SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO - 2025
Hoje é dia de
festa "maior" na Igreja, pois festejamos o Corpo e Sangue de Nosso
Senhor Jesus Cristo. A Eucaristia é o milagre do Amor de Deus, em que Jesus se
torna verdadeiramente presente no pão e no vinho oferecidos e colocados no
altar sagrado, quando sobre eles o sacerdote invoca do Pai o Espírito Santo. É
Jesus, o Filho de Deus, que nos diz: sou Eu que estou aqui, vivo, ressuscitado,
no meio de vós, neste vinho e neste pão partido que se reparte e chega a todos
os que, de coração sincero, me querem receber e assim estarei sempre convosco
até ao fim dos tempos. Nunca compreenderemos o mistério de Deus, mas percebemos
muito bem que Deus nos ama infinitamente. A Eucaristia é a prova desse Amor
inesgotável pela nossa humanidade e poder participar nela é uma graça sem fim.
Na 1ª
leitura (Gen 14,
18-20) acompanhamos
o sacerdote Melquisedec que sai ao encontro de Abraão e dos seus homens,
louvando a Deus e abençoando-os. Oferece-lhes então pão e vinho como alimento.
"Naqueles dias, Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho. Era sacerdote do Deus Altíssimo e abençoou Abraão, dizendo: «Abençoado seja Abraão pelo Deus Altíssimo, criador do céu e da terra. Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou nas tuas mãos os teus inimigos». E Abraão deu-lhe a dízima de tudo."
Na 2ª leitura (1 Cor 11, 23-26) S. Paulo coloca-nos na Última Ceia, na instituição da
Eucaristia. Deixemo-nos alimentar por Jesus.
"Irmãos: Eu recebi do
Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que ia ser
entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu
Corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim». Do mesmo modo, no
fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova aliança no meu
Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de Mim». Na
verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice,
anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha."
No evangelho (Lc 9,11b-17) a
multiplicação dos pães aparece-nos como um sinal da Eucaristia, que se parte, e
reparte, de modo a fazer chegar o Amor de Deus a todos os homens dos vários
tempos e lugares. A Eucaristia é o alimento que Jesus deixou a todos os que O
quiserem receber de coração sincero.
“Naquele tempo, estava Jesus a falar à multidão sobre o reino de Deus e a
curar aqueles que necessitavam. O dia começava a declinar. Então os Doze
aproximaram-se e disseram-Lhe: «Manda embora a multidão para ir procurar
pousada e alimento às aldeias e casais mais próximos, pois aqui estamos num
local deserto». Disse-lhes Jesus: «Dai-lhes vós de comer». Mas eles
responderam: «Não temos senão cinco pães e dois peixes... Só se formos nós
mesmos comprar comida para todo este povo». Eram de facto uns cinco mil homens.
Disse Jesus aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta». Assim
fizeram e todos se sentaram. Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes,
ergueu os olhos ao Céu e pronunciou sobre eles a bênção. Depois partiu-os e
deu-os aos discípulos, para eles os distribuírem pela multidão. Todos comeram e
ficaram saciados; e ainda recolheram doze cestos dos pedaços que sobraram.
SEQUÊNCIA
Estimados irmãos e irmãs, bom
dia!
Celebramos hoje a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. A
Eucaristia, instituída na Última Ceia, foi como o ponto de chegada de um
percurso, ao longo do qual Jesus o tinha prefigurado através de certos sinais,
especialmente a multiplicação dos pães, narrada no Evangelho da Liturgia de
hoje (cf. Lc 9, 11b-17). Jesus cuida da grande multidão que o
seguiu para ouvir a sua palavra e ser libertada de vários males. Ele abençoa
cinco pães e dois peixes, parte-os, os discípulos distribuem, e «todos comeram
e ficaram saciados» (Lc 9, 17), diz o Evangelho. Na Eucaristia,
todos podem experimentar este cuidado amoroso e concreto do Senhor. Quem recebe
o Corpo e Sangue de Cristo na fé não só come, mas fica
saciado. Comer e ficar saciado: são duas
necessidades fundamentais, que na Eucaristia são satisfeitas.
Comer.
«Todos comeram», escreve São Lucas. No início da noite, os discípulos
aconselham Jesus a dispensar a multidão para que possam ir à procura de comida.
Mas o Mestre quer providenciar também isto: para aqueles que o ouviram, quer
dar-lhes também de comer. O milagre dos pães e dos peixes não se realiza de
forma espetacular, mas quase reservada, como nas bodas de Caná: o pão aumenta à
medida que passa de mão em mão. E enquanto come, a multidão apercebe-se de que
Jesus cuida de tudo. Este é o Senhor presente na Eucaristia: Ele chama-nos a
ser cidadãos do Céu, mas, entretanto, Ele considera o caminho que temos de
fazer aqui na terra. Se tenho pouco pão na bolsa, Ele sabe e preocupa-se.
Por vezes existe o risco de
confinar a Eucaristia a uma dimensão vaga e distante, talvez brilhante e
perfumada com incenso, mas longe das veredas da vida diária. Na realidade, o
Senhor preocupa-se com todas as nossas necessidades, começando pelas mais básicas.
E quer dar o exemplo aos discípulos, dizendo: «Dai-lhes vós mesmos de comer»
(v. 13), às pessoas que o escutaram durante o dia. A nossa adoração eucarística
encontra a sua verificação quando cuidamos do próximo, como faz Jesus: à nossa
volta há fome de comida, mas também de companhia, há fome de consolação, de
amizade, de bom ânimo, há fome de atenção, há fome de ser evangelizado.
Encontramos isto no Pão eucarístico: a atenção de Cristo às nossas
necessidades, e o convite a fazer o mesmo àqueles que nos rodeiam. É
preciso comer e dar de comer.
Contudo, além de comer,
não deve faltar o ficar saciado. A multidão saciou-se com a
abundância de comida, e também com a alegria e a admiração de a receber de
Jesus! Precisamos certamente de ser alimentados, mas também de ser saciados, ou
seja, de saber que a alimentação nos é dada por amor. No Corpo e
Sangue de Cristo encontramos a sua presença, a sua vida doada por
cada um de nós. Ele não nos dá apenas a ajuda para continuar, mas dá-se a si
mesmo: faz-se nosso companheiro de viagem, entra nas nossas vicissitudes,
visita as nossas solidões, restituindo significado e entusiasmo. Isto sacia-nos,
quando o Senhor dá sentido à nossa vida, à nossa obscuridade, às nossas
dúvidas, mas Ele vê o sentido e este sentido que o Senhor nos dá sacia-nos,
dá-nos aquele “mais” que todos procuramos: isto é, a presença do
Senhor! Porque no calor da Sua presença a nossa vida muda: sem Ele seria
verdadeiramente cinzenta. Enquanto adoramos o Corpo e Sangue de Cristo,
peçamos-Lhe de coração: “Senhor, dai-me o pão de cada dia para ir em frente,
Senhor, saciai-me com a vossa presença!”.
A Virgem Maria nos ensine a
adorar o Jesus vivo na Eucaristia e a partilhá-lo com os nossos irmãos e irmãs.
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