sábado, 9 de novembro de 2019

DOMINGO XXXII DO TEMPO COMUM


Hoje, as leituras projetam-nos para o aprofundamento da nossa fé na Ressurreição. Desde sempre o Homem se interrogou sobre a vida para além da morte. Se, para uns, não oferece qualquer dúvida a possibilidade de, um dia, nos encontramos todos, em Deus, para além do nosso tempo e do espaço que agora conhecemos, para outros, que afirmam que Deus não existe,  parece que tudo acaba aqui, mas, acredito, que mesmo, para estes últimos, existirão momentos de interrogação e de procura de um sentido “maior” para a existência humana. Para nós, cristãos, não há dúvida de que Jesus ressuscitou, vive junto do Pai, é Deus na Trindade e, um dia, quando chegar a nossa vez, n’Ele, também cada um de nós há de ressuscitar. Recebei-nos Senhor no Vosso Reino.


Na 1ªleitura (2 Mac 7, 1-2.9-14) o autor sagrado coloca-nos como espetadores de um acontecimento dramático e terrível, para qualquer ser humano, quanto mais para aquela mãe. Deus do Céu! E, é aqui, nestas alturas tão violentas e brutais que somos questionados verdadeiramente sobre os fundamentos da nossa fé. Sem deixar de lutar pela vida, pela nossa dignidade enquanto seres humanos, pela possibilidade de vivermos e testemunharmos a fé no nosso Deus, quando a tragédia acontece, só há uma resposta possível, a que foi dada pelos filhos da viúva da leitura: “Vale a pena morrermos às mãos dos homens, quando temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará”. “Naqueles dias, foram presos sete irmãos, juntamente com a mãe, e o rei da Síria quis obrigá-los, à força de golpes de azorrague e de nervos de boi, a comer carne de porco proibida pela Lei judaica. Um deles tomou a palavra em nome de todos e falou assim ao rei: «Que pretendes perguntar e saber de nós? Estamos prontos para morrer, antes que violar a lei de nossos pais». Prestes a soltar o último suspiro, o segundo irmão disse: «Tu, malvado, pretendes arrancar-nos a vida presente, mas o Rei do universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna, se morrermos fiéis às suas leis». Depois deste começaram a torturar o terceiro. Intimado a pôr fora a língua, apresentou-a sem demora e estendeu as mãos resolutamente, dizendo com nobre coragem: «Do Céu recebi estes membros e é por causa das suas leis que os desprezo, pois do Céu espero recebê-los de novo». O próprio rei e quantos o acompanhavam estavam admirados com a força de ânimo do jovem, que não fazia nenhum caso das torturas. Depois de executado este último, sujeitaram o quarto ao mesmo suplício. Quando estava para morrer, falou assim: «Vale a pena morrermos às mãos dos homens, quando temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará; mas tu, ó rei, não ressuscitarás para a vida».”


Na 2ª leitura (2 Tes 2, 16 – 3, 5) S. Paulo exorta-nos a confiarmos sempre em Jesus e a orarmos, com perseverança, “para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e seja glorificada”. Só em Jesus seremos capazes de fazer o que Deus espera de nós, ou seja, testemunhar, no dia a dia da vida, o quanto Deus ama, infinitamente, cada ser vivente. “Irmãos: Jesus Cristo, nosso Senhor, e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, eterna consolação e feliz esperança, confortem os vossos corações e os tornem firmes em toda a espécie de boas obras e palavras. Entretanto, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e seja glorificada, como acontece no meio de vós. Orai também, para que sejamos livres dos homens perversos e maus, pois nem todos têm fé. Mas o Senhor é fiel: Ele vos dará firmeza e vos guardará do Maligno. Quanto a vós, confiamos inteiramente no Senhor que cumpris e cumprireis o que vos mandamos. O Senhor dirija os vossos corações, para que amem a Deus e aguardem a Cristo com perseverança.”

Adaptado de Dibujos de Fano
No evangelho (Lc 20, 27-38) Jesus, confundindo quem o quer apanhar em falso, aproveita a ocasião para nos ensinar que os que “forem dignos de tomar parte na ressurreição dos mortos já não podem morrer(…), pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus”. Quando se acredita na ressurreição, podemos fazer nossas as palavras com que Jesus termina o evangelho, pois verdadeiramente o nosso Senhor “Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos”. “Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição – e fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer a alguém um irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve casar com a viúva, para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos. O segundo e depois o terceiro desposaram a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não deixaram filhos. Por fim, morreu também a mulher. De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher?». Disse-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos».”


Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Ámen.

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