sábado, 1 de fevereiro de 2020

APRESENTAÇÃO DO SENHOR


Nas leituras de hoje, há um apelo imenso a estarmos atentos aos sinais (dos tempos) que o Senhor coloca nos nossos caminhos. E, o mais intrigante, é o facto de serem duas pessoas já bem entradas na idade, Simeão e Ana, que aprenderam a viver de e com Deus, ao longo dos seus dias, cada um ao seu jeito, que nos despertam para a necessidade de estarmos atentos também aos sinais dos dias de hoje, em qualquer idade, pois nunca se sabe o momento, nem quem o Senhor escolhe para Se nos revelar. Sim, os idosos não são descartáveis, ainda que estejam frágeis, debilitados e doentes, antes pelo contrário, pois como diz o papa Francisco, “A Igreja deve habituar-se a incluir os idosos nos seus horizontes e a considerá-los, «de maneira não episódica, como uma das componentes vitais» das comunidades católicas, porque eles não são apenas pessoas a quem os cristãos são chamados a assistir e proteger, «mas podem ser atores de uma pastoral evangelizadora, testemunhas privilegiadas do amor fiel de Deus»”.

Na 1ªleitura (Mal 3, 1-4) o profeta Malaquias faz-nos ver, por antecipação, o tempo em que o Senhor se manifestará através de Jesus, n’Ele Deus revela-se em plenitude e torna-se presente no meio de nós. Por Jesus seremos purificados e resgatados no e pelo Seu sangue, e então sim, a partir dessa comunhão de coração, também nós iremos crescendo na graça de Deus, na perscruta de um coração dócil e humilde, capaz de ler e acolher os sinais que Ele vai colocando nos caminhos da vida  e assim fazer oblações agradáveis ao Senhor, nosso Deus. 
“Assim fala o Senhor Deus: «Vou enviar o meu mensageiro, para preparar o caminho diante de Mim. Imediatamente entrará no seu templo o Senhor a quem buscais, o Anjo da Aliança por quem suspirais. Ele aí vem – diz o Senhor do Universo –. Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda, quem resistirá quando Ele aparecer? Ele é como o fogo do fundidor e como a lixívia dos lavandeiros. Sentar-Se-á para fundir e purificar: purificará os filhos de Levi, como se purifica o ouro e a prata, e eles serão para o Senhor os que apresentam a oblação segundo a justiça. Então a oblação de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, como nos anos de outrora.”

Adaptado de "Dibujos de Fano"
Na 2ªleitura (Hebr 2, 14-18) é S.Paulo quem nos ajuda a centralizar a apresentação do Menino no templo, no todo da vida de Jesus entre nós, relembrando-nos que Jesus, em tudo se tornou semelhante a nós, até nos mais pequenos pormenores. Incarnou num povo, viveu numa determinada região, sujeitando-se a todas as condições da vida humana do seu tempo e, por fim, inocente, foi condenado como se fosse o maior dos pecadores. Nada, do que possamos sofrer, é desconhecido do nosso Salvador, pois a tudo se sujeitou, por Amor, só por puro e total Amor. Oh, que mistério é este de Amor tão profundo! Deus é Amor e só Amor! E, nada mais há a acrescentar! Deixemo-nos inundar por este Amor, para que Ele possa chegar a todos aqueles a quem que o Senhor quer manifestar-se, hoje, através de cada um de nós. 
“Uma vez que os filhos dos homens têm o mesmo sangue e a mesma carne, também Jesus participou igualmente da mesma natureza, para destruir, pela sua morte, aquele que tinha poder sobre a morte, isto é, o diabo, e libertar aqueles que estavam a vida inteira sujeitos à servidão, pelo temor da morte. Porque Ele não veio em auxílio dos Anjos, mas dos descendentes de Abraão. Por isso devia tornar-Se semelhante em tudo aos seus irmãos, para ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel no serviço de Deus, e assim expiar os pecados do povo. De facto, porque Ele próprio foi provado pelo sofrimento, pode socorrer aqueles que sofrem provação.”

No Evangelho (Lc 2, 22-40) S. Lucas torna presente a apresentação do Menino Jesus no templo. Sendo o Filho de Deus, não precisava de nenhum ritual de apresentação ao Pai, mas de nada se escusou, para assim, em tudo, nos assumir. E, à medida que foi cumprindo tudo o que o Pai Lhe pedira, vai-nos revelando a todos, aos de ontem, aos de hoje, ou aos de amanhã, a verdadeira face de Deus, Uno e Trino, Amor infinito por cada ser por Ele criado. As pessoas que conviveram com Jesus, conheceram-no enquanto homem, mas nem todas O reconheceram como o Filho de Deus. Tirando S.José e Nossa Senhora, que foram os primeiros a contemplar o Mistério do Amor de Deus, só alguns, que tinham o coração simples e humilde, como Simeão e Ana  é que se deixaram conduzir por Deus, de tal modo, que os seus corações exultaram de alegria ao contemplar n’Ele as maravilhas de Deus. Bendito e louvado sejas, hoje e sempre, pelos séculos sem fim. 
“Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo, movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo». O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações». Havia também uma profetiza, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia e tornava-Se robusto, enchendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.”

Que um dia Senhor, na plenitude dos tempos, Tu sejas tudo em todos!

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