QUARESMA PASSO A PASSO - 2023
Sexta-feira depois das Cinzas – dia 3 –24/02/2023
Evangelho: Mt 9, 14-15
«Dias virão em que o esposo lhes será tirado e nessa altura hão de jejuar»
Na reflexão de hoje, vou socorrer-me
da homilia do Papa Francisco na passada Quarta-Feira de Cinzas, pois o que nela
nos diz sobre o jejum esclarece, na perfeição, qualquer dúvida. Toda a homilia é
uma ajuda preciosa em ordem a uma verdadeira vivência da Quaresma.
"Se nos colocamos humildemente sob o seu olhar, então a esmola, a oração e o jejum não se reduzem a gestos exteriores, mas exprimem quem realmente somos: filhos de Deus e irmãos entre nós. A esmola, a caridade, manifestará a nossa compaixão por quem passa necessidade, ajudar-nos-á a voltar para os outros; a oração dará voz ao nosso desejo íntimo de encontrar o Pai, fazendo-nos voltar para Ele; o jejum será o ginásio espiritual onde treinamos para renunciar com alegria ao que é supérfluo e nos sobrecarrega, a fim de nos tornarmos interiormente mais livres e voltarmos à verdade de nós mesmos. Encontro com o Pai, liberdade interior, compaixão."
“Naquele
tempo, os discípulos de João Baptista foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe:
«Por que motivo nós e os fariseus jejuamos e os teus discípulos não jejuam?»
Jesus respondeu-lhes: «Podem os companheiros do esposo ficar de luto, enquanto
o esposo estiver com eles? Dias virão em que o esposo lhes será tirado e nessa
altura hão de jejuar»."
"Por isso a Quaresma é o tempo para nos lembrarmos quem é o Criador e quem é
a criatura, para proclamar que só Deus é o Senhor, para nos despojarmos da
pretensão de nos bastarmos a nós mesmos e da mania de nos colocar no centro,
ser o primeiro da turma, pensar que podemos, meramente com as nossas
capacidades, ser protagonistas da vida e transformar o mundo que nos rodeia.
Este é o tempo favorável para nos convertermos, começando por mudar a visão que
temos de nós mesmos no nosso íntimo: quantas desatenções e superficialidades
nos distraem daquilo que conta, quantas vezes nos concentramos nos nossos
gostos ou naquilo de que carecemos, distanciando-nos do centro do coração, esquecendo-nos
de abraçar o sentido da nossa presença no mundo. A Quaresma é um tempo
de verdade, para fazer cair as máscaras que pomos todos os dias a fim de
aparecer perfeitos aos olhos do mundo; para lutar – como nos disse Jesus no
Evangelho – contra as falsidades e a hipocrisia: não as dos outros, mas as
nossas. Olhá-las de frente e lutar."
(...)
"A Quaresma é o tempo propício para reavivar as nossas relações com Deus e
com os outros: abrir-nos no silêncio à oração e sairmos da fortaleza que é o
nosso eu fechado, quebrar as cadeias do individualismo e do isolamento e voltar
a descobrir, através do encontro e da escuta, a pessoa que caminha diariamente
ao nosso lado e aprender novamente a amá-la como irmão ou irmã."
(...)
"Encaminhemo-nos na caridade: foram-nos dados quarenta dias favoráveis para
nos lembrar que o mundo não deve ser encerrado nos limites estreitos das nossas
necessidades pessoais e para voltar a descobrir a alegria, não nas coisas a
acumular, mas no cuidado de quem está mergulhado nas necessidades e aflições.
Encaminhemo-nos na oração: foram-nos dados quarenta dias favoráveis para
devolver a Deus o primado na vida, voltando a dialogar com Ele de todo o
coração, e não apenas nos momentos de folga. Encaminhemo-nos no jejum:
foram-nos dados quarenta dias favoráveis para nos reencontrarmos, para
contornar a ditadura das agendas sempre cheias, das coisas a fazer, das
pretensões dum eu pessoal cada vez mais superficial e embaraçoso, e escolher
aquilo que conta."
"Irmãos e irmãs, não desperdicemos a graça deste tempo sagrado: fixemos o
olhar em Jesus crucificado e caminhemos respondendo generosamente aos fortes
apelos da Quaresma. E no final do percurso, encontraremos com maior alegria o
Senhor da vida, encontrá-lo-emos a Ele, o único que nos fará ressurgir das
nossas cinzas."
Papa Francisco
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