Dia Mundial da Paz 2021: Papa evoca vítimas da pandemia
Dez 31, 2020 - 12:32
Francisco presta homenagem a quem deu a
sua vida pelos doentes, num texto dedicado à «cultura do cuidado»
Foto: Lusa/EPA
Cidade do Vaticano, 31 dez 2020 (Ecclesia)
– O Papa evoca as vítimas da pandemia, na sua mensagem para o Dia Mundial da
Paz 2021 (1 de janeiro), dedicada à “cultura do cuidado”, prestando homenagem a
todos os que deram a sua vida pelos doentes.
“O ano de 2020 ficou marcado pela grande
crise sanitária da Covid-19, que se transformou num fenómeno plurissectorial e
global, agravando fortemente outras crises inter-relacionadas como a climática,
alimentar, económica e migratória, e provocando grandes sofrimentos e
incómodos”, refere Francisco, num texto divulgado pelo Vaticano.
A mensagem começa por recordar quem perdeu
entes queridos e quem ficou sem trabalho, por causa da atual crise.
O Papa lembra depois “médicos, enfermeiras
e enfermeiros, farmacêuticos, investigadores, voluntários, capelães e
funcionários dos hospitais e centros de saúde”, que se dedicaram aos doentes
com “grande cansaço e sacrifício, a ponto de alguns deles morrerem”.
“Ao mesmo tempo que presto homenagem a
estas pessoas, renovo o apelo aos responsáveis políticos e ao sector privado
para que tomem as medidas adequadas a garantir o acesso às vacinas contra a
Covid-19 e às tecnologias essenciais necessárias para dar assistência aos
doentes e a todos aqueles que são mais pobres e mais frágeis”, acrescenta.
Francisco sublinha que estes
acontecimentos mostram a importância de cuidar “uns dos outros e da criação”, a
fim de se construir “uma sociedade alicerçada em relações de fraternidade”.
Escolhi como tema
desta mensagem ‘a cultura do cuidado como percurso de paz’; a cultura do
cuidado para erradicar a cultura da indiferença, do descarte e do conflito, que
hoje muitas vezes parece prevalecer”.
O texto adverte para o ressurgimento de várias formas de “nacionalismo, racismo, xenofobia e também guerras e conflitos”, que “semeiam morte e destruição”.
Foto: Lusa/EPA
“Os nossos projetos e esforços devem ter
sempre em conta os efeitos sobre a família humana inteira, ponderando as suas
consequências para o momento presente e para as gerações futuras”, sustenta
Francisco.
O Papa renova a convicção de que a
humanidade está “no mesmo barco”, como mostrou a pandemia de Covid-19,
recordando as crianças que “não podem estudar” e todos os que “não podem
trabalhar para sustentar as famílias
“A carestia lança raízes em lugares onde
antes era desconhecida. As pessoas são obrigadas a fugir, deixando para trás
não só as suas casas, mas também a sua história familiar e as raízes
culturais”, adverte.
Neste tempo, em que
a barca da humanidade, sacudida pela tempestade da crise, avança com
dificuldade à procura dum horizonte mais calmo e sereno, o leme da dignidade da
pessoa humana e a ‘bússola’ dos princípios sociais fundamentais podem
consentir-nos de navegar com um rumo seguro e comum”.
A mensagem de Francisco para o 54.º Dia
Mundial da Paz tem como título ‘A cultura do cuidado como percurso para a paz’.
A expressão “cultura do cuidado” aparece
na encíclica Laudato si’, de 2015: “o amor social impele-nos a pensar em
grandes estratégias que detenham eficazmente a degradação ambiental e
incentivem uma cultura do cuidado que permeie toda a sociedade” (n. 231).
O Dia Mundial da Paz foi instituído em
1968 pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano.
OC
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