sábado, 27 de janeiro de 2024

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM

As leituras deste domingo falam-nos do ser “PROFETA”, daqueles que, sendo homens escutam Deus, O anunciam e d’Ele vivem, no meio do povo. Levam-nos também a escutar Aquele que é o verdadeiro Profeta, o Único, o Filho de Deus, Jesus Cristo. 

Na 1ª leitura (Dt 18, 15-20) fixamo-nos em Moisés. Procuramos escutá-lo e percebemos que o Senhor colocou as Suas palavras na boca do profeta, que foi fiel ao transmiti-las ao povo. Escutemos também nós, hoje em dia, aqueles que verdadeiramente vivem de Deus e nos transmitem a Sua Palavra, os que pelos seus gestos e atitudes testemunham Jesus, vivo e ressuscitado no meio de nós.

«O Senhor disse-me: ‘Eles têm razão; farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas. Mas se um profeta tiver a ousadia de dizer em meu nome o que não lhe mandei, ou de falar em nome de outros deuses, tal profeta morrerá’»

Na 2ª leitura (1 Cor 7, 32-35) somos alertados para a necessidade de vivermos de Deus, independentemente do estado civil de cada um, solteiros, viúvos, ou casados, todos somos chamados a viver de Deus e a dar testemunho do Seu Amor, cada um ao seu jeito.

Irmãos: Não queria que andásseis preocupados. Quem não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, com o modo de agradar ao Senhor. Mas aquele que se casou preocupa-se com as coisas do mundo, com a maneira de agradar à esposa, e encontra-se dividido. Da mesma forma, a mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada preocupa-se com as coisas do mundo, com a forma de agradar ao marido. Digo isto no vosso próprio interesse e não para vos armar uma cilada. Tenho em vista o que mais convém e vos pode unir ao Senhor sem desvios.”

No Evangelho (Mc 1, 21-28) vemos Jesus, o Profeta por excelência, em ação, as Suas palavras e obras revelam-nos o Amor de Deus por cada ser, por cada um de nós. Jesus, que está sempre connosco, fala com autoridade, liberta, transforma e dá vida, escuta os nossos pedidos, dores e sofrimentos, ama infinitamente, dá-Se continuamente. Escutemo-l'O de coração sincero e deixemos que nos habite na totalidade do nosso ser.

«Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!». E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.»

Vem Senhor Jesus, habita-me e faz de mim uma contigo.

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo (cf. Mc 1, 21-28) faz parte da narração mais ampla indicada como o “dia de Cafarnaum”. No centro da narração de hoje encontra-se o evento do exorcismo, através do qual Jesus é apresentado como profeta poderoso em palavras e ações.

Ele entra na sinagoga de Cafarnaum no dia de sábado e começa a ensinar; as pessoas ficam admiradas com as suas palavras, porque não eram palavras comuns, não se assemelhavam com o que eles normalmente ouviam. Com efeito, os escribas ensinavam mas sem ter autoridade própria. E Jesus ensina com autoridade. Ao contrário, Jesus ensina como alguém que tem autoridade, revelando-se assim como o Enviado de Deus, e não como um simples homem que tem que fundar o seu ensinamento unicamente nas tradições precedentes. Jesus tem plena autoridade. A sua doutrina é nova e o Evangelho diz que as pessoas comentavam: «Um ensinamento novo, dado com autoridade» (v. 27).

Ao mesmo tempo, Jesus revela-se poderoso também nas obras. Na sinagoga de Cafarnaum há um homem possuído por um espírito imundo, que se manifesta gritando estas palavras: «Que tens que ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Sei quem és: o santo de Deus» (v. 24). O diabo diz a verdade: Jesus veio para destruir o diabo, para destruir o demónio, para o vencer. Este espírito imundo conhece o poder de Jesus e proclama também a sua santidade. Jesus repreende-o dizendo-lhe: «Cala-te, e sai dele» (v. 25). Estas poucas palavras de Jesus são suficientes para obter a vitória sobre Satanás, o qual sai daquele homem «depois de o sacudir com força e dando um grande grito», diz o Evangelho (v. 26).

Este facto impressiona muito os presentes; todos são tomados pelo medo e perguntam uns aos outros: «Que é isto? [...] até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-lhe!» (v. 27). O poder de Jesus confirma a autoridade do seu ensinamento. Ele não pronuncia apenas palavras, mas age. Assim manifesta o projeto de Deus com as palavras e com o poder das obras. Com efeito, no Evangelho vemos que Jesus, na sua missão terrena, revela o amor de Deus tanto com a pregação como com numerosos gestos de atenção e socorro aos doentes, aos necessitados, às crianças, aos pecadores.

Jesus é o nosso mestre, poderoso em palavras e obras. Jesus comunica-nos toda a luz que ilumina o caminho, por vezes escuros, da nossa existência; comunica-nos também a força necessária para superar as dificuldades, as provas, as tentações. Pensemos na grande graça que é para nós ter conhecido este Deus tão poderoso e bondoso! Um mestre e um amigo, que nos indica o caminho e cuida de nós, sobretudo quando estamos em necessidade.

A Virgem Maria, mulher da escuta, nos ajude a fazer silêncio à nossa volta e dentro de nós, para ouvir, entre os ruídos das mensagens do mundo, a palavra mais influente que existe: a do seu Filho Jesus, que anuncia o sentido da nossa existência e nos liberta de qualquer escravidão, também do Maligno.

Papa Francisco
Angelus, 28 de janeiro de 2018

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