Vaticano: Papa convoca ano especial dedicado à família
Dez 27, 2020 - 11:15
Iniciativa assinala 5.º aniversário da exortação «Amoris Laetitia», resultado de duas assembleias do Sínodo dos Bispos
Cidade do Vaticano, 27 dez 2020 (Ecclesia) – O Papa convocou hoje um “ano
especial” dedicado a família, a partir de 19 de março de 2021, assinalando o
5.º aniversário da exortação ‘Amoris Laetitia’, resultado de duas assembleias
do Sínodo dos Bispos.
“Vai haver um ano de reflexão sobre a Amoris Laetitia. Será uma
oportunidade para aprofundar os conteúdos do documento. Estas reflexões vão ser
colocadas à disposição das comunidades eclesiais e das famílias, para os
acompanhar no caminho”, indicou, durante a recitação do ângelus, na biblioteca
do Palácio Apostólico do Vaticano.
O anúncio foi feito no dia em que a Igreja Católica celebra a festa
litúrgica da Sagrada Família (primeiro domingo depois do Natal).
Esta celebração, observou Francisco, propõe “o ideal do amor conjugal e
familiar, como foi destacado na exortação apostólica Amoris Laetitia, cujo
quinto aniversário da sua promulgação acontece no próximo dia 19 de março”.
Este ano especial vai ser inaugurado na próxima solenidade de São José
(19.03.2021) e decorre até à celebração do X Encontro Mundial das Famílias, em
Roma (26.06.2022).
O Papa convidou todos a unir-se às iniciativas que vão ser promovidas
durante o ano, coordenadas pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida
(Santa Sé).
Confiamos à Sagrada
Família de Nazaré, em particular a São José, marido e pai solícito, este
caminho com as famílias de todo o mundo. Que a Virgem Maria, a quem agora
recorremos com a oração do ângelus, faça que as famílias de todo o mundo sejam
cada vez mais fascinadas pelo ideal evangélico da Santa Família, para se
tornarem fermento de uma nova humanidade e de uma solidariedade concreta e
universal”.
O Papa publicou a 8 de abril de 2016 a sua exortação apostólica sobre a
Família, ‘Amoris laetitia’ (A Alegria do Amor), uma reflexão que recolhe as
propostas de duas assembleias do Sínodo dos Bispos (2014 e 2015) e dos
inquéritos aos católicos de todo o mundo.
Ao longo de nove capítulos, em mais de 300 pontos, Francisco dedica a sua
atenção à situação atual das famílias e os seus numerosos desafios, desde o
fenómeno migratório à “ideologia de género”; da cultura do “provisório” à
mentalidade “antinatalidade”, passando pelos dramas do abuso de menores.
A exortação apresenta um olhar positivo sobre a família e o matrimónio,
face ao individualismo que se limita a procurar “a satisfação das aspirações
pessoais”.
O Papa observa que a apresentação de “um ideal teológico do matrimónio” não
pode estar distante da “situação concreta e das possibilidades efetivas” das
famílias “tais como são”, desejando que o discurso católicos supere a “simples
insistência em questões doutrinais, bioéticas e morais”.
Nesse sentido, propõe uma
pastoral “positiva, acolhedora” e defende um caminho de “discernimento” para os
católicos divorciados que voltaram a casar civilmente, sublinhando que não
existe uma solução única para estas situações.
Em Portugal, várias dioceses que publicaram documentos sobre a aplicação
das propostas para a pastoral familiar, após as duas assembleias sinodais (2014
e 2015) sobre o tema, nomeadamente no que respeita ao capítulo VIII da ‘Amoris
Laetitia’.
A Santa Sé preparou, para o ano especial dedicado às famílias, um conjunto
de propostas espirituais, pastorais e culturais, além de 12 percursos de
reflexão, partilhados num documento que
apresenta os objetivos desta iniciativa do Papa.
OC
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