DOMINGO XVIII DO TEMPO COMUM-2025-ANO C
As leituras de hoje ajudam-nos a refletir sobre aquilo, ou aqueles, em que pomos a nossa confiança total. Afinal, quem, ou o que é que nos faz correr? Quem, ou o que é que nos move? O que, ou quem é que é verdadeiramente importante na nossa vida? O que é a verdadeira sabedoria para cada um de nós? Que o Espírito Santo nos ilumine nas escolhas que fazemos.
Na
1ªleitura (Co (Ecle) 1, 2; 2, 21-23) Coelet
acentua a necessidade de descobrirmos o porquê do nosso existir, do nosso
labor, do nosso viver, pois se endeusamos o trabalho, a riqueza, as pessoas, ou
o que quer que seja, tudo não passa de vaidade e mais vaidade. Deixemos que o
Senhor, Deus Amor, nos preencha por inteiro e então tudo o que temos e somos e
d’Ele recebemos, passa a estar dentro da dinâmica da transmissão do amor a Deus
e ao próximo, adquirindo a sua dimensão meramente transitória e passageira.
“Vaidade das vaidades – diz Coelet – vaidade das
vaidades: tudo é vaidade. Quem trabalhou com sabedoria, ciência e êxito, tem de
deixar tudo a outro que nada fez. Também isto é vaidade e grande desgraça. Mas
então, que aproveita ao homem todo o seu trabalho e a ânsia com que se afadigou
debaixo do sol? Na verdade, todos os seus dias são cheios de dores e os seus
trabalhos cheios de cuidados e preocupações; e nem de noite o seu coração
descansa. Também isto é vaidade.”
Na 2ªleitura (Col 3, 1-5.9-11) S. Paulo projeta-nos para a nossa condição de batizados, de
ressuscitados em Cristo e como tal novas criaturas n’Ele. É só em Jesus que
aspiramos às coisas do alto e nos tornamos verdadeiramente livres,
independentemente dos bens, das afeições, dos amores, ou desamores, das
angústias, ou das alegrias, dos sucessos, ou das derrotas e de tantas outras
situações que a vida nos possa trazer. Em e com Jesus, tudo passa a ter um
sentido novo!
“Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às
coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às
coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está
escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar,
também vós vos manifestareis com Ele na glória. Portanto, fazei morrer o que em
vós é terreno: imoralidade, impureza, paixões, maus desejos e avareza, que é
uma idolatria. Não mintais uns aos outros, vós que vos despojastes do homem
velho com as suas ações e vos revestistes do homem novo, que, para alcançar a
verdadeira ciência, se vai renovando à imagem do seu Criador. Aí não há grego
ou judeu, circunciso ou incircunciso, bárbaro ou cita, escravo ou livre; o que
há é Cristo, que é tudo e está em todos.”
No evangelho (Lc 12, 13-21) Jesus diz-nos claramente
(e depois reforça a mesma ideia através da parábola que nos conta) que não é
pelos bens que alguém acumula para si próprio que se mede a sua vida, mas antes
pelo que o torna rico aos olhos de Deus. Tudo o que temos e somos, estando sob
a nossa administração, está ao serviço dos demais e só nessa dimensão recupera
o seu verdadeiro sentido, a sua finalidade principal.
“Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo». Jesus respondeu-lhe: «Amigo, quem Me fez juiz ou árbitro das vossas partilhas?». Depois disse aos presentes: «Vede bem, guardai-vos de toda a avareza: ». E disse-lhes esta parábola: «O campo dum homem rico tinha produzido excelente colheita. Ele pensou consigo: ‘Que hei de fazer, pois não tenho onde guardar a minha colheita? Vou fazer assim: Deitarei abaixo os meus celeiros para construir outros maiores, onde guardarei todo o meu trigo e os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Minha alma, tens muitos bens em depósito para longos anos. Descansa, come, bebe, regala-te’. Mas Deus respondeu-lhe: ‘Insensato! Esta noite terás de entregar a tua alma. O que preparaste, para quem será?’. Assim acontece a quem acumula para si, em vez de se tornar rico aos olhos de Deus».”
Senhor
ensina-me a pôr tudo o que tenho e sou ao Teu serviço e do meu próximo.
Nestes dias celebra-se a memória
litúrgica de alguns Santos. Recordámos, há pouco, Santo Inácio de Loyola, fundador
da Companhia de Jesus. Tendo vivido no século XVI, converteu-se lendo a vida de
Jesus e de alguns Santos, durante um longo período de convalescença devido a
uma ferida que lhe fora causada em batalha. Permaneceu tão profundamente
impressionado por aquelas páginas, que decidiu seguir o Senhor. Recordamos também Santo Afonso Maria de Ligório, Fundador dos Redentoristas, que viveu no século
XVIII e foi proclamado padroeiro dos confessores pelo Venerável Pio XII. Ele
tinha a consciência de que Deus quer que todos sejam santos, naturalmente cada
qual em conformidade com a própria condição. Além disso, durante a semana a
liturgia propôs-nos Santo Eusébio, primeiro Bispo do Piemonte, denodado
defensor da divindade de Cristo e, finalmente, a figura de São João Maria
Vianney, o Cura d'Ars (...) a
cuja intercessão volto a confiar todos os Pastores da Igreja. O compromisso
comum destes Santos consistia em salvar as almas e servir a Igreja com os respetivos
carismas, contribuindo para a renovar e enriquecer. Estes homens adquiriram
"um coração sábio"
(cf. Sl 90 [89], 12), acumulando aquilo que não se corrompe e descartando
quanto é, irremediavelmente, mutável no tempo: o poder, a riqueza e os prazeres
efémeros. Escolhendo Deus, possuíam todas as coisas necessárias, prelibando
desde a vida terrena a eternidade (cf. Ecl 1-5).
No Evangelho de hoje, o ensinamento
de Jesus diz respeito precisamente à verdadeira sabedoria e é introduzido pelo
pedido de uma pessoa do meio da multidão: "Mestre, diz a meu irmão que
reparta comigo a herança" (Lc 12,
13).
Respondendo, Jesus chama a atenção dos ouvintes para o desejo dos bens terrenos
com a parábola do rico insensato que, tendo acumulado para si uma colheita
abundante, pára de trabalhar, dissipa os seus bens divertindo-se e chega a
iludir-se que pode afastar a própria morte. "Deus, porém, disse-lhe:
"Insensato! Nesta mesma noite pedir-te-ão a tua alma, e o que acumulaste,
para quem será?"" (Lc 12, 20). Na Bíblia, o homem
insensato é aquele que não quer compreender, da experiência das coisas
visíveis, que nada dura para sempre, mas tudo passa: tanto a juventude, como a
força física, quer as comodidades, quer as funções de poder. Por conseguinte,
fazer depender a própria vida de realidades tão passageiras é insensatez. Por
sua vez, o homem que confia no Senhor não tem medo das adversidades da vida,
nem sequer da realidade iniludível da morte: é o homem que adquiriu "um
coração sábio", como os Santos.
Ao dirigir a nossa oração a Maria Santíssima, desejo recordar outras celebrações significativas: (...) 5 de Agosto, comemora-se a dedicação da Basílica de Santa Maria Maior, em que honraremos a Mãe de Deus, aclamada com este título no Concílio de Éfeso em 431; e no próximo dia 6 de agosto, aniversário da morte do Papa Paulo VI, celebraremos a festa da Transfiguração do Senhor. Este dia, que é considerado o ápice da luz de Verão, foi escolhido para significar que o esplendor do Rosto de Cristo ilumina o mundo inteiro.
Sem comentários:
Enviar um comentário