A Igreja, no dia de hoje, celebra, mais festivamente, a festa do AMOR. Solenemente festeja Deus
na sua totalidade e individualidade, Deus todo, que na totalidade da Sua Pessoa Se dá a cada um de nós e ao mundo inteiro.
A Santíssima Trindade é o
Mistério de um só Deus em três pessoas. É como uma comunidade de amor
vivida pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo. Deus, como nos
ensina S.João, é Amor. E o Amor é, ao mesmo tempo três e um:
-aquele
que ama;
-aquele
que é amado;
-o
amor entre os dois.
Ao "Amor amante",
chamamos Pai, ao "Amor amado" chamamos Filho e ao
"Amor que circula entre os dois" e os abre para o mundo e para a
humanidade chamamos Espírito Santo.
Na 1ªleitura (Prov 8,
22-31) o autor sagrado convida-nos a escutar a
Sabedoria de Deus, que se delicia em estar com os filhos dos homens.
“Eis o que diz a Sabedoria de Deus: «O Senhor me criou como primícias da
sua atividade, antes das suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui
formada, desde o princípio, antes das origens da terra. Antes de existirem os
abismos e de brotarem as fontes das águas, já eu tinha sido concebida. Antes de
se implantarem as montanhas e as colinas, já eu tinha nascido; ainda o Senhor
não tinha feito a terra e os campos, nem os primeiros elementos do mundo.
Quando Ele consolidava os céus, eu estava presente; quando traçava sobre o
abismo a linha do horizonte, quando condensava as nuvens nas alturas, quando
fortalecia as fontes dos abismos, quando impunha ao mar os seus limites para
que as águas não ultrapassassem o seu termo, quando lançava os fundamentos da
terra, eu estava a seu lado como arquiteto, cheia de júbilo, dia após dia,
deleitando-me continuamente na sua presença. Deleitava-me sobre a face da terra
e as minhas delícias eram estar com os filhos dos homens».”
Na 2ªleitura (Rom 5, 1-5) S.Paulo projeta-nos para
a vida em comunidade e para a forma como o amor de Deus, derramado nos nossos
corações pelo Espírito Santo, há de ser, o que dá sentido às nossas vidas, e,
ao mesmo tempo, transforma as nossas relações com todos aqueles que o Senhor
colocou nos nossos caminhos.
“Irmãos: Tendo sido justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por
Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual temos acesso, na fé, a esta graça em que
permanecemos e nos gloriamos, apoiados na esperança da glória de Deus. Mais
ainda, gloriamo-nos nas nossas tribulações, porque sabemos que a tribulação
produz a constância, a constância a virtude sólida, a virtude sólida a
esperança. Ora a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em
nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”
No evangelho (Jo 16, 12-15) Jesus insere-nos na
dinâmica trinitária de Deus Amor. Diz-nos que se nos deixarmos
habitar por Ele e pelo Pai, o Amor virá a nós, habitar-nos-á, e o Espírito
Santo guiar-nos-á para a verdade plena.
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas
para vos dizer, mas não as podeis compreender agora. Quando vier o Espírito da
verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo,
mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que está para vir. Ele Me
glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai
tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vo-lo
anunciará».”
Neste momento
Senhor entrego-te todos aqueles que te desconhecem assim, Amor infinito, por
cada ser criado, mas que te procuram de coração sincero, para que Te encontrem,
a Ti, se abram e descansem as suas cabeças no teu peito, no teu coração. Nestes
tempos de hoje, que são os nossos, as dificuldades são tantas que, sem
Ti, a vida parece um beco sem saída. Mas, é também nestes dias, que é bom
escutarmos-Te e deixarmo-nos repassar, na totalidade do nosso ser, até ao mais
recôndito de nós mesmos, por Ti, Amor Uno e Trino. Quando os nossos corações se
abrirem, na totalidade, a este Amor assim, então seremos nestes dias, em que
vivemos, verdadeiras testemunhas do Amor, porque é Ele que se dá e comunica
através de todo aquele que n'Ele acredita realmente.
Estimados irmãos e irmãs, bom
dia e bom domingo!
Hoje é a solenidade da
Santíssima Trindade, e no Evangelho da celebração Jesus apresenta-nos as outras
duas Pessoas divinas, o Pai e o Espírito Santo. Do Espírito diz: «não falará
por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á». E depois, a propósito do
Pai, diz: «Tudo o que o Pai possui é meu» (Jo 16, 14-15). Notamos
que o Espírito Santo fala, mas não de si mesmo: anuncia Jesus e revela
o Pai. E notamos também que o Pai, que possui tudo, porque é a origem de
todas as coisas, dá ao Filho tudo o que possui: não reserva nada para si, doa-se
inteiramente ao Filho. Ou seja, o Espírito Santo não fala de si mesmo, fala
de Jesus, fala de outros. E o Pai, ele não se doa a si mesmo, doa o Filho. É a
generosidade aberta, um aberto ao outro.
E agora olhemos para nós, para
aquilo de que falamos e para aquilo que possuímos.
Quando falamos, queremos sempre que se digam coisas boas sobre nós, e muitas
vezes só falamos de nós mesmos e do que fazemos. Quantas vezes! “Fiz isto,
aquilo…”, “Tinha este problema...”. Fala-se sempre assim. Quanta
diferença do Espírito Santo, que fala anunciando os outros, e o Pai anuncia o
Filho! E, sobre o que possuímos, como somos invejosos, e como é
difícil para nós partilhá-lo com outros, inclusive com aqueles que não têm o
necessário! Com palavras é fácil, mas na prática é muito difícil.
É por isso que celebrar a
Santíssima Trindade não é tanto um exercício teológico, mas uma revolução no
nosso modo de viver. Deus, no qual cada Pessoa vive para a outra em relação
contínua, não para si mesmo, provoca-nos a viver com os outros e para os outros.
Abertos. Hoje podemos perguntar-nos se a nossa vida reflete o Deus no qual
acreditamos: eu, que professo fé em Deus Pai e Filho e Espírito Santo, acredito
realmente que para viver preciso dos outros, preciso de me entregar aos outros,
preciso de servir os outros? Afirmo isto com palavras ou afirmo-o com a minha
vida?
O Deus trino e único, queridos
irmãos e irmãs, deve ser mostrado assim, com atos antes das palavras. Deus, que
é o autor da vida, é transmitido menos através dos livros e mais através do
testemunho da vida. Aquele que, como escreve o evangelista João, «é amor» (1
Jo 4, 16), revela-se através do amor. Pensemos nas pessoas boas,
generosas e mansas que conhecemos: recordando a sua maneira de pensar e de
agir, podemos ter um pequeno reflexo de Deus-Amor. E o que significa amar? Não
só querer o bem e fazer o bem, mas antes de mais, pela raiz, acolher, estar
aberto aos outros, dar espaço aos outros. Isto significa amar, pela raiz.
Para melhor o compreender,
pensemos nos nomes das Pessoas divinas, que pronunciamos cada vez que fazemos o
sinal da cruz: em cada nome há a presença do outro. O Pai, por exemplo, não o
seria sem o Filho; do mesmo modo o Filho não pode ser pensado sozinho, mas
sempre como Filho do Pai. E o Espírito Santo, por sua vez, é o Espírito do Pai
e do Filho. Em suma, a Trindade ensina-nos que um nunca pode ficar sem o outro.
Não somos ilhas, estamos no mundo para viver à imagem de Deus: abertos,
necessitados de outros e necessitados de ajudar os outros. Então, coloquemo-nos
esta última pergunta: na vida quotidiana, também eu sou um reflexo da Trindade?
O sinal da cruz que faço todos os dias – Pai, Filho e Espírito Santo – aquele
sinal da cruz que fazemos todos os dias, permanece simplesmente um gesto, ou
inspira a minha maneira de falar, de encontrar, de responder, de julgar, de
perdoar?
Que Nossa Senhora, filha do
Pai, mãe do Filho e esposa do Espírito, nos ajude a acolher e testemunhar na
vida o mistério de Deus-Amor.
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