DOMINGO XII DO TEMPO COMUM – 2025 – Ano C
Hoje, as leitura levam-nos a
questionarmo-nos sobre a nossa relação com Jesus. Afinal, quem é Jesus para
mim, para ti? Ao responder sinceramente a esta pergunta, direta e
pessoal, encontraremos, cada um de nós, a qualidade, a profundidade da nossa fé.
Deixemos que Jesus fixe em nós o Seu olhar de amor misericordioso e demos-Lhe a
nossa resposta.
Na 1ªleitura (Zac 12, 10-11; 13, 1) o profeta anuncia a libertação e renovação de
Jerusalém, mas a que preço! O seu Coração aberto tornou-se nascente de amor, a
jorrar sobre todos os que para Ele olharmos com fé e confiança, purificando-nos
dos nossos pecados.
“Eis o que diz o Senhor: «Sobre a casa de David e os habitantes de Jerusalém derramarei um espírito de piedade e de súplica. Ao olhar para Mim, a quem trespassaram, lamentar-se-ão como se lamenta um filho único, chorarão como se chora o primogénito. Naquele dia, haverá grande pranto em Jerusalém, como houve em Hadad-Rimon, na planície de Megido. Naquele dia, jorrará uma nascente para a casa de David e para os habitantes de Jerusalém, a fim de lavar o pecado e a impureza».”
Na 2ªleitura (Gal 3, 26-29) é S.Paulo quem nos garante que somos herdeiros
de Abraão, nosso pai na fé e, por isso mesmo, herdeiros das
promessas que Deus lhe fez. Mais do que isso, todos nós, pelo batismo, fomos
revestidos de Cristo, logo n’Ele tornámo-nos filhos de Deus, objeto do Seu Amor
infinito. Entreguemo-nos de coração, deixemo-nos amar por Ele.
“Irmãos: Todos vós sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo, porque todos vós, que fostes batizados em Cristo, fostes revestidos de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher; todos vós sois um só em Cristo Jesus. Mas, se pertenceis a Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.”
No evangelho (Lc 9, 18-24) é o próprio Jesus quem nos coloca a questão: -
E, vós, quem dizeis que eu sou? À semelhança de Pedro abramo-nos à ação do
Espírito Santo e deixemo-nos encontrar por Jesus. Abramos o nosso coração ao
Messias, ao Filho de Deus feito homem, que nos habita, por inteiro. É Ele, o
Amor, que move montanhas e nos faz elos de transmissão do Amor de Deus, aí, no
lugar , no tempo em que nos movemos e existimos, junto de quem connosco
partilha a vida. Sejamos instrumentos ao serviço de Deus Amor.
“Um dia, Jesus
orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos. Então perguntou-lhes:
«Quem dizem as multidões que Eu sou?». Eles responderam: «Uns, dizem que és
João Baptista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos profetas
que ressuscitou». Disse-lhes Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro
tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus». Ele, porém, proibiu-lhes
severamente de o dizerem fosse a quem fosse e acrescentou: «O Filho do homem
tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos
sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia».
Depois, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a
si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a
sua vida, há de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa,
salvá-la-á».”
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No trecho
evangélico de hoje, reapresenta-se a pergunta que atravessa todo o
Evangelho(...): quem é Jesus? Mas desta vez é o próprio Jesus
que a faz aos discípulos, ajudando-os gradualmente a enfrentar a questão da
identidade. Antes de interpelar diretamente os Doze, Jesus quer ouvir deles o
que pensam as pessoas sobre Ele — e sabe bem que os discípulos são muito
sensíveis à popularidade do Mestre! Portanto, pergunta: «Quem dizem os homens
que eu sou?». Sobressai que Jesus é considerado pelo povo um grande profeta.
Mas, na realidade, não lhe interessam as sondagens e as bisbilhotices do povo.
Ele não aceita sequer que os seus discípulos respondam às suas perguntas com
fórmulas já preparadas, citando personagens famosos da Sagrada Escritura,
porque uma fé que se reduz às fórmulas é uma fé míope.
O Senhor quer
que os seus discípulos de ontem e de hoje estabeleçam com Ele uma relação
pessoal, e assim o acolham no centro da sua vida. Por esta razão, incentiva-os
a colocar-se em toda a verdade diante de si mesmos, e pergunta: «E vós, quem
dizeis que eu sou?». Jesus, hoje, faz este pedido tão direto e confidencial a
cada um de nós: “Tu, quem dizes que eu sou? Vós, quem dizeis que eu sou? Quem
sou eu para ti?”. Cada um é chamado a responder, no próprio coração,
deixando-se iluminar pela luz que o Pai nos dá a fim de conhecer o seu Filho
Jesus. E pode acontecer também que nós, assim como Pedro, afirmemos com
entusiasmo: «Tu és o Cristo». Contudo, quando Jesus nos comunica claramente o
que disse aos discípulos, ou seja, que a sua missão se cumpre não no amplo
caminho do sucesso, mas na senda árdua do Servo sofredor, humilhado, rejeitado
e crucificado, então pode acontecer também a nós como a Pedro, protestar e
rebelar-nos porque isto contrasta com as nossas expetativas, com as
expetativas mundanas. (...)
Irmãos e
irmãs, a profissão de fé em Jesus Cristo não pode limitar-se às palavras, mas
exige ser autenticada com escolhas e gestos concretos, com uma vida
caraterizada pelo amor de Deus, com uma vida grande, com uma vida cheia de amor
pelo próximo.
Jesus diz-nos
que para o seguir, para sermos seus discípulos, é preciso renegar-se a si
mesmos, isto é, renegar as pretensões do próprio orgulho egoísta, e carregar a
própria cruz. Depois dá a todos uma regra fundamental. E qual é esta regra?
«Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á». Muitas vezes na vida, por vários
motivos, erramos o caminho, procurando a felicidade só nas coisas ou nas
pessoas que tratamos como coisas. Mas a felicidade encontramo-la somente quando
o amor, aquele verdadeiro, nos encontra, nos surpreende, nos muda. O amor
transforma tudo! E o amor pode mudar-nos também a nós, a cada um de nós.
Demonstram-no os testemunhos dos santos.
A Virgem Maria, que viveu a sua fé
seguindo fielmente o seu Filho Jesus, nos ajude também a caminhar pela sua
estrada, dedicando generosamente a nossa vida a Ele e aos irmãos.
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