DOMINGO V DO TEMPO COMUM
No domingo passado, as leituras alertavam-nos para a necessidade de aprender
a ler os sinais, que o Senhor vai colocando nos nossos caminhos, do Seu Amor,
da Sua presença, da Sua vivência e comunhão com (em) cada um de nós. Hoje, a Palavra
do Senhor desafia-nos a ir mais além, pois, seguros, radicados no Seu Amor, enraizados
em Jesus, somos chamados a ser, cada um ao seu jeito, sinal, sal, luz, nos nossos
tempos, para que aqueles que vivem, convivem, ou se cruzam connosco algures,
possam, também eles, descobrir, encontrar e relacionar-se numa entrega total,
se assim o desejarem, com o Único que lhes pode dar a verdadeira felicidade,
Deus, que é Amor.
Na 1ªleitura (Is 58, 7-10) o profeta Isaías torna presente a forma como, os que nos rodeiam, se
interrogarão, ou poderão compreender, quem é Aquele que nos move, quem é a
razão de ser da nossa existência, isto é, relembra-nos que será através da
prática das obras de misericórdia, que chegaremos aos que o Senhor se quer
revelar, por meio de cada um de nós.
“Eis o que diz o Senhor: «Reparte o teu pão com o faminto, dá pousada aos
pobres sem abrigo, leva roupa ao que não tem que vestir e não voltes as costas
ao teu semelhante. Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não
tardarão a sarar. Preceder-te-á a tua justiça e seguir-te-á a glória do Senhor.
Então, se chamares, o Senhor responderá, se O invocares, dir-te-á: ‘Aqui
estou’. Se tirares do meio de ti a opressão, os gestos de ameaça e as palavras
ofensivas, se deres do teu pão ao faminto e matares a fome ao indigente, a tua
luz brilhará na escuridão e a tua noite será como o meio-dia».”
Na 2ªleitura (Cor 2, 1-5) S.Paulo, que dominava as escrituras do seu tempo, como ninguém, não se
arma em doutor da lei, mas, pelo contrário, confessa-se cheio de temor e tremor ao anunciar o
Evangelho. É assim que nos revela o segredo do êxito da sua ação missionária,
quando nos diz que se apoia sempre e só em Jesus Cristo, crucificado, deixando-se
guiar pelo Espírito Santo. Que humildade, meu Deus! Por isso foi tão grande em
Ti, Senhor. Bendito sejas Senhor, nos Teus santos.
“Quando fui ter convosco, irmãos, não me apresentei com sublimidade de
linguagem ou de sabedoria a anunciar-vos o mistério de Deus. Pensei que, entre
vós, não devia saber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado.
Apresentei-me diante de vós cheio de fraqueza e de temor e a tremer deveras. A
minha palavra e a minha pregação não se basearam na linguagem convincente da
sabedoria humana, mas na poderosa manifestação do Espírito Santo, para que a
vossa fé não se fundasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus.”
No evangelho (Mt 5, 13-16) Jesus, mesmo sabendo quem e como
somos e, mais ainda, do que somos capazes, de bom, mas também de mau,
entrega-nos a nós, os que já O descobrimos, já O encontramos, como a razão de
ser da nossa existência, como o Único Amor, a responsabilidade de O
anunciarmos, na vida, na forma como nos movemos e existimos, na forma como nos
relacionamos com todos, e cada um, à nossa volta. Que o Senhor, e só Ele, seja
a única força em quem sempre nos apoiemos. Se Ele for o nosso tudo, a Luz
chegará, um dia, na plenitude dos tempos a toda a humanidade e todos O conhecerão
e louvarão.
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra.
Mas se ele perder a força, com que há de salgar-se? Não serve para nada, senão
para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se
pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada para
a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos
os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para
que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus».”
Senhor, que arriscaste em nós, em cada um de nós, mesmo conhecendo-nos no mais
íntimo de nós próprios, habita-nos por inteiro, preenche todo o nosso ser, sempre, seja qual for a situação em que nos encontremos, ou venhamos a
encontrar. Bendito sejas Senhor, por nos amares assim, tão infinitamente. A Ti, a
glória, hoje e sempre, pelos séculos sem fim. Ámen.
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