sábado, 24 de junho de 2023

  Tempo Comum - 2023

As leituras de hoje levam-nos a abrir caminhos de reflexão e aprofundamento das razões da nossa fé, no viver de cada dia. Somos interpelados, no mais fundo do nosso ser cristão, sobre o que nos leva a optar por um, ou por outro modo de atuar na relação com os que connosco vivem, convivem ou, simplesmente, se cruzam nos caminhos da vida. E quando surgem obstáculos, dificuldades, zombarias, ou perseguições, face à coerência de testemunho de vida, com o essencial da nossa fé, como fazemos, em quem nos apoiamos, a quem nos agarramos? Senhor, que nesses momentos nunca duvidemos do Teu Amor e nos deixemos habitar totalmente por Ti. Que sejas Tu, e só Tu, a força em quem sempre nos apoiemos, a razão de ser da nossa vida.

Na 1ªleitura (Jer 20, 10-13) o profeta Jeremias abre a sua alma e ajuda-nos a olhar, de frente e com toda a verdade, para aqueles momentos da nossa vida em que sentimos dificuldade em dar testemunho do Amor, na relação com os que nos rodeiam. Mas também nos auxilia no encontro com o Único em quem podemos confiar, em todos os momentos da nossa vida, sejam eles quais forem: Deus Uno e Trino, O Amor sem fim por todos e por cada um de nós.

“Disse Jeremias: «Eu ouvia as invetivas da multidão: ‘Terror por toda a parte! Denunciai-o, vamos denunciá-lo!’. Todos os meus amigos esperavam que eu desse um passo em falso: ‘Talvez ele se deixe enganar e assim o poderemos dominar e nos vingaremos dele’. Mas o Senhor está comigo como herói poderoso e os meus perseguidores cairão vencidos. Ficarão cheios de vergonha pelo seu fracasso, ignomínia eterna que não será esquecida. Senhor do Universo, que sondais o justo e perscrutais os rins e o coração, possa eu ver o castigo que dareis a essa gente, pois a Vós confiei a minha causa. Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, que salvou a vida do pobre das mãos dos perversos».

Na 2ªleitura (Rom 5, 12-15) S.Paulo ao alertar-nos para a nossa condição de pecadores, fá-lo desafiando-nos a contemplar quem é maior do que o pecado, Aquele que venceu a morte e em quem podemos entregarmo-nos completamente, porque Ele nos ganhou para Deus, no Amor. Ele é o Amor gratuito por todos e cada um, deu a Sua vida por cada um de nós, quando ainda éramos pecadores. Então, porque será que ainda temos medo? O que continua a impedir-nos de n’Ele confiarmos totalmente? De a Ele nos entregarmos com tudo o que somos e temos? Ajuda-nos Senhor, a aprender a viver de Ti, no concreto da vida! Sto.António (13-06), S.João Batista (24-06), S.Pedro e S.Paulo (29-06) intercedei por nós.

“Irmãos: Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram. De facto, até à Lei, existia o pecado no mundo. Mas o pecado não é levado em conta, se não houver lei. Entretanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo para aqueles que não tinham pecado por uma transgressão à semelhança de Adão, que é figura d’Aquele que havia de vir. Mas o dom gratuito não é como a falta. Se pelo pecado de um só todos pereceram, com muito mais razão a graça de Deus, dom contido na graça de um só homem, Jesus Cristo, se concedeu com abundância a todos os homens. 

No evangelho (Mt 10, 26-33) é Jesus quem nos diz diretamente “Não temais”. Depois, explica-nos que somos demasiado preciosos para Deus, que Ele nos ama infinitamente, muito mais do que às aves do céu, para quem  providencia o alimento. Efetivamente, em Jesus, também cada um de nós é filho querido do Pai. Não deu Jesus a Sua vida para que encontrássemos o Amor, que é Deus? Arrisquemos, entreguemo-nos de coração. Jesus, e só Ele, será sempre a nossa força!

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: «Não tenhais medo dos homens, pois nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nada há oculto que não venha a conhecer-se. O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia; e o que escutais ao ouvido proclamai-o sobre os telhados. Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Temei antes Aquele que pode lançar na geena a alma e o corpo. Não se vendem dois passarinhos por uma moeda? E nem um deles cairá por terra sem consentimento do vosso Pai. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Portanto, não temais: valeis muito mais do que todos os passarinhos. A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos homens, também Eu Me declararei por ele diante do meu Pai que está nos Céus. Mas àquele que Me negar diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos Céus».

Sagrado Coração de Jesus, tende misericórdia de nós. Que sejas Senhor o único amor da minha vida.

Que eu nunca, mas nunca mesmo, duvide do Teu Amor.

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo (cf. Mt 10, 26-33) faz eco ao convite que Jesus dirige aos seus discípulos para que não tenham medo, sejam fortes e confiantes diante dos desafios da vida, alertando-os para as adversidades que os esperam. O trecho de hoje faz parte do discurso missionário com o qual o Mestre prepara os Apóstolos para a primeira experiência de proclamação do Reino de Deus. Jesus exorta-os insistentemente a “não terem medo”. O medo é um dos piores inimigos da nossa vida cristã. Jesus exorta: “não receeis”, “não tenhais medo”. E Jesus descreve três situações concretas que eles enfrentarão.

Antes de tudo, a primeira, a hostilidade daqueles que gostariam de silenciar a Palavra de Deus, edulcorando-a, diluindo-a ou reprimindo quantos  a anunciam. Neste caso, Jesus encoraja os Apóstolos a difundir a mensagem de salvação que Ele lhes confiou. Até àquele momento, Ele transmitiu-a com prudência, quase em segredo, no pequeno grupo dos discípulos. Mas eles deverão proclamar o seu Evangelho “à luz do dia”, ou seja, abertamente, e anunciá-lo “sobre os telhados” - assim diz Jesus - isto é, publicamente.

A segunda dificuldade que os missionários de Cristo irão encontrar é a ameaça física contra eles, isto é, a perseguição direta do seu povo, inclusive a morte. Esta profecia de Jesus verificou-se em todos os tempos: trata-se de uma realidade dolorosa, mas atesta a fidelidade das testemunhas. Quantos cristãos ainda hoje são perseguidos em todo o mundo! Sofrem pelo Evangelho com amor, são os mártires dos nossos dias. E podemos dizer com certeza que são mais do que os mártires dos primeiros tempos: muitos mártires unicamente pelo facto de serem cristãos. A estes discípulos de ontem e de hoje que sofrem a perseguição, Jesus recomenda: «Não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma» (v. 28). Não nos devemos deixar assustar por aqueles que procuram extinguir a força da evangelização através da arrogância e da violência. Na verdade, nada podem fazer contra a alma, ou seja, contra a comunhão com Deus: ninguém a pode tirar aos discípulos, pois é um dom de Deus. O único medo que o discípulo deve ter é o de perder esse dom divino, a proximidade, a amizade com Deus, renunciando a viver segundo o Evangelho e causando deste modo a sua morte moral, que é a consequência do pecado.    

O terceiro tipo de prova que os Apóstolos terão de enfrentar, é indicada por Jesus no sentimento que alguns terão de que o próprio Deus os abandonou, permanecendo distante e silencioso. Também aqui nos exorta a não ter medo, porque, apesar de passarmos por estas e outras ciladas, a vida dos discípulos está firmemente nas mãos de Deus, que nos ama e nos guarda. São como as três tentações: edulcorar o Evangelho, diluí-lo; segunda, a perseguição; e terceira, o sentimento de que Deus nos deixou sozinhos. Jesus também sofreu esta provação no Jardim das Oliveiras e na Cruz: “Pai, por que me abandonaste”, diz Jesus. Por vezes sentimos esta aridez espiritual; não devemos ter medo dela. O Pai cuida de nós porque o nosso valor é grande aos Seus olhos. O importante é a franqueza, a coragem do testemunho, do testemunho de fé: “reconhecer Jesus diante dos homens” e ir em frente praticando o bem.

Maria Santíssima, modelo de confiança e abandono em Deus na hora da adversidade e do perigo, ajuda-nos a nunca ceder ao desânimo, e a confiar sempre n'Ele e na Sua graça, porque a graça de Deus é sempre mais poderosa do que o mal.

Papa Francisco

(Angelus, 21 de junho de 2020)

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