DOMINGO XXI DO TEMPO COMUM-2025-ANO C
As leituras de hoje , tal como as proclamadas no passado domingo, provocam em nós uma reflexão mais profunda, falam do caminho da salvação. É necessário estar sempre alerta e disponível para deixar que o Senhor nos guie e conduza, mesmo quando há muitas dificuldades. O que importa é abrirmos-lhe o nosso coração e deixar que Ele nos preencha por inteiro. Assentes, radicados n’Ele, então também nós caminharemos e ajudaremos outros na procura d’Aquele que nos guia pela porta estreita.
Na 1ª
leitura (Is.66,18-21.) Deus diz-nos, através do profeta Isaías, que oferece a
salvação a todos os povos, ao mundo inteiro. Demos glória a Deus e
disponhamo-nos a abrir o coração e a receber o dom da salvação, que nos é dado
gratuitamente pelo próprio Senhor.
“Eis o que diz o Senhor: «Eu virei reunir todas as nações e todas as línguas, para que venham contemplar a minha glória. Eu lhes darei um sinal e de entre eles enviarei sobreviventes às nações: a Társis, a Fut, a Lud, a Mosoc, a Rós, a Tubal e a Javã, às ilhas remotas que não ouviram falar de Mim nem contemplaram ainda a minha glória, para que anunciem a minha glória entre as nações. De todas as nações, como oferenda ao Senhor, eles hão de reconduzir todos os vossos irmãos, em cavalos, em carros, em liteiras, em mulas e em dromedários, até ao meu santo monte, em Jerusalém – diz o Senhor – como os filhos de Israel trazem a sua oblação em vaso puro ao templo do Senhor. Também escolherei alguns deles para sacerdotes e levitas».”
Na 2ª
leitura (Heb 12,5-7.11-13.) S .Paulo, numa linguagem que todos percebemos muito
bem, porque, na vida do dia a dia, vivenciamos, muito frequentemente, situações
destas, garante-nos que Deus nos conduz sempre, com um amor infinito. Muitas
vezes, só nos damos conta do como nos ama imenso, bem depois (semanas, anos) da
ocorrência dos acontecimentos.
“Irmãos: Já esquecestes a exortação que vos é dirigida,
como a filhos que sois: «Meu filho, não desprezes a correção do Senhor, nem
desanimes quando Ele te repreende; porque o Senhor corrige aquele que ama e
castiga aquele que reconhece como filho». É para vossa correção que sofreis.
Deus trata-vos como filhos. Qual é o filho a quem o pai não corrige? Nenhuma
correção, quando se recebe, é considerada como motivo de alegria, mas de
tristeza. Mais tarde, porém, dá àqueles que assim foram exercitados um fruto de
paz e de justiça. Por isso, levantai as vossas mãos fatigadas e os vossos
joelhos vacilantes e dirigi os vossos passos por caminhos direitos, para que o
coxo não se extravie, mas antes seja curado.”
No
Evangelho (Lc 13,22-30.) é o próprio Jesus quem nos explica que ninguém tem a salvação
garantida, que esta é oferecida a todos, mas que a porta é estreita. Para a
passarmos há que alimentar a relação de amor, que se estabelece entre Deus e
cada um de nós, com os valores do Evangelho, que Jesus nos deixou. Que o
coração de cada ser humano se deixe repassar por este Amor infinito de Deus.
"Naquele tempo, Jesus dirigia-Se para Jerusalém e ensinava nas cidades e aldeias por onde passava. Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?». Ele respondeu: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir. Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta, vós ficareis fora e batereis à porta, dizendo: ‘Abre-nos, senhor’; mas ele responder-vos-á: ‘Não sei donde sois’. Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos contigo, e tu ensinaste nas nossas praças’. Mas ele responderá: ‘Repito que não sei donde sois. Afastai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade’. Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes no reino de Deus Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas, e vós a serdes postos fora. Hão de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus. Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão dos últimos».
Senhor, que eu me deixe amar por Ti. Concede-me o dom de um coração
sincero.
Prezados
irmãos e irmãs bom dia!
O Evangelho de
hoje (cf. Lc 13, 22-30) apresenta-nos Jesus que passa
ensinando pelas cidades e aldeias, a caminho de Jerusalém, onde sabe que deve
morrer na Cruz para a salvação de todos nós. Neste contexto, insere-se a
pergunta de um homem, que se dirige a ele dizendo: «Senhor, são poucos aqueles
que se salvam?» (v. 23). Trata-se de uma questão que era debatida naquela época
— quantos se salvam, quantos não... — e havia diferentes maneiras de
interpretar as Escrituras a tal respeito, em conformidade com os textos que
eram analisados. Contudo, Jesus inverte a pergunta — que se centra mais na
quantidade: isto é, «são poucos?» — e, ao contrário, coloca a resposta ao nível
da responsabilidade, convidando-nos a usar bem o tempo presente. Com efeito,
diz: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque vos digo que muitos
tentarão entrar, sem o conseguir» (v. 24).
Com estas
palavras, Jesus dá a entender que não se trata de número, não existem «postos
limitados» no Paraíso! Mas trata-se de atravessar desde já a porta certa e esta
porta certa é para todos, mas é estreita. Eis o problema! Jesus não nos quer
iludir, dizendo: «Sim, ficai tranquilos, é fácil, há uma bonita auto-estrada e
no fundo uma grande porta...». Ele não nos diz isto: fala-nos da porta
estreita. Diz as coisas como estão: a porta é estreita. Em que sentido? No
sentido que para se salvar é preciso amar a Deus e ao próximo, e isso não é
fácil! É uma «porta estreita», porque é exigente, o amor é sempre exigente,
requer compromisso, ou melhor, «esforço», isto é, a vontade firme e
perseverante de viver segundo o Evangelho. São Paulo chama-lhe «o bom combate
da fé» (1 Tm 6, 12). É necessário o esforço de todos os dias, do
dia inteiro, para amar a Deus e ao próximo.
E, para se
explicar melhor, Jesus narra uma parábola. Há um dono da casa, que representa o
Senhor. A sua casa simboliza a vida eterna, ou seja, a salvação. E aqui volta a
imagem da porta. Jesus diz: «Quando o dono da casa se levantar e
fechar a porta, ficareis fora e batereis, dizendo: “Abre-nos, Senhor!”. Mas ele
responder-vos-á: “Não sei de onde sois!”». (v. 25).
Então, estas
pessoas procurarão ser reconhecidas, lembrando ao dono da casa: «Comemos e
bebemos contigo... Ouvimos os teus conselhos, os teus ensinamentos públicos...»
(cf. v. 26); «Estivemos presentes, quando tu deste aquela conferência...». Mas
o Senhor repetirá que não os conhece, chamando-lhes «praticantes de injustiça».
Eis o problema! O Senhor não nos reconhecerá pelos nossos títulos — «Mas olha,
Senhor, que eu pertencia àquela associação, eu era amigo daquele monsenhor,
daquele cardeal, daquele sacerdote...». Não, os títulos não contam, não contam!
O Senhor só nos reconhecerá por uma vida humilde, por uma vida boa, por uma
vida de fé, que se traduz em obras.
E para nós,
cristãos, isto significa que somos chamados a estabelecer uma verdadeira
comunhão com Jesus, rezando, indo à igreja, aproximando-nos dos sacramentos e
alimentando-nos com a sua Palavra. Isto mantém-nos na fé, nutre a nossa
esperança e reaviva a caridade. E assim, com a graça de Deus, podemos e devemos
despender a nossa vida para o bem dos nossos irmãos, lutando contra todas as
formas de mal e injustiça.
Que nos ajude
nisto a Virgem Maria. Ela passou pela porta estreita, que é Jesus! Acolheu-o de
todo o coração e seguiu-o todos os dias da sua vida, até quando não o
compreendia, até quando uma espada trespassou a sua alma. É por isso que a
invocamos como «Porta do Céu»: Maria, Porta do Céu, uma porta que reproduz
exatamente a forma de Jesus: a porta do coração de Deus, um coração exigente,
mas aberto a todos nós.
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