadora da paz
em territórios nos quais ainda hoje me parece estar muito longe de se perceber
o alcance desta mensagem”. “Estamos a falar de Espanha, que estava num contexto
político muito complicado, estamos a falar de França, ou estamos a falar da
Alemanha pós-guerra, e é preciso ainda perceber exatamente qual foi a
importância da passagem da imagem por estes países”.
Em menos de dez anos, a imagem peregrina deu a volta
ao mundo, tendo estado em todos os continentes. E já naquela altura iniciou-se
um fenómeno que ainda hoje se verifica: “Quando esta escultura chega a
determinados lugares, é inculturada e sofre também inculturação. Nós vemos
fotografias interessantíssimas da Virgem de Fátima coroada com penas de uma
tribo de África, um com um sari a
envolvê-la numa paisagem ligada à Índia. E assim é por todo o mundo”.
“O santuário, no seu arquivo, guarda essas imagens
muito expressivas de quando a Virgem de Fátima passa pelas paisagens mais
incríveis. Por exemplo, num dos rios de Goa, a Virgem Peregrina é colocada
sobre um grande cisne, um cisne enorme, uma espécie de máquina típica de uma
lógica de encenação barroca”, acrescenta.
A imagem n.º 1 da Virgem Peregrina está no interior da Basílica de Nossa Senhora do Rosário. |
Todas estas viagens da imagem peregrina estão bem documentadas no arquivo do Santuário de Fátima, que ainda hoje guarda milhares de fotografias e registos das viagens da primeira década. “São histórias relacionadas com a conversão, com as multidões que se aglomeram à volta da escultura, com episódios que são descritos, também de forma apologética, de presos que podem sair das prisões e que podem vir ver passar a imagem da Virgem Peregrina, doentes que saem do hospital ou que estão à janela do hospital”, exemplifica o historiador.
A dada altura, o Santuário de Fátima deixou de conseguir
dar resposta aos pedidos dos bispos de todo o mundo. “Então, começa a haver a
necessidade de replicar esta peça e de fazer várias esculturas. Ao longo destas
décadas, juntaram-se um núcleo de treze”, diz Marco Daniel Duarte, explicando
que foi o próprio reitor do santuário a fixar este limite — uma referência,
possivelmente, ao dia em que aconteceram as aparições.
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