domingo, 10 de junho de 2012

Tarde Te amei

 Ao pensar nas leituras de hoje deparo-me com uma série de dificuldades em todas elas, por razões diferentes, é certo, mas igualmente desinstaladoras e desafiadoras para viver uma vida de verdade e de entrega ao Senhor Deus.
Na primeira  leitura está patente que, desde sempre e, hoje, mais ainda, o homem quis e, continua a querer, ser dono da História, pretendendo ser maior do que o próprio Deus. Fez-me lembrar a fábula da rã que queria ser do tamanho do  boi. Até a crise política e financeira que vivemos hoje, em todo o mundo, é fruto desta ganância sem limites, desta soberba e orgulho que caracteriza a natureza humana. 



Se não fosse Deus e a Sua misericórdia divina a raça humana já tinha desaparecido há muito tempo! Mas Deus enamorou-se desta sua criatura, que é o Homem, e encontrou forma e caminhos de salvação para cada um de nós. Porque nos amas tanto Senhor? Mistério de Amor este em que olhaste para esta tua criatura e, mesmo conhecendo até onde pode ir a natureza humana, mesmo assim nada lhe recusaste, nem recusas, para que Te conheça como a Verdadeira Beleza do Amor de Deus e por Ti se apaixone, num relação de Amor única, no mais íntimo do seu coração. Sim, porque como diz S.Paulo na 2ª leitura -2 Cor 4, 18 ; 5, 1 "Não olhamos para as coisas visíveis, olhamos para as invisíveis: as coisas visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas. Bem sabemos que, se esta tenda, que é a nossa morada terrestre, for desfeita, recebemos nos Céus uma habitação eterna, que é obra de Deus e não é feita pela mão dos homens.", o que interessa é o que se passa no mais íntimo do nosso ser, onde se vive essa relação de Amor. 
Mas essa relação só é de facto Amor a Deus, contemplação viva da Beleza de Deus, quando corresponde à realização da vontade de Deus na nossa vida, quando fazemos a Sua vontade, quando deixamos que Ele nos inunde totalmente e nos faça suas testemunhas, então sim seremos seus irmãos.
Depois de tudo isto, deixa Senhor que Te louve e agradeça, com as palavras de um dos padroeiros desta diocese de Leiria- Fátima, Sto Agostinho:

"Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Estavas dentro e eu fora te procurava. Precipitava-me eu disforme, sobre as coisas formosas que fizeste. Estavas comigo, contigo eu não estava. As criaturas retinham-me longe de ti, aquelas que não existiriam se não estivessem em ti. Chamaste e gritaste e rompeste a minha surdez. Cintilaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume, aspirei-o e anseio por ti. Provei, tenho fome e tenho sede. Tocaste-me e abrasei-me no desejo de tua paz.
                                                                                         Sanctus Augustinus, Confessiones (X, 27. 38)

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