Vaticano: Papa pede jejum dos meios digitais e valorização dos «encontros reais», na próxima Quaresma
Fev 24, 2022 - 10:30
Mensagem de Francisco
destaca necessidade de ir ao encontro dos mais desfavorecidos
Foto: Lusa/EPA |
Cidade do
Vaticano, 24 fev 2022 (Ecclesia) – O Papa apela a um jejum na utilização dos
meios digitais, durante a próxima Quaresma, para valorizar os “encontros reais”
e ir ao encontro de quem passa necessidade.
“A dependência
dos meios de comunicação digitais empobrece as relações humanas. A Quaresma é
tempo propício para contrariar estas ciladas, cultivando, pelo contrário, uma
comunicação humana mais integral, feita de encontros reais, face a face”, refere
Francisco, numa mensagem divulgada hoje pelo Vaticano.
O texto alude à
inclinação do ser humano “para o egoísmo e todo o mal”, convidando os católicos
às práticas do jejum, da partilha e oração, que tradicionalmente marcam a
preparação para a Páscoa.
“Possa o jejum
corporal, a que nos chama a Quaresma, fortalecer o nosso espírito para o
combate contra o pecado. Não nos cansemos de pedir perdão no sacramento da
Penitência e Reconciliação, sabendo que Deus nunca se cansa de perdoar”,
escreve o Papa.
A mensagem tem
como título uma exortação tirada da Carta de São Paulo aos Gálatas: ‘Não nos
cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos
esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo (kairós), pratiquemos o bem para com
todos’ (Gal 6, 9-10a).
“Se é verdade
que toda a nossa vida é tempo para semear o bem, aproveitemos de modo
particular esta Quaresma para cuidar de quem está próximo de nós, para nos
aproximarmos dos irmãos e irmãs que se encontram feridos na margem da estrada
da vida”, indica Francisco.
A Quaresma é tempo propício para procurar, não evitar, quem passa
necessidade; para chamar, não ignorar, quem deseja atenção e uma boa palavra;
para visitar, não abandonar, quem sofre a solidão”.
Francisco
sublinha a importância de “praticar o bem para com todos”, reservando tempo
para “os mais pequenos e indefesos, os abandonados e desprezados, os
discriminados e marginalizados”.
“Se a pandemia
nos fez sentir de perto a nossa fragilidade pessoal e social, permita-nos esta
Quaresma experimentar o conforto da fé em Deus, sem a qual não poderemos
subsistir”, observa.
O Papa reforça
a ideia de que “ninguém se salva sozinho”, na qual tem insistido durante a
crise provocada pela Covid-19, e acrescenta que “ninguém se salva sem Deus,
porque só o mistério pascal de Jesus Cristo dá a vitória sobre as vagas
tenebrosas da morte”.
A mensagem
apresenta a Quaresma como um tempo de renovação pessoal e comunitária, para
superar “a ganância e a soberba, o anseio de possuir, acumular e consumir”.
“Semear o bem para
os outros liberta-nos das lógicas mesquinhas do lucro pessoal e confere à nossa
atividade a respiração ampla da gratuidade, inserindo-nos no horizonte
maravilhoso dos desígnios benfazejos de Deus”, prossegue.
Francisco
destaca a necessidade da esperança, a partir da ressurreição de Jesus, para
evitar o egoísmo.
“Perante a
amarga desilusão por tantos sonhos desfeitos, a inquietação com os desafios a
enfrentar, o desconsolo pela pobreza de meios à disposição, a tentação é
fechar-se num egoísmo individualista e, à vista dos sofrimentos alheios,
refugiar-se na indiferença”, adverte.
O texto convida
ainda à oração, reconhecendo a necessidade de Deus.
“A ilusão de
nos bastar a nós mesmos é perigosa”, sublinha o Papa.
A Quaresma é um
tempo de 40 dias que tem início com a celebração de Cinzas (2 de março, em
2022), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de
preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.
OC
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